Santuário inaugura espaço museológico dedicado ao culto ao Senhor Bom Jesus Milagroso

A bênção deste novo espaço foi feita pelo bispo de Angra, que preside à festa que decorre até quarta-feira

A casa dedicada à memória do culto ao Senhor Bom Jesus Milagroso, em São Mateus, na ilha do Pico (Açores), foi inaugurada este domingo, com a bênção do bispo de Angra, por ocasião da festa maior da ilha Montanha e que envolve o Santuário diocesano do Senhor Bom Jesus.

O espaço, construído numa casa que estava devoluta, junto ao santuário, recupera a história e a memória deste culto juntando peças litúrgicas, cultuais e de valor cultural associadas a este culto do Senhor Bom Jesus Milagroso, muito ligado à devoção das populações do triângulo.

Trata-se de um investimento da Câmara Municipal da Madalena suportado por fundos europeus, que contou com o especial envolvimento do Santuário Diocesano.

Além de preservar o riquíssimo espólio do Santuário do Bom Jesus, requalificando e refuncionalizando um imóvel devoluto, onde ficará em exposição permanente este património, num edifício moderno e ecológico, cuja cobertura é ajardinada, o espaço contemplará ainda o espólio de D. Arquimínio Rodrigues da Costa, o último bispo português de Macau, natural desta freguesia, recentemente homenageado por ocasião da celebração do centenário do seu nascimento, bem como alguns objectos que pertenceram ao 38º bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, natural de Santa Maria e o segundo açoriano a ser bispo titular em toda a história desta diocese.

Esta inauguração decorre no contexto da festa deste ano que tem por tema “Senhor, ensina-nos a orar” e que é presidida pela primeira vez pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues.

A pregação da Palavra na novena preparatória começou a 27 de julho e terminou este domingo, numa concelebração presidida já pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues.

“Sintamo-nos já estes peregrinos, devotos do Senhor, cujo o grande milagre foi dar a vida para que nos salvemos”, exortou D. Armando Esteves Domingues.

O pregador da novena, cónego Adriano Borges, dividiu a sua homilia em duas partes : uma primeira sobre o evangelho do dia e outra sobre a importância da oração.

A partir da liturgia proclamada exortou os peregrinos do  Senhor Bom Jesus Milagroso a não se prenderem a este culto apenas pela tradição mas pela confiança e pela certeza na misericórdia de Deus.

“Não tenhamos uma fé interesseira e não façamos da nossa relação com o Senhor Bom Jesus uma negociata”, disse o sacerdote.

“Nós fazemos muitas coisas: rezamos muitos terços, fazemos muitas romarias e muitos sacrifícios e quando estamos saciados e de barriga cheia ficamos satisfeitos, mas quando não acontece como é que fica a nossa fé?”, interpelou, apelando a uma oração criativa com Deus.

“A criatividade humana na oração a  Deus  e com os santos é muito importante porque é na criatividade que damos lugar á ação do Espírito Santo”, concluiu o sacerdote.

Amanhã e depois serão os dias principais da festa que tem por tema uma passagem do Evangelho de Lucas, “ Senhor, ensina-nos a orar”. A missa solene será às 16h00, do dia 6, seguida da Procissão. Amanhã, dia 5, às 18h00 será celebrada uma eucaristia vespertina, com a celebração do Sacramento da Unção dos doentes.

O Culto ao Senhor Bom Jesus Milagroso remonta a 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus, que é a figuração iconográfica do Senhor no quadro da Paixão, quando foi exposto à população na varanda de Pilatos, para a igreja paroquial de São Mateus do concelho da Madalena, e desencadeou uma invulgar atração e forte piedade que contagiava as almas.

A construção da igreja começou iniciou-se em 1838, com retábulos de talha pintados a azul e ouro, e, em 1962, foi elevado à categoria de Santuário Diocesano, tendo sido recuperada depois dos sismos de 1973 e 1998.

O santuário do Senhor Bom Jesus do Pico foi criado por decreto episcopal de D. Manuel Afonso Carvalho, de 1 de julho de 1962, o 36.º bispo da Diocese de Angra (1957-1978).

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