“Há que encarar as migrações na perspetiva da justiça social, à luz do princípio do destino universal dos bens” afirma o texto da nota da CNJP
As migrações “legais, ordenadas e seguras” são um bem para todos, afirma uma nota da Comissão Nacional Justiça e Paz, enviada ao Igreja Açores esta terça-feira.
“Num tempo em que se vão ouvindo com cada vez mais força, em Portugal e noutros países, vozes hostis aos imigrantes, a Comissão Nacional Justiça e Paz quer sublinhar, o bem que migrações legais, ordenadas e seguras podem trazer às sociedades de origem e destino dos imigrantes” pode ler-se na nota que frisa o bem para as sociedade de acolhimento que conseguem suprir déficites crónicos de mão de obra e inverter o ciclo demográfico negativo e para as comunidades de origem, que beneficiam da melhoria das condições de vida dos seus concidadãos.
“Vai-se evidenciando cada vez mais a imprescindibilidade de trabalhadores imigrantes em vários setores da atividade económica em Portugal. Além do mais, a crise demográfica na Europa torna necessário o recurso a esses trabalhadores (sendo certo que esse recurso não é a única forma de enfrentar essa crise)” refere a nota, destacando também o contributo dos imigrantes para a economia do país cujos “os contributos financeiros dos imigrantes para o Estado português são maiores do que as prestações de que beneficiam”.
“Ao contrário do que muitas vezes se propala, o incremento da imigração que Portugal conheceu nos últimos anos não se traduziu num incremento da criminalidade. De um modo geral, o imigrante típico caracteriza-se por uma especial capacidade de trabalho, poupança e dedicação à família, o que contrasta em absoluto com uma maior tendência para a delinquência” refere ainda a nota, que faz um sublinhado na proximidade linguístioca entre Portugal e a esmagadora maioria dos imigrantes que procuram o país.
A nota aponta ainda para os benefícios nos países de origem.
“Há que encarar as migrações na perspetiva da justiça social, à luz do princípio do destino universal dos bens” refere o texto.
“É verdade que o ideal seria que a emigração não fosse necessária para superar a pobreza, mas enquanto não houver sérios progressos no sentido do desenvolvimento dos países pobres, há que reconhecer o direito de cada pessoa a encontrar um lugar onde não só possa satisfazer necessidades básicas, mas também realizar-se plenamente como pessoa” refere a nota citando a Encíclica Fratelli Tutti (n. 129).
“Deverá continuar a ser sempre para nós motivo de orgulho patriótico e de alegria que os imigrantes queiram viver em Portugal por ser um país acolhedor onde se sentem em casa. Deverá ser motivo de vergonha e de tristeza que aqui se sintam hostilizados e vítimas de discriminação e injustiça”, conclui.