Ouvidor fala num “clima de oração em toda a ilha” e disponibilidade para avançar “não só o que for possível” mas “o necessário” para uma verdadeira partilha de responsabilidades entre leigos e sacerdotes
A Visita Pastoral de D. Armando Esteves Domingues às Flores, a primeira do seu episcopado nos Açores, que se realizará entre os dias 28 de setembro e 6 de outubro, está a ser preparada nas Flores num ambiente de “profunda oração”.
“Desde 2006 a ilha está num caminho pastoral in solidum com várias etapas, todas elas diferentes e é importante avaliá-las. Esta Visita Pastoral, em que estamos a trabalhar profundamente, terá necessariamente de fazer este balanço, não à maneira de uma empresa mas da Igreja” refere o ouvidor Monsenhor José Constância.
“Neste sentido, preparamo-nos como quem quer apresentar a realidade tal qual ela é, com limites e deficiências mas com o desejo de que a ilha se coloque numa eclesiologia de comunhão e participação”, acrescenta o sacerdote que este ano esteve a liderar a equipa sacerdotal das Flores e a coordenar pastoralmente a ilha.
A pouco mais de duas semanas do início da visita, foi entregue um relatório, com diferentes dimensões – religiosa, económica e social- , onde se analisa o passado mas também se olha com grande realismo para o presente em ordem a planear o futuro” refere ainda o sacerdote, recordando que apesar de terem sido dados passos importantes para esta “eclesiologia dinâmica” que aponta e assenta na corresponsabilidade, a verdade é que ainda “há um longo caminho a percorrer”.
“É verdade que todos podemos participar e participamos, mas somos responsáveis de maneira diferente e ainda há expressões no léxico das pessoas, apontam para uma eclesiologia muito pobre, em que ainda vivemos”, afirma Monsenhor José Constância.
Este ano “que foi de equação” e de “análise” foram dados passos importantes na organização territorial e pastoral da ouvidoria. Na semana passada foi eleito um leigo para a presidência do Conselho Pastoral de Ouvidoria.
“Numa Igreja Povo de Deus toda a gente participa e por isso os leigos têm de tomar a dianteira, não só nas paróquias mas também na ouvidoria”, afirma Monsenhor José Constância lembrando que este é o caminho traçado pelo Concílio Vaticano II, reflete as orientações diocesanas e, mais recentemente, a sugestão do Conselho Pastoral Diocesano que apontava para a presença de leigos na coordenação dos Conselhos Pastorais.
“A escolha de um leigo é um processo, um caminho. Estamos no início. Já devíamos estar mais adiantados, mas creio que temos de olhar para o momento da diocese e da ouvidoria como um ponto de partida e não o de chegada”, não só “porque estamos numa outra orientação pastoral como estamos num caminho de 10 anos que nos levam à comemoração do Jubileu da diocese por ocasião dos 500 anos da sua fundação”.
“O nosso ponto de partida é de um processo até que os leigos , sobretudo os mais novos, sejam uma alternativa; mas começa a haver esta consciência de que perdemos algum tempo, em certos aspectos e que temos uma caminhada que tem de ser percorrida não só no pressuposto do que é possível mas do que é necessário”, concluiu.
O programa da visita pastoral de bispo de Angra às Flores é bastante alargado e procura ser um momento de auscultação mas também de formação e de novas dinâmicas nos encontros com os vários grupos e agentes de pastoral da ilha.