Diocese de Angra prossegue inventário do património religioso mas ainda faltam recursos para acelerar processo de conhecimento sobretudo do património móvel

Igreja assinala dia dos bens culturais com jornada formativa em Leiria, que conta com a participação do Serviço diocesano da Diocese de Angra

Foto: Imagem de Nossa Senhora da Conceição, da Igreja de Santa Cruz da Lagoa

O Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja já completou a inventariação do património relativo a 18 paróquias da Diocese, o que corresponde a cerca de 12 mil fichas de objectos inventariados adiantou ao Sítio Igreja Açores Rute Gregório, diretora do Serviço.

Esta sexta-feira, a Igreja celebra o Dia dos Bens Culturais, uma iniciativa que decorre deste 2011 a 18 de outubro, dia de São Lucas, padroeiro dos artistas e que pretende chamar a atenção para a necessidade de se conhecer, inventariar e resgatar o património móvel e imóvel da Igreja, intervindo sobre ele sempre que for necessário para a sua conservação e restauro. Este dia realça particularmente a importância do património religioso no contexto da pastoral, da evangelização, da história, da educação, da arte e do turismo.

As Jornadas que decorrem este ano no Museu Diocesano de Leiria  contarão com momentos de apresentação e debate, destinam-se a fomentar a partilha de ideias e experiências entre os participantes, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias eficazes de preservação e dinamização dos bens culturais da Igreja.

“Nós temos tentado ser pedagógicos a esse nível: sempre que uma paróquia entenda que precisa de fazer uma intervenção aconselhamos a que consulte técnicos acreditados e depois envie o projecto para a Cúria para conhecimento do senhor Bispo,  que por sua vez nos pedirá conselho a nós. Esta é a forma mais correta de proceder” refere Rute Gregório que lembra que o trabalho conjunto e o conhecimento de que existem pessoas que “conhecem o património e sabem como intervir nele corretamente” é a chave para a sua “preservação responsável”.

“Temos que ser verdadeiros e dizer que muitas vezes estes procedimentos não são seguidos” lamenta a investigadora que salienta, por exemplo, uma prática de introdução de vitrais “que não são autorizados no nosso património e outras intervenções” que têm sido feitas.

“Não digo isto para censurar mas para alertar que devemos trabalhar em conjunto e quando intervimos no nosso património qualquer intervenção tem de ser responsável e, por outro lado, é preciso que todos saibamos que há gente disponível para aconselhar e orientar nessa salvaguarda. Temos que ter cuidado, seguir procedimentos corretos e ouvir conselho de quem sabe e conhece como intervir” reforça ainda.

O Serviço Diocesano estará presente nesta jornada nacional e será uma “participação ativa” com a troca de informações sobre aquilo que está a ser feito na Diocese de Angra.

“Estamos, por um lado, a fazer este inventário: é um processo lento e temos poucos recursos mas desde 2019 que temos vindo a trabalhar o que faz com  em São Miguel, na Terceira e no Faial já tenhamos muitos dados incluídos  na nossa plataforma”.

A inventariação que tem estado a decorrer, sobretudo depois de 2019, tem-se socorrido especialmente de trabalhos e projectos científicos.

“Tivemos o Index Prima, com dois jovens e agora o Dio 500 , têm sido projectos que nos têm permitido trabalhar no terreno. Precisamos de recorrer a contratos de aquisição de serviços para este trabalho no terreno e temos de ter sempre financiamento” reconhece Rute Gregório lembrando que há constrangimentos que não viabilizam  um ritmo mais acelerado neste processo de inventariação.

Outro dos desafios da Diocese, sobretudo num contexto de crescimento do Turismo nos Açores é encontrar a melhor forma de colocar o património ao serviço da Evangelização.

“Já temos algumas coleções visitáveis na Sé de Angra, em São José, em Ponta delgada ou em Santa Cruz, na lagoa, mas não basta termos folhetos e informação disponível é preciso haver mediação”, refere.

“A proximidade, a criação de uma narrativa que traduza o significado do que está ao culto ou que está exposto, a descodificação da simbologia, são fundamentais para criar uma dinâmica que potencie de facto a evangelização. mas para isso são precisos recursos, sobretudo humanos”, adianta Rute Gregório.

Os principais desafios relacionados com o património cultural da Igreja vão ser aprofundados, dia 18 de outubro, no Museu de Leiria, nas primeiras jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja.

A iniciativa realiza-se no Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja e é promovida pelo Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, em colaboração com o Departamento Cultural da Diocese de Leiria-Fátima.

 

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