Jovens de 13 das 17 ouvidorias da diocese estão reunidos até domingo em Angra, no Seminário
Ouvir os jovens e com eles perceber que caminho querem fazer em Igreja é o grande desafio da pastoral juvenil dos Açores que este fim de semana reúne jovens de várias ouvidorias da diocese em Angra, no Seminário Episcopal.
“Temos vários trabalhos de reflexão sobre as questões que foram colocadas aos jovens e às ouvidorias em geral, para vermos as necessidades, o que eles precisam , mas também ouvir a opinião deles sobre as razões que levam outros jovens a afastarem-se da Igreja” afirmou ao Sítio Igreja Açores o padre João da Ponte, assistente do Serviço Diocesano à Juventude.
“Nós não queremos impor nada” refere o sacerdote muito consciente de que hoje os jovens participam menos e a pastoral juvenil já não passa por grandes assembleias de jovens.
“Os que participam fazem-no porventura de uma forma mais consistente e consciente e o que queremos é que este fermento levede e faça crescer o resto”, sublinha o sacerdote.
“Enquanto equipa diocesana não queremos impor nada; queremos que seja um caminho definido em conjunto, segundo aquilo que Deus nos propõe, com uma grande abertura ao espírito” refere alertando para o facto da geografia nem sempre ajudar a promover esta coesão de forma imediata.
“Vivemos em ilhas e isso, por vezes, torna-se mais difícil mas o caminho não é para se esgotar agora. Até porque estamos conscientes de que o que é resposta hoje pode não ser resposta daqui a uns tempos e o que queremos deixar claro é esta disponibilidade para reavaliar sempre” refere. “Estamos a crescer, a abrir o nosso coração ao novo e para que o novo surja muitas vezes o velho tem de ficar para trás” adianta.
Neste encontro para além das partilhas há também uma reflexão sobre as respostas dadas ao inquérito que o Serviço fez online durante o último mês. Nas mais de três centenas de respostas lançadas a jovens dos 15 aos 30 anos, percebe-se que o grupo mais participativo na v ida da Igreja é entre os 15 e os 18 anos, que responderam a mais de 47% das perguntas do inquérito.
“Na verdade, é muito engraçado porque as questões que os jovens colocam hoje vão no mesmo sentido das que colocavam em 2017” quando foi feito um inquérito preparatório do I Congresso Diocesano da Juventude, que decorreu em Ponta Delgada.
“O que eles pediam em 2017 é o mesmo que continuam a pedir hoje. O que é que mudou? O contexto… Certamente procuram as mesmas coisas mas procuram-nas de forma diferente e isto não nos deve desanimar mas desafiar a sermos mais criativos e mais exigentes no tipo de estratégias que desenvolvemos para que os jovens sintam a companhia da Igreja”, refere Gisela Baptista a responsável pela equipa diocesana.
Neste encontro que está a decorrer no Seminário de Angra até domingo participam jovens de 13 das 17 ouvidorias da diocese.
“A ideia é construirmos o nosso plano de ação, pegar no que identificam como problemas e delinear estratégias deste Serviço à juventude para que os jovens sintam que não estão sozinhos” frisa ainda a nova responsável.
O padre João da Ponte, que coordena a equipa sacerdotal que está ligada ao Serviço à Juventude e que integra também a Pastoral vocacional e a pastoral Universitária, procurando aprofundar a espiritualidade dos jovens, destaca, ainda, a necessidade de haver estratégias que envolvam a família para cativar mais os jovens.
“Desenvolvemos um projeto assente na catequese das famílias na Lagoa e na Povoação e sentimos os resultados. Quando os pais estão envolvidos torna-se tudo mais fácil e os problemas têm soluções mais adequadas” refere ainda o sacerdote.
No final dos trabalhos serão anunciadas algumas conclusões que depois irão ser trabalhadas pela equipa.
Recorde-se que a nomeação desta nova equipa da juventude aponta para uma interligação entre a pastoral vocacional e universitária de forma a haver uma maior interligação que garanta a continuidade do envolvimento dos jovens na Igreja nas diferentes etapas da sua vida.
Ontem o bispo de Angra na missa de abertura do Encontro desafiou os jovens a serem “santos de ao pé da porta” abrindo caminho para que “nenhuma porta se feche” e “todos possam participar”.
“Façam espaço para todos” desafiou D. Armando Esteves Domingues, que pediu aos jovens capacidade de risco para criar uma “onde de juventude” na diocese.