25 jovens percorrem as Igrejas da ouvidoria de Vila Franca para lembrar que a pressa em anunciar Jesus continua
“Ide dois a dois e Ele estará no meio de vós”. O repto de Jesus aos discípulos foi hoje lançado de novo pelo bispo de Angra numa mensagem enviada ao grupo de jovens Apressados da Vila, que esta tarde iniciou uma missão de dois dias, com três objetivos: recuperar as vivências da JMJ de Lisboa 2023, caminhar em comunhão e refletir sobre Jesus, não abstratamente mas pensando no irmão.
Por isso, quando partiram da Igreja de Ponta Garça, a música que os acompanhava, pedia-lhes para caminharem na luz, “na luz do Senhor”. Apenas com a roupa que tinham no corpo e alguma água para o caminho, 25 jovens partiram rumo à Ribeira das Tainhas. Mais do que a meta era o caminho que importava.
“Se puderem façam silêncio mas não deixem de cumprimentar quem passar ao vosso lado”, pedia a animadora do grupo, Graça Amaral.
Desde a participação na JMJ de Lisboa, em agosto do ano passado, o grupo não parou mais de se reunir, de refletir e de propor atividades, sobretudo tendo como inspiração as palavras do Papa Francisco em Portugal, mas também as suas propostas mais recentes como as encíclicas Laudato Si e Fratelli Tutti.
É isto que, de resto atrai novos “apressados”, da Vila ou de outras paróquias porque o grupo é da ouvidoria de Vila Franca do campo.
“Queria encontrar um grupo de jovens que tivesse impacto na sociedade e por isso este grupo é tão importante” afirma Anastasia, ucraniana, mas que vive há dois anos em Ponta Garça, com a família.
“Estou feliz aqui porque este grupo tem uma ligação a Jesus . Finalmente encontrei este grupo e todos me acolheram muito bem e eu sinto-me muito integrada… Estou feliz” refere a jovem, que não esteve na JMJ mas inseriu-se bem neste grupo.
Nem podia ser de outra maneira. O cântico de acolhimento a cada um que se aproximava, à chegada, incluindo a reportagem do Igreja Açores era “Benvindo, benvindo, benvindo aqui| os jovens sorrindo esperam por ti| benvindo, benvindo, benvindo a cantar| este movimento não pode parar”.
E os Apressados da Vila tomam a canção à letra. Não param e não param de acolher. Hoje, o grupo já tem novas “aquisições”, pois todos os batizados têm a missão de serem pescadores de homens, a metáfora que precedeu a partida para este triulho que os leva a todas as igrejas da ouvidoria.
“Deus chama-te pelo nome” recordou Graça Amaral, citando trechos da homilia do papa Francisco no Parque Eduardo VII, em Lisboa, como que sublinhando que apesar de cada circunstância pessoal Deus ama, abraça e conduz.
“Fazer esta caminha vai permitir reviver o que foi a nossa experiência há um ano atrás e foi uma experiência inexplicável” avança Sofia Ambrósio, da paróquia da Matriz de São Miguel Arcanjo.
“O espírito de união e alegria que experimentámos em Lisboa é aquele que queremos também mostrar aqui nesta caminhada, sobretudo aos que não estiveram connosco em Lisboa. Queremos que todos sintam a alegria e a felicidade que foi esse momento”, afirma, por seu lado, Alex Pacheco, de Ponta Graça.
Alguns já não se viam há uma ano. “Estiveram fora”, disse Valéria também de Ponta Garça, destacando que “vai ser bom o reencontro”.
Não é o caso do António que “está sempre presente”. Natural da Ribeira Seca diz-se feliz. Nem era preciso dizer pois a camisola já o anunciava na inscrição gravada na frente: “sou feliz”. “É muito fixe estar aqui com estes jovens”, disse.
Para o João Pedro Rainha, da Ribeira das Tainhas, freguesia que acolheria o grupo à noite, é um momento para relembrar “que apesar do cansaço podemos ser felizes”.
Subiu o Pico, no evento da pré-jornada organizado pela Pastoral Juvenil, em julho do ano passado e foi a Lisboa. “Tantas memórias…” mas, no essencial, o que é importante é “estarmos de novo juntos”.
