“A dada altura percebi que o trabalho que estava a fazer era muito mais do que um produto para preencher uma grelha de programas”- Bruno Correia

O realizador da RTP, autor da série “Guardiões da Esperança”, sobre a festa em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, foi o convidado da 14ª Conversa na Sacristia

Foto: Igreja Açores/PSJ

O realizador da RTP Açores Bruno Correia, autor entre outros da série documental “Guardiões da Esperança”, apresentada em três episódios, que contam a história da festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, afirmou esta tarde que este documentário foi mais do que um produto televisivo que conta a fé dos açorianos na primeira pessoa dos vários protagonistas, que não o deixou indiferente.

“O homem e o técnico não agem separados. Em tudo o que faço, entrego-me: entrego a minha honestidade, a minha sinceridade e o meu respeito(…) E o que vi ali naquele trabalho foi um amigo, um amigo especial. Mas, acima de tudo vi amor, que é muito mais que uma relação” afirmou Bruno Correia na partilha desenvolvida no âmbito da 14ª Conversa na Sacristia, na Igreja de São José.

“Isto foi o que o meu coração viu”, explicou respondendo ao repto lançado pela Pastoral da Cultura de São José a partir da Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2023 sobre a escuta e o olhar do coração na produção noticiosa.  Bruno Correia recordou o processo de realização do documentário, que como sempre “foi muito sozinho”, mas com uma “grande empatia” e proximidade com as pessoas escolhidas para o trabalho.

“É obrigatório que haja empatia; se isso não acontecer não consigo fazer nada. A empatia é fundamental para garantir os momentos de verdade no documentário. E foram muitos esses momentos”, refere.

“Quando fiz o primeiro episódio, a dada altura,  tenho de filmar a zeladora, Irmã Zilda e a Ana Paula Ferreira( voluntária que zela pelo Tesouro do Senhor Santo Cristo) a limpar a zona do coro baixo e aconteceu qualquer coisa que me afetou de uma maneira estranha. A Imagem é muito poderosa, tem uma expressão muito intensa, mas não foi só isso; havia uma espécie de onda de choque à volta e eu entrei nesse espaço. Parecia uma entrada…Naquele momento percebi que tinha deixado de ser um trabalho para encher um lugar na grelha mas tinha passado a ser algo de muito importante para mim”, salientou.

Este documentário “ajudou-me a compreender melhor a fé dos açorianos”, mas foi sobretudo “um milagre de amor”.

“Sou batizado mas nunca frequentei a igreja, mas sempre senti. Desde que me lembro, que sinto que há qualquer coisa,  faço o meu juízo mas considero sempre este olhar., mas era uma coisa difusa. Isto também mudou” referiu ainda recordando a morte da mãe em 2006 e a forma como a fé dos protagonistas, a vivência do espaço e contacto com a imagem o ajudaram também nesse processo interior de integrar o luto  e a perda.

A série “Guardiões da Esperança” tem três episódios e foi rodada durante o período da pandemia.

Bruno Correia, nasceu em Lisboa, é licenciado em Publicidade, e especializado na produção de documentários, realizou mais de três dezenas de documentários, o último dos quais foi o documentário ‘Os guardiões da esperança’, sobre as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

As ‘Conversas na Sacristia’, que se realizam periodicamente na sacristia da Igreja de São José, desde março de 2023, são um projeto de evangelização e pensamento da fé através da cultura, das artes e da ciência, “de uma Igreja de portas abertas para os sentidos, para a espiritualidade contemporânea, para a partilha da palavra, das sensações e das emoções”, destaca a organização, citando o Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica ‘Evangelii gaudium’, sobre o anúncio do Evangelho.

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