Vaticano divulgou metodologia de trabalho que vai oferecer ao Papa um documento final

Foto: Agência Ecclesia/RP

“Não constitui o ponto final do processo sinodal, mas reúne a orientação da Assembleia, que é transmitida ao Santo Padre, a quem cabe decidir como relançá-lo a toda a Igreja”, assinala a Secretaria-Geral do Sínodo

A Santa Sé promoveu hoje uma conferência de imprensa de apresentação da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, onde divulgou a metodologia de trabalho, de 2 a 27 de outubro, no Vaticano.

“Todo o processo do Sínodo 2021-2024 é guiado por uma pergunta fundamental: “como se realiza hoje, a diversos níveis (do local ao universal), aquele ‘caminhar juntos’ que permite à Igreja anunciar o Evangelho, de acordo com a missão que lhe foi confiada; e que passos o Espírito convida a dar para crescer como Igreja sinodal?”, explica a Secretaria-geral do Sínodo, na informação enviada aos jornalistas.

O Instrumento de Trabalho (Instrumentum Laboris) da segunda sessão recolhe e apresenta sinteticamente o fruto da consulta promovida pelo documento até outubro de 2024 “concentrando-se em particular na pergunta”: ‘Como ser uma Igreja sinodal em missão?’; a tarefa desta sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, é concluir o discernimento e oferecer o resultado ao Papa “no Documento Final”.

Os trabalhos da Assembleia Sinodal vão ser divididos em “cinco Módulos” e cada um inclui sessões em Assembleia Plenária, Congregações Gerais, e em Grupos de Trabalho; os primeiros quatro módulos têm um “foco temático específico” – o módulo introdutório “dedicado ao tema proposto na Secção Fundamentos”, os três seguintes abordam “o tema proposto nas Secções Parte 1/Relações; Parte 2/Caminhos e Parte 3/Lugares – e o módulo conclusivo é a “discussão e aprovação” do documento final desta XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

Cada um dos quatro primeiros módulos terá a mesma estrutura: breve apresentação do tema pelo relator-geral; duas sessões dos Grupos de Trabalho, dedicadas ao “estudo aprofundado” do tema; três Congregações Gerais (duas para o Módulo de Fundamentos) para discutir o tema a partir dos Grupos de Trabalho; uma sessão dos grupos é para elaborar o resumo que será entregue à secretaria-geral.

O trabalho do ‘Módulo conclusivo’ é organizado a partir da apresentação de um ‘Projeto de Documento Final’, que será discutido na Congregação Geral e sobre o qual os Grupos de Trabalho vão formular “emendas”, texto que é “apresentado à Assembleia Plenária para aprovação”.

Os grupos de trabalho, com 10 a 12 pessoas, são formados pela Secretaria-geral “com base nas preferências de idioma” e terão duas configurações, uma para os módulos ‘Fundamentos’ e ‘conclusivo’, e outra para os três módulos centrais, para permitir interação com “um grande número de participantes”, e aprofundar o “discernimento juntos por mais tempo”.

O trabalho dos grupos em cada módulo prevê três sessões, é estruturado no método da ‘Conversação no Espírito’ e os participantes vão “tomar a palavra”, “dar espaço para o Outro” e “construindo juntos”; no final, os representantes dos 36 Grupos de Trabalho reúnem, “dividindo-se em cinco Mesas Linguísticas” (inglês, italiano, francês, espanhol e português e animados “por um Facilitador”, têm “um Perito em teologia”, e vão “elaborar um breve relatório síntese” para apresentar na Congregação Geral seguinte, com as principais questões a discernir.

Nas Congregações Gerais são ouvidos os relatórios das Mesas Linguísticas e, no processo de discernimento conduzido pela Assembleia, “são os momentos que mais representam e fazem experimentar a universalidade e a catolicidade da Igreja”; na última Congregação Geral de cada um dos Módulos 2-3-4, há um tempo para “intervenções livres sobre toda a parte do IL em discussão”.

Foto: Agência Ecclesia/RP

Cardeal Mario Grech explicou que o Sínodo é “antes de mais um momento de oração”, e pediu orações às “paróquias do mundo inteiro”

 

“A primeira escuta de que necessitamos é a do Senhor, da sua Palavra confiada às Sagradas Escrituras, do seu Espírito que fala ao coração dos crentes”, salientou D. Mario Grech.

O cardeal maltês recordou “com gratidão e emoção” todos os que vão assegurar os trabalhos do sínodo “na oração”, convidando “as comunidades religiosas, especialmente as de vida contemplativa”, e todos os fiéis a “unirem-se numa oração coral”, para que sejam “dóceis à voz do Espírito Santo”.

“Como seria belo se, pelo menos aos domingos, em todas as paróquias do mundo inteiro, se rezasse em coro para invocar o Senhor sobre os trabalhos do Sínodo, dizendo: ‘Dai-nos, Senhor, corações ardentes e pés que caminham’”, acrescentou.

O relator-geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos explicou que a lista de participantes desta segunda sessão do Sínodo “não apresenta grandes alterações” em relação à primeira sessão, há um ano, e está dividida em três macro secções: os membros que “têm direito a voto”, que estão organizados pelo “título de participação”; os convidados especiais, e outros participantes.

No total são 368 membros, 272 investidos do munus episcopal e 96 não-bispos, e registam-se apenas 25 mudanças, “na sua maioria substituições”, indicou o cardeal Jean-Claude Hollerich.

Da lista fazem parte o presidente, o secretário-geral, nove presidentes delegados, o relator-geral e os dois secretários especiais, seguindo-se 20 membros das 15 Igrejas Católicas Orientais.

Existem 168 membros de Conferências Episcopais, onde há algumas alterações, dois membros ‘Bispos sem Conferência Episcopal’ e cinco elementos que presidem a Encontros Internacionais de Conferências Episcopais, participam também 10 membros da União dos Superiores Gerais e da União Internacional dos Superiores Gerais; 21 pessoas são responsáveis dos Dicastérios da Cúria Romana’, enquanto o Papa Francisco nomeou 57 pessoas.

Há 68 membros como testemunhas do processo sinodal, dois subsecretários da Secretaria Geral do Sínodo, e 14 membros do Conselho Ordinário que concluem o mandato nesta assembleia.

Foto: Vatican News

A segunda sessão do Sínodo dedicado à sinodalidade tem oito convidados especiais, os delegados fraternos passaram de 12 para 16, com autorização papal, devido ao “grande interesse” das Igrejas irmãs “neste caminho sinodal”; os 70 peritos foram divididos em três categorias: facilitadores, peritos teológicos e peritos comunicadores.

A lista termina com os membros da Secretaria Geral do Sínodo, os assistentes e os colaboradores, os membros da Comissão de Informação e da Comissão de Litígios, eleitos na primeira sessão do Sínodo.

Aos portugueses que participaram na primeira sessão da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos – os delegados da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o presidente e o vice-presidente, respetivamente D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, bispos de Leiria-Fátima e de Coimbra; o cardeal Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e para a Educação da Cúria Romana; e nos “assistentes e colaboradores” o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa – junta-se o cardeal D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, nomeado pelo Papa Francisco

Do programa destacam-se ainda dois momentos de retiro, uma celebração penitencial, uma vigília ecuménica e quatro fóruns teológico-pastorais.

 

(Com Ecclesia e Vatican news)

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