Jovens católicos açorianos querem participar no processo de decisão da Igreja e estão disponíveis para assumir o compromisso. Pedem mais encontros formativos de espiritualidade
Os três dias do Encontro Diocesano de Juventude, a primeira grande reunião depois da realização da Jornada Mundial da juventude que mobilizou cerca de 900 jovens dos Açores em Lisboa, foram “um momento extraordinário de escuta e de partilha” afirmou ao Sítio Igreja Açores o assistente diocesano do Serviço à Juventude, padre João da Ponte.
“O encontro por si próprio já foi uma linha orientadora daquilo que possamos vir a fazer, inspirados pelo Espírito Santo, porque os jovens lembraram-nos que este tipo de iniciativas é fundamental. A última grande reunião diocesana da juventude (de forma presencial) tinha sido em 2017. Precisamos de estar juntos e de nos escutarmos mais vezes e com maior regularidade. Só assim podemos caminhar todos juntos” refere o sacerdote que retira desta ideia a principal conclusão do Encontro Diocesano de Jovens que decorreu de 1 a 3 de novembro em Angra, no Seminário, juntando jovens de várias ouvidorias e de seis das nove ilhas dos Açores.
“Estes encontros não é só para o convívio, que também é importante, mas para nos conhecermos melhor, sabermos o que os outros pensam, partilhar conhecimento e experiências” explicou o sacerdote que juntamente com mais três assistentes (ligados à espiritualidade, vocações e universidade) apoiam o Serviço Diocesano à Juventude, agora com uma nova estrutura.
“Escutar, partilhar e conhecer o outro que faz parte de outra realidade, por vezes uma realidade muito especifica, ajuda-nos a crescer e aquilo que vimos em Angra foram jovens de diferentes idades e realidades, que não se conheciam de parte nenhuma e que estiveram ali sem qualquer medo, partilharam e deram ideias, refletindo sobre o modo como viviam a sua experiência de Igreja”, acrescentou ainda o padre João da Ponte.
“Começámos da forma correta, ouvindo os jovens e a partir desta escuta agora podemos trilhar caminho” afirma Gisela Baptista a responsável da nova equipa da pastoral juvenil.
“Retiramos várias conclusões sobre as necessidades apontadas pelos jovens e uma delas é a da comunicação. É precisa uma nova forma de comunicar com os jovens de forma a que eles possam conhecer o que cada grupo, cada movimento e cada ouvidoria está a fazer”, refere a responsável, alicerçando-se na ideia de que a comunicação deve sempre gerar comunhão.
Outro dos aspetos debatidos foi o da liturgia. Os jovens querem animá-la mas precisam de a compreender e por isso pedem mais explicações à Igreja.
“Eles reconhecem a importância da Palavra de Deus, mas desejam que ela seja atualizada para os dias de hoje, através de exemplos concretos. Querem também que as celebrações sejam mais explicadas para que as possam compreender e nelas participar” acrescentam os dois responsáveis, ao salientar que os jovens querem muito “participar na missão e assumir o compromisso” mas precisam também “que as comunidades lhe dêem espaço”.
Outro dos aspetos referidos, que “também é uma conclusão” é a vontade de participar em retiros. Por isso, a equipa pondera a realização de um Retiro Shalom diocesano onde seguindo a dinâmica do Movimento Encontros Shalom se possa crescer na fé. Além disso, foi igualmente pedida a realização de férias missionárias e campos de férias onde se promova a espiritualidade. Talvez por isso a iniciativa prevista nas atividades do Jubileu de 2025, a Aldeia da esperança, seja hoje uma das iniciativas dirigidas aos jovens que mais parece cativar.
A equipa vai manter a iniciativa “As sextas no Convento”, que se realiza semanalmente à sexta-feira na Igreja de Nossa Senhora da Esperança, Convento do Senhor Santo Cristo dos Milagres, com uma hora de escuta e direção espiritual dos jovens, a celebração da Eucaristia e convívio.
“Os convívios são, de facto, um dos pedidos dos jovens. É a volta da mesa que nos conhecemos melhor” recordou o padre João da Ponte.
A equipa da Juventude está completa mas ainda estão em formação as equipas da pastoral vocacional e universitária que, juntamente com uma equipa da área da espiritualidade, trabalharão em conjunto.