“É uma forma de passarmos a Palavra” acrescentou Décio, de Ponta Garça. “Depois das jornadas continuámos a encontrar-nos e a fazer coisas e isso também nos ajuda”. Entre as coisas estão visitas ao lar de idosos de Vila Franca, mas também acções de sensibilização ecológica, com a limpeza de praias ou da orla costeira, sempre com Jesus no meio.
“Estou convosco e embora não esteja aí quero partilhar da mesma pressa. Ide dois a dois. Ele irá no meio de vós. Abraço-vos” dizia a mensagem de D. Armando Esteves Domingues, lida antes da partida para o “Trilho dos Apressados”.
“É com este abraço que partimos, devagarinho; cuidado com os carros, sempre do lado esquerdo…e quando puderem façam silêncio”. Foram as últimas recomendações da animadora Graça Amaral ao grupo que pelo caminho deveria fazer como os discípulos foram convidados: transportar apenas uma túnica, a que se leva vestida, um cajado e umas sandálias. O resto, o amor providenciará, como se o amor não possuísse nem quisesse ser possuído, já que se basta a si mesmo.
“Quando amardes, não digais: – Deus está no meu coração, mas antes: eu estou no coração de Deus”. A estrofe do verso sobre o Amor, de Khalil Gibran, em O profeta, poderia ser o epílogo deste trilho, prefaciado pela reflexões feitas a partir das palavras do papa Francisco.
Homilia da Missa de acolhimento, 2 de agosto, Parque Eduardo VII, Lisboa
“Não estais aqui por acaso. O Senhor chamou-vos, não apenas nestes dias, mas desde o início das vossas vidas. Chamou-nos a todos desde o início da vida, chamou-nos pelo nome. Ouvimos a palavra de Deus chamar-nos pelo nome. Tentem imaginar estas palavras escritas em letras grandes; e depois pensem nelas escritas dentro de cada um de vós, no vosso coração, como se formasse o título da vossa vida, o sentido de quem sois: fostes chamados pelo nome: tu, tu, tu, tu, tu, aqui todos nós, eu, todos nós fomos chamados pelo nome. Não fomos chamados automaticamente. Fomos chamados pelo nome. Pensemos nisto: Jesus chamou-me pelo nome. São palavras escritas no coração e pensemos que estão escritas dentro de cada um de nós, no nosso coração, e que formam uma espécie de título da nossa vida. O significado de quem somos, o significado de quem tu és. Foste chamado pelo nome, foste chamado pelo nome, foste chamado pelo nome, foste chamado pelo nome. Nenhum de nós é cristão por acaso. Todos nós fomos chamados pelo nome”, dizia o Papa.
“E, prosseguia: No início da teia da vida, antes dos talentos que temos, antes das sombras e das feridas que trazemos dentro de nós, fomos chamados. Fomos chamados para quê? Porque somos amados. Fomos chamados porque somos amados. É lindo. Aos olhos de Deus, somos filhos preciosos, que Ele chama todos os dias para abraçar e encorajar; para fazer de cada um de nós uma obra-prima única e original. Cada um de nós é único e original e a beleza de tudo isso não podemos vislumbrar”.
“Queridos jovens, nesta Jornada Mundial da Juventude, ajudemo-nos mutuamente a reconhecer esta realidade; que estes dias sejam ecos vibrantes desse apelo amoroso de Deus, porque somos preciosos aos olhos de Deus, apesar do que os nossos olhos por vezes veem. Por vezes, os nossos olhos são toldados pela negatividade e deslumbrados por tantas distrações. Que estes sejam dias em que o meu nome, o teu nome, o teu nome, através de irmãos e irmãs de tantas línguas, de tantas nações, em que vemos tantos estandartes, que eles proferem amigavelmente, ressoem como uma notícia única na história, porque única é a batida do coração de Deus para ti.”
Nesta atividade de verão, antes de irem de férias os Apressados da Vila seguirão da Ribeira das Tainhas rumo à igreja matriz de São Miguel e após o almoço continuarão o seu caminho até à Igreja de Água D’Alto, onde, em jeito de avaliação cada elemento partilhará como foi para si essa experiência.