Serviços, Movimentos e Ouvidorias chamadas a envolverem-se na programação diocesana de “forma efetiva”
O ano pastoral que arrancará formalmente a 3 de novembro, dia em que a Igreja açoriana celebra 490 anos da fundação da Diocese, está a ser preparado com a realização de uma série de reuniões entre a coordenação pastoral e formativa com os Serviços, os Movimentos e Ouvidorias para calendarizar e desenvolver um trabalho conjunto de reflexão, que tem como pilares essenciais a celebração do Jubileu da Esperança e a realização de uma Assembleia conjunta dos Conselhos Presbiteral e Pastoral Diocesano.
“Esta coordenação está a ser feita com um trabalho de equipa e de auscultação a partir de critérios comuns” no sentido “não uma coordenação teórica mas efetiva, feita a partir do terreno, respeitando as áreas de intervenção de cada um, mas procurando enriquecer o trabalho de todos e até complementá-lo sempre que possível”, afirmou ao Sítio Igreja Açores o coordenador da Pastoral, padre Jacob Vasconcelos.
“As diretrizes têm como pano de fundo o Jubileu, continuando a aposta nos laboratórios e agora com a novidade do Jubileu, que também terá um momento alto que será a realização da Assembleia conjunta que vai ditar as bases da nossa caminhada até 2034” esclareceu o sacerdote, formado em Teologia Pastoral.
“É um caminho desafiador e belo cujos frutos não são imediatos, que terá contrariedades, mas que estamos determinados a trilhar” disse ainda.
“O salto é passar da pastoral do evento ao processo” acrescenta o sacerdote ao sublinhar que os eventos “existirão sempre”; o que pode mudar é a forma como os preparamos, os vivemos e depois os prosseguimos.
“É preciso que a sua vivência traga consequências práticas para a vida das comunidades” destaca o sacerdote lembrando, por outro lado, que esta mudança será mais visível no futuro. Sobretudo nos anos que irão levar a Diocese à comemoração do seu próprio Jubileu em 2034, ano em que celebrará meio milénio da sua fundação, pela Bula Aequum Reputamos.
“A lógica dos triénios, que estamos a trabalhar na preparação da Assembleia conjunta, pode fazer com que haja uma pastoral de processo” porque “há um fio condutor, com objetivos concretos e com clero e leigos a pensar”, refere ainda.
Acresce, refere o sacerdote, que a própria dinâmica evolutiva da situação da diocese, que ainda possui um clero novo, mas sem uma abundância de vocações sacerdotais na mira, vai obrigar a que haja uma reestruturação no terreno, como aliás já acontece ou aconteceu noutras dioceses.
“A realidade vai acabar por nos impôr uma reestruturação mesmo que não tenhamos vontade de alterar a nossa mentalidade” referiu.
“Por isso, apostamos na formação permanente dos leigos”, acrescenta.
“Há muitos leigos formados que continuam com a mão na massa; há muita gente capaz: uns já são fermento, outros ainda não tiveram a sua oportunidade, mas acredito, sem profecias, que a certa altura a realidade impor-se-á e haverá mais gente envolvida e com mais vontade de assumir o compromisso”, que deriva da sua condição de batizados.
A Formação este ano vai ter uma coordenação, que trabalha de par em par com a Pastoral.
“Há dois polos fundamentais: formação doutrinal e esta necessidade de criação de líderes que possam desenvolver um trabalho com os párocos; por isso, queremos oferecer diversos tipos de formação. Estamos num período de auscultação de forma a que esta oferta formativa seja mais enriquecida e vá ao encontro das necessidades do terreno” refere, por seu lado, o coordenador da Formação, padre Nelson Pereira.
“A formação faz parte da vida pastoral da Igreja e nós na diocese temos muitos recursos” refere o sacerdote.
“A Diocese não pode por de lado aquilo que é o seu potencial formativo e a orientação que vem do Conselho Presbiteral é aproveitar a bolsa de formadores do Seminário e transformá-lo um pólo dinamizador de formação”, sem esquecer o papel do Instituto Católico de Cultura e dos próprios professores de Educação Moral e Religiosa Católica.
A ideia é aproveitar, também, alguma formação já existente ao nível das ouvidorias, que possa ser potenciada e oferecida a toda a diocese através de plataformas online, como se faz em todo o país.
A primeira iniciativa do género será já no segundo semestre do ano pastoral com a abertura de um curso de Bíblia e Espiritualidade, que irá propor uma leitura orientada da Palavra de Deus, neste caso será o Livro do Génesis, para além de cursos específicos na pastoral litúrgica como sejam a formação para coralistas, organistas, Ministros Extraordinários da Comunhão ou ainda equipas de ornamentação.
Questionado sobre o papel dos professores de EMRC nesta dinâmica, o padre Nelson Pereira lembra que as aulas são também uma maneira de aprofundar a fé dos alunos e de lhes dar conhecimentos em cultura religiosa.
As reuniões de coordenação pastoral estão a decorrer no Centro Pastoral Pio XII em Ponta Delgada.
A abertura oficial do ano pastoral será no dia 3 de novembro. O programa está a ser elaborado mas certa é já a celebração de uma eucaristia na catedral. Este ano, a 29 de dezembro, será igualmente aberto o ano do Jubileu, um ano de graça, que tem sinais de vivência próprios.
O Papa Bonifácio VIII em 1300 proclamou o primeiro Jubileu, também chamado de “Ano Santo”, porque é um tempo no qual se experimenta que a santidade de Deus nos transforma. A sua frequência mudou ao longo do tempo: no início era a cada 100 anos; passou para 50 anos em 1343 com Clemente VI e para 25 em 1470 com Paulo II. Também há jubileus “extraordinários”: por exemplo, em 1933 Pio XI quis recordar o aniversário da Redenção e em 2015 o Papa Francisco proclamou o Ano da Misericórdia.
A forma de celebrar estes anos também foi diferente: na sua origem, fazia-se a visita às Basílicas romanas de São Pedro e São Paulo, portanto uma peregrinação, mais tarde foram-se acrescentando outros sinais, como a Porta Santa. Ao participar no Ano Santo, vive-se a indulgência plenária.