Oito leigos e um sacerdote da Obra de Maria estão na maior ilha do arquipélago há quase dois anos, colaborando com a Diocese de Angra.
No mês das Missões a Comunidade lembra o que está a fazer: “espalhar o evangelho com alegria, partindo sempre ao encontro do outro”.
“Não há outro jeito de evangelizar hoje em dia” afirma José Cláudio Andrade, sacerdote e assistente espiritual da Comunidade da Obra de Maria, uma das novas comunidades reconhecidas dentro da Igreja católica, com origem no Brasil, que já se estendeu a várias partes do mundo, nomeadamente os Açores e que faz da canção o ponto de partida para aquilo que considera essencial, ou seja, “difundir a palavra de Deus com alegria” .
Está há dois anos em São Miguel (fixou-se primeiro em Ponta Garça e agora, também, em Vila Franca do Campo e Rabo de Peixe), onde desenvolve trabalho junto dos mais novos e das famílias, a quem levam o evangelho através da palavra e do testemunho de vida.
Fazem parte das novas comunidades missionárias evangelizadoras, cumprindo esse desafio do Papa Francisco de fazer da rua e das cidades grandes santuários.
“Se estabelecermos um paralelo entre os que se dizem católicos e o número de pessoas que está nas igrejas, vemos que há qualquer coisa que não está certa” lembra José Cláudio para afirmar a importância do desafio do Santo Padre e que, no fundo, já é materializado por esta Comunidade Católica que faz da rua um palco privilegiado para espalhar a mensagem de Deus.
A organização do Cenáculo (oração da palavra na casa de uma família uma vez por mês), os Trilhos com Cristo (passeios pedestres com oração e reflexão da palavra), as Pedaladas com Cristo (passeios de bicicleta à Caldeira Velha da Ribeira Grande) ou ainda os Encontros com Cristo na Rua (assembleias improvisadas na rua para celebrar a palavra) são algumas das iniciativas deste grupo que “tem como carisma levar a boa nova com alegria”.
“Não há outro modo de levar uma boa notícia”, diz o responsável por esta comunidade, “ e o Evangelho é uma boa nova”. Por isso, “se as pessoas não vêm até nós, vamos nós até elas. Esta é a nova forma de evangelizar adaptada aos dias de hoje”, conclui.
Cantar, Orar e Comprometer-se. Mais do que três palavras, são os três lemas deste grupo católico, cuja principal missão consiste na organização de peregrinações anuais a lugares santos, como a Terra Santa, Fátima, os Caminhos de São Paulo, entre outros.
“É bom que as pessoas possam fazer esta experiência de fé” diz Roberto Mendes, co responsável com o Padre José Claudio pela Missão da Obra de Maria no arquipélago.
É um dos sete leigos que integram a missão nos Açores. No Brasil a Comunidade é muito maior. Aos 20 sacerdotes seguidores do carisma da Obra de Maria, que leva 25 anos de vida e foi fundada por um leigo, Gilberto Gomes Barbosa, juntam-se jovens leigos que consagram a vida a Deus e casais consagrados que vivem as rotinas próprias do dia a dia.
Muitos destes jovens acabam por casar dentro da comunidade. É o caso de Roberto que está noivo de uma missionária residente na casa de Vila Franca do Campo. Esperam casar para o ano se “o conselho der autorização”. O processo é lento e obedece a regras claras e rígidas.
“Primeiro há um conhecimento, depois vem o namoro e só depois o casamento”, adianta. Nessa altura, deixam a missão enquanto solteiros e passam a viver junto de uma comunidade de casais, “para aprenderem com a orientação dos mais velhos”.
Esta ideia de testemunho, de experiência, é uma das mais fortes da Comunidade da Oração de Maria.
“Não se trata apenas de proclamar a palavra trata-se, também, de dar o exemplo”, reconhece Roberto Mendes. Como? “Ouvindo, escutando e orientando”, adianta José Cláudio.
“É preciso termos tempo para escutar porque, hoje, as pessoas para além da fé precisam de outras orientações pessoais”, conclui.
Esta Comunidade tem entre mãos outros projetos: trabalhar na luta contra a toxicodependência. São parceiros da Comunidade Fazenda da Esperança, no Brasil e querem trazê-los para os Açores.
A Comunidade Oração de Maria está presente no Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, Portugal (São Miguel e Fátima), Itália (Roma) e Israel e possui cinco casas de Missão em África. Trabalha sobretudo com os mais novos. Em Rabo de Peixe, entre outras coisas, já conseguiu reativar o Grupo de Jovens.