Conselho Pastoral Diocesano, o órgão com maior representatividade na diocese, esteve reunido em Ponta Delgada entre 8 e 10 de junho
A Igreja Açoriana quer ser uma voz dialogante e ativa no mundo de hoje , fazendo-se “próxima e hospitaleira” das novas periferias criadas nas sociedades atuais, afirma o comunicado no final dos trabalhos do Conselho Pastoral Diