Centenas de milhares de pessoas ocuparam ruas de Díli, durante visita de Francisco, celebrando a fé católica e a identidade nacional. Hoje está já em Singapura
O Papa encerrou hoje a primeira visita de um pontífice desde a independência de Timor-Leste, uma viagem de 45 horas em que milhares de pessoas ocuparam ruas de Díli, celebrando fé católica e identidade nacional.
Francisco, visivelmente impressionado com a multidão que acompanhou todos os seus passos, em várias ocasiões que a maior riqueza do país era o “povo timorense”, elogiando a alegria e juventude da população.
Após um voo de quase três horas e meia, desde a Papua-Nova Guiné, Francisco e a sua comitiva chegaram ao aeroporto internacional de Díli na segunda-feira.
A deslocação até à Nunciatura Apostólica decorreu a bordo do papamóvel, num percurso acompanhado por dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Díli, com muitas bandeiras de Timor-Leste e do Vaticano, além de cartazes de boas-vindas, no primeiro banho de multidão da visita.
Horas depois, Francisco deslocou-se ao Palácio Presidencial para a cerimónia de boas-vindas e o encontro com autoridades políticas e representantes da sociedade civil.
José Ramos-Horta, Nobel da Paz e presidente timorense, falou numa “visita histórica”, nos aniversários do 25 de Abril, em Portugal, dos 25 anos do referendo sobre a independência timorense e dos 35 anos da visita de João Paulo II, que “colocou a causa da autodeterminação de Timor-Leste na agenda global”.
Francisco elogiou o “heroísmo” do povo de Timor, evocando a luta contra a ocupação indonésia, e assumiu a sua preocupação com os abusos de menores e a pobreza no país.
A celebração central da viagem decorreu na tarde de terça-feira, em Tasi Tolu, que recebeu mais de meio milhão de pessoas, em clima de festa, para ver e ouvir o Papa, o qual afirmou que “o melhor de Timor é o seu povo”, antes de alertar para os “crocodilos que querem manter a cultura, a história” do país.
Antes da Missa, Francisco fez uma visita a crianças com deficiência, na Escola ‘Irmãs ALMA’ (Asosiasi Lembaga Misionari Awam, Associação das Sociedades Missionárias Leigas), marcada por gestos de proximidade, e encontrou-se com membros da comunidade católica, na Catedral da Imaculada Conceição, apelando à paz e à reconciliação.
A agenda incluiu ainda uma reunião privada com membros da Companhia de Jesus (Jesuítas), entre eles um missionário português com 103 anos de idade, que se encontra em Timor desde 1971.
O último momento do programa aconteceu na manhã de quarta-feira, num encontro com jovens timorenses no Centro de Convenções, antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional de Díli, rumo a Singapura.
“Ao deixar Timor-Leste após a minha viagem apostólica, saibam que estou profundamente grato a vossa excelência, às autoridades locais e aos vossos concidadãos pelo generoso acolhimento e pela proximidade que me dispensaram durante a minha visita. Rezando para que Deus Todo-Poderoso conceda ao país os dons da paz e da solidariedade, invoco sobre todos vós uma abundância de bênçãos”, refere a mensagem de despedida enviada a José Ramos-Horta, presidente do país.
Etapa final de viagem-maratona, com atenção ao diálogo entre religiões
Após um voo de 2640 quilómetros e quatro horas, Francisco chegou pelas 14h52 (07h52 em Lisboa) – após ter deixado Timor -Leste com cerca de uma hora de atraso – ao aeroporto internacional de Singapura, onde decorreu o acolhimento oficial e aqui cumprirá a parte final da visita mais longa do seu pontificado.
Junto ao avião, o Papa foi recebido pelo ministro da Cultura, Comunidade e Juventude e pelo embaixador de Singapura junto da Santa Sé.
O programa deste primeiro dia incluiu ainda um encontro privado com Jesuítas, pelas 18h15 locais, na casa de retiros São Francisco Xavier, que vai servir como residência pontifícia nesta viagem.
A cidade-estado de 5,6 milhões de habitantes conta com a presença de várias religiões: o budismo é maioritário (26%) e os cristãos são 17%, mas os católicos representam pouco mais de 3% da população. São João Paulo II visitou Singapura, em 1986.
A cerimónia oficial de boas-vindas a Francisco acontece na quinta-feira, pelas 09h00 (02h00 em Lisboa), na ‘Parliament House’, antes de reuniões com o presidente Tharman Shanmugaratnam, e o primeiro-ministro Lawrence Wong.
O primeiro discurso vai acontecer na Universidade Nacional de Singapura, num encontro com autoridades políticas e representantes da sociedade civil, a partir das 10h30 locais.
Já de tarde, o Papa preside à Missa no Estádio Nacional ‘SportsHub’, onde se esperam 55 mil pessoas.
A celebração, em inglês, vai ter orações em chinês, malaio e tâmil.
Já na sexta-feira, o Papa encontra o bispo e os sacerdotes, em privado, cumprimentando ainda os superiores religiosos de Singapura.
A Conferência Episcopal da Malásia, Singapura e Brunei, criada nos anos 60 do século XX, reúne os bispos das três arquidioceses e seis dioceses da Malásia, da Arquidiocese de Singapura e do Vicariato Apostólico do Brunei.
A viagem passa pela Casa de Santa Teresa, instituída em 1935 pelas Irmãzinhas dos Pobres, para o cuidado dos idosos e doentes, atualmente gerida pelo ‘Board of Catholic Welfare Services’ (Conselho dos Serviços Católicos de Assistência Social).
O programa segue no ‘Catholic Junior College’, instituição pré-universitária, fundado em 1975 pela Igreja Católica local.
O espaço acolhe, pelas 10h00 locais, o encontro inter-religiosos com jovens, que vai resultar num apelo conjunto.
No final do encontro, o Papa desloca-se para a zona de acolhimento dos estudantes, onde dois jovens lhe apresentaram brevemente a exposição ‘Juntos na Unidade e na Esperança’ e o convidam a completar um quadro.
Francisco vai cumprimentar os 10 líderes religiosos presentes no encontro, antes seguir para o aeroporto internacional de Singapura, dando início ao voo de regresso a Roma, um percurso de .567 km e 12h35 que sobrevoa os territórios da Indonésia, Malásia, Tailândia, Birmânia, Índia, Paquistão, Afeganistão, Tadjiquistão, Usbequistão, Turquemenistão, Azerbaijão, Geórgia, Turquia, Grécia, Albânia e Itália.
A 45ª visita apostólica do Papa e a viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, já passou pela Indonésia, Papua-Nova Guiné e Timor-Leste.
A viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, inclui 44 horas e mais de 32 mil quilómetros de voo, entre Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura, onde a 45ª visita apostólica do Papa se encerra, a 13 de setembro.
(Com Ecclesia e Vatican News)