“O que se está a pedir à igreja hoje é ação”- Juan Ambrósio

Teólogo apresentou o “tripé” do pontificado de Francisco assente numa categoria  transversal do “cuidado”

O Jubileu da Esperança, que se inicia em 2025, é um “ponto de partida” para a Igreja começar a agir a partir da reflexão que nos últimos anos tem sido feita através da escuta e do discernimento, afirmou Juan Ambrósio esta noite nos VI Encontros de Reflexão organizados pela ouvidoria da Praia, na ilha Terceira, com o tema “Feliz daquele que cuida do pobre”.

“O que se está a pedir à Igreja é acção. O jubileu é um ponto de partida e é uma ousadia que nos convida a colocar no terreno tudo aquilo que discernimos. Esperançar não é mais do que agir com esperança, fazer com que o que desejamos aconteça”,  o  que exigirá de todos “uma vontade de agir”, “disponibilidade para agir”, indo “ao encontro dos que necessitam” e de forma “atenta”, afirmou .

A reflexão, feita a partir da Encíclica Fratelli Tutti, publicada por Francisco em 2020, sublinhou a categoria do cuidado como sendo o grande desafio colocado pelo Santo Padre a toda a Igreja.

“Somos convidados a agir cuidando uns dos outros e cuidando da casa comum”, salientou o Teólogo, que leciona na Faculdade de Teologia da Universidade católica Portuguesa.

“Ou construímos o futuro em comum ou não temos futuro; há problemas hoje que se não nos mobilizarem para uma ação conjunta não conseguiremos ultrapassá-los”, disse. E, neste cuidado comum é preciso colocar “o sabor do evangelho” referiu ainda.

“A maneira como as nossas comunidades vivem tem de ser relevante para que a Igreja seja importante ou considerada; há outras propostas que são oferecidas à humanidade e, por isso, temos de viver de forma a que a nossa vida seja sinómino da relevância das propostas cristãs”.

“Vivemos um momento absolutamente decisivo e a única saída é sermos como o bom samaritano, não há outra atitude do cristão” afirmou em jeito de conclusão.

“A presença de cristãos numa comunidade tem de fazer a diferença, de outro modos seremos irrelevantes”.

Durante o primeiro dia destes Encontros de reflexão, animado pelo grupo de jovens das Lajes, que foram pontuando a sessão com orações e alguns cânticos, o ouvidor da Praia, padre Moisés Rocha lembrou que o tema do cuidado é fundamental e deve motivar a reflexão das comunidades da ouvidoria desde logo no que respeita à dinâmica da própria vivência em Igreja.

“Hoje há desafios novos que se colocam às nossas comunidades e nós temos de refletir sobre eles, sobre a forma como nos organizamos e sobre a forma como estamos noi mundo”, referiu.

Segundo o programa, no segundo dia, é apresentada a ‘estratégia local de combate à pobreza e exclusão social’, por António Barbosa, e a reflexão ‘Sinais de Esperança’, por Carmo Rodeia, diretora do Serviço Diocesano para as Comunicações Sociais da Diocese de Angra.

O VI Encontro de Reflexão da Ouvidoria da Praia termina com a participação de três representantes de movimentos da Pastoral Social da Igreja Católica: Cáritas, Rosa Pires; Vicentinos, Alice Matos, e pela Santa Casa da Misericórdia da Praia, Rogério Gaspar.

Neste último dia, o bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, vai apresentar uma reflexão sobre a ‘Caridade Cristã´.

As conferências, entre 13 e 15 de novembro realizam-se no Centro Social e Paroquial das Fontinhas, às 20h00 locais (menos uma hora em Portugal continental), e têm entrada livre.

No dia 17 de novembro, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial do Pobres 2024, a Ouvidoria da Praia assinala esta jornada, às 12h00, na igreja de Santa Cruz, na Praia da Vitória.

O Dia Mundial dos Pobres foi instituído na Igreja Católica pelo Papa Francisco, em 2017, com a carta apostólica ‘Misericórdia e mísera’, que foi publicada no encerramento do Jubileu da Misericórdia; esta data assinala-se anualmente no XXXIII Domingo do Tempo Comum, este ano no dia 17 de novembro.

O Papa Francisco, na mensagem para o VIII Dia Mundial do Pobres, denunciou as consequências de uma “política das armas”, que alimenta as guerras e provoca novos pobres, em todo o mundo, na mensagem para o VII Dia Mundial dos Pobres.

“A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes!”, alertou Francisco, no documento publicado no simbolicamente, no dia 13 de junho, festa litúrgica de Santo António, “patrono dos pobres”.

O Papa Francisco vai presidir à celebração eucarística do Dia Mundial dos Pobres 2024, a 17 de novembro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, seguindo-se um almoço com algumas pessoas pobres no Auditório Paulo VI, organizado pelo Dicastério para a Caridade, o Dicastério para a Evangelização vai “atender às necessidades dos mais necessitados, com várias iniciativas de caridade”.

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