Ilhas vestem-se de festa para celebrar a solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria

Foto: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

Solenidade percorre todo o arquipélago com destaque para a festa da padroeira de duas delas: no Corvo e em Santa Maria

Nas ilhas de Santa Maria e do Corvo, duas das mais pequenas ilhas do arquipélago, a Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria assume uma especial relevância celebrando-se uma festa de ilha para invocar as padroeiras Nossa Senhora da Assunção e Nossa Senhora dos Milagres, respetivamente. Nesta festa, no Corvo, é feita uma homenagem às vítimas do naufrágio da lancha “Francesa”, com procissão de velas até ao Porto do Boqueirão.

A 13 de agosto de 1942, 17 peregrinos, que iam das Flores a bordo da lancha “Francesa”, faleceram após o naufrágio da embarcação. No dia 15 haverá a Missa solene seguida de procissão pelas ruas da Vila. O centro do cortejo religioso é o andor da Senhora, onde segue a Imagem, uma escultura flamenga de Malines, datada do séc. XVI e devidamente ornamentada com o seu tesouro: a Coroa e o Rosário em ouro, que segundo a tradição tinham sido oferecidos pelos Piratas.

A festa de Nossa Senhora da Assunção, em Vila do Porto, é das poucas que tem dimensão de ilha. A missa, seguida de procissão, será celebrada às 17h00 do dia 15 de agosto.

A festa de Nossa Senhora dos Anjos, em Água de Pau é uma das principais festas de São Miguel, no verão. Embora seja uma festa paroquial, na verdade por estar próxima de uma das zonas balneares mais procuradas da ilha, reúne sempre muita gente de fora. Com a particularidade da Imagem de Nossa Senhora dos Anjos percorrer toda a freguesia e haver a tradição de se atirar argolas com dinheiro para o braço da Imagem, a partir das varandas das casas enfeitadas.

Este ano o tríduo e a festa envolvem quatro sacerdotes: o tríduo será pregado pelo pároco, padre João Furtado, a missa vespertina de dia 14, será pregada pelo padre Hélio Soares, das Capelas, e no dia 15, o dia da festa, a Missa e a procissão serão presididas pelo reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo, cónego Manuel Carlos Alves. O padre Jorge Ferreira, diretor espiritual do Colégio Português em Roma, fará o sermão da despedida. A festa de Nossa Senhora dos Anjos termina no dia 17 e todos os dias tem um programa social e cultural associado, para além dos eventos religiosos.

Também na Fajã de Baixo se celebra Nossa Senhora dos Anjos. A Missa solene será no dia 15, às 11h300 e às 18h00, haverá a procissão, que fará o Giro de Santa Rita.

Na Ajuda da Bretanha, também na ilha de São Miguel, a festa de Nossa Senhora da Ajuda, mobiliza toda a costa norte da Ouvidoria de Capelas. A festa começa a 12 e termina a 18, aliando a animação popular à noite com os vários eventos religiosos. A Missa Solene acontece no dia 15, às 11h30 e de tarde há a procissão. Durante os dias preparatórios da festa, entre 12 e 14 de agosto o destaque vai para a celebração dos sacramentos da reconciliação e da Unção dos doentes. No dia 15, as celebrações principais serão presididas pelo padre Marco Luciano Carvalho.

A festa da Assunção de Nossa Senhora comemora-se em toda a Igreja neste dia, que é feriado em Portugal e em quase todos os países onde a maioria da população é católica.

O dogma da Assunção, como explicou o Papa São João Paulo II em julho de 1997,  afirma que o corpo de Maria foi glorificado depois da morte. Maria é elevada em corpo e alma à glória do céu e com Deus e em Deus é rainha do céu e da terra.

A 1 de novembro de 1950, ao definir o dogma da Assunção, Pio XII declarou a questão da morte da Virgem como verdade de fé e na Bula Munificentissimus Deus afirma a elevação do corpo de Maria à glória celeste, declarando tal verdade como um “dogma divinamente revelado”. Porque está com Deus e em Deus, está pertíssimo de cada um de nós, lembrava o Papa Bento XVI a 15 de agosto de 2005.

“Quando estava na terra podia somente estar perto de algumas pessoas. Estando em Deus, que está próximo de nós, que está no “interior” de todos nós, Maria participa nesta aproximação de Deus. Estando em Deus e com Deus, está perto de cada um de nós, conhece o nosso coração, pode ouvir as nossas orações, pode ajudar-nos com a sua bondade materna e é-nos dada como disse o Senhor como “mãe”, à qual podemos dirigir-nos em todos os momentos”, prosseguia Bento XVI.

“Ela escuta-nos sempre, está sempre perto, e sendo Mãe do Filho, participa no poder do Filho, na sua bondade. Podemos confiar sempre toda a nossa vida a esta Mãe, que não está longe de nós” conclui nessa homilia.

Há dois anos, o Papa Francisco pedia para neste dia os cristãos visitarem um Santuário Mariano. Nos Açores existem dois, ambos na Terceira: o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra e o Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta.

“Através dela, Deus inaugurou uma mudança histórica, estabeleceu definitivamente uma nova ordem de coisas. Ela, pequena e humilde, foi exaltada e – é o que celebramos hoje – levada à glória do Céu, enquanto os poderosos do mundo estão destinados a permanecer de mãos vazias. Nossa Senhora anuncia uma mudança radical, uma inversão de valores. Enquanto fala com Isabel carregando Jesus no ventre, antecipa o que o seu Filho dirá, quando proclamar bem-aventurados os pobres e os humildes, admoestando os ricos e quantos confiam na própria autossuficiência. Portanto, com este cântico, com esta oração, a Virgem profetiza: profetiza que não prevalecem o poder, o sucesso e o dinheiro, mas sim o serviço, a humildade e o amor. E olhando para Ela na glória, compreendemos que o verdadeiro poder é o serviço – não o esqueçamos: o verdadeiro poder é o serviço – e reinar significa amar. E que este é o caminho para o Céu!”, concluía Francisco no ano de 2022.

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