D. Armando Esteves Domingues afirma que os vencedores da História serão sempre os humildes porque o poder do amor é mais forte
O bispo de Angra presidiu esta manhã à solenidade de Cristo-Rei no santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, e rezou com “todos aqueles” que procuram “construir o reino de Deus diante da degradação moral e da corrupção” para que este reino se concretize juntos dos “pobres”, dos “carentes de afeto” e dos “doentes”.
Partindo do diálogo entre Jesus e Pôncio Pilatos, procurador do Império Romano, relatado pelo Evangelho proclamado este domingo, que encerra o calendário litúrgico na Igreja Católica (o próximo domingo será o primeiro do Advento), D. Armando Esteves Domingues afirmou que o único poder que triunfa sempre é o do amor.
“O amor vence sempre e a esperança sabe que pode triunfar. O amor não esmaga, mas liberta e não tira a vida ao outro mas antes oferece a vida pelo outro”, disse o prelado sublinhando que são as obras de amor aquelas que permanecem.
“Somos batizados; a verdadeira história dos homens não é feita pelos violentos, prepotentes ou orgulhosos mas pelos que fazem do Evangelho o seu hino e os humildes que carregam a cruz” disse ainda o bispo diocesano deixando a interpelação a todos os fiéis: “queremos ser aclamados ou andamos para aclamar Jesus; andamos em busca de aplausos ou para servir?”.
O prelado, que deixou um sublinhado muito especial aos jovens, pelo facto de hoje se realizar a Jornada Mundial da Juventude em cada Igreja particular e, em Roma, uma delegação portuguesa, onde também estão açorianos, estar a passar os dois símbolos da Jornada- a Cruz e o ícone de Nossa Senhora- aos jovens sul coreanos, que receberão o encontro mundial da juventude em 2027, salientou que “quem se alimenta de Cristo nunca se cansa”.
Um dia depois de ter presidido à ordenação de três novos sacerdotes, D. Armando Esteves Domingues recordou que o mundanismo e a sua realeza triunfalista, do poder das armas e quantas vezes da palavra que fere, não fazem parte do projecto de Deus.
“A realeza de Deus é diferente da realeza mundana. Antes e hoje, embora ainda persistam alguns desejos triunfalistas de muitos que talvez quisessem outro Deus. Mas, o poder deste Rei é o amor e os seus exércitos são pessoas de paz, que lutam juntas pelo triunfo do bem e sabem caminhar em conjunto”.
“Mergulhemos no batismo para nascermos como homens novos” exortou o prelado.
A solenidade do Cristo-Rei é sempre um momento alto nas celebrações do Santuário com a presença de inúmeros fieis. A celebração terminou com a insenção da cruz, sinal de vitória do amor, feita junto à grade onde diariamente dezenas de pessoas rezam diante da Imagem do Senhor Santo Cristo que evoca justamente o Ecce homo no pretório diante de Pilatos, quando é apupado.
O início deste culto em São Miguel deve-se aos incansáveis esforços de Madre Teresa da Anunciada, religiosa da Ordem de Santa Clara, cujo nascimento se celebra amanhã. Teresa, nascida na Ribeira Grande há 466 anos, dedicou toda a sua vida a Cristo.
“É tempo de darmos graças a madre Teresa e que ela nos estimule também a nós a viver esta paixão e a sermos construtores do seu reino de amor”, disse no final da celebração D. Armando Esteves Domingues.