O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse que a Assembleia Sinodal que se encerra hoje, no Vaticano, criou uma noção da Igreja como “convergência” de pessoas e “plataforma” de escuta, aberta ao mundo.
“A Igreja tem de ser uma convergência de pessoas, de vontades, de maneiras de fazer, mas aplicáveis em cada lugar, em cada cultura, em cada processo histórico”, referiu D. José Ornelas, em entrevista à Agência Ecclesia.
O bispo de Leiria-Fátima, um dos dois delegados da CEP na XVI Assembleia Geral do Sínodo, destaca que os trabalhos abriram a “possibilidade de relacionamento novo para todos, no respeito, mas ao mesmo tempo na convergência de um projeto comum também para a humanidade”.
O responsável sublinha a importância de promover “relações”, na Igreja, de “criar um hub, uma plataforma” que leve todos os membros das comunidades católicas a “convergir para uma unidade de Igreja e numa mensagem para a humanidade”.
A assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.
“Se a missão é procurar um mundo melhor, então temos de dialogar com as pessoas todas. E temos de não simplesmente dialogar como quem já sabe tudo, mas de quem vai à procura de respostas comuns, com todas as instituições da humanidade, para encontrarmos caminhos mais viáveis”, afirma.
Para D. José Ornelas, a ideia de “plataforma”, com várias convergências, pode ajuda a Igreja e a sociedade a “encontrar caminhos possíveis de solução dos problemas”.
“A alternativa é aquilo que vemos hoje, de violência, de guerra, de destruição, de coisas que são completamente impensáveis e que não têm futuro”, lamenta.
O presidente da CEP elogia a “experiência única” deste processo sinodal, que sublinhou a diversidade que compõe a Igreja e “ajudou a formar e a olhar para as coisas de um modo diferente”.
Para o entrevistado, a Assembleia convocada pelo Papa deixa “motivos de esperança”, com a sua “busca de caminhos comuns para a Igreja, aplicáveis à realidade de onde cada um vive”.
Para D. José Ornelas, um dos principais eixos de mudança passa por “estruturas de responsabilidade, de participação, de não concentração, como foi acontecendo ao longo dos tempos”.
O responsável português considera necessário que “cada instituição da Igreja se ponha em causa perante isto” e promova a “integração de competências necessárias” para a sua missão.
“Devia ser assim na política, isto devia ser assim na busca de soluções de educação, na busca de problemas relacionados com a pobreza, com a miséria, com os imigrantes”, acrescenta.
O presidente da CEP acredita que o Sínodo “começa agora, após o percurso de reflexão e debate dos últimos três anos.
“Isso serviu para criar formas de fazer e de tratar as coisas, e vão ver isso em todo o lado, para criar modos de nos encontrarmos e buscarmos juntos, nas nossas diferenças, caminhos convergentes para o futuro da Igreja”, conclui.
O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
(Com Ecclesia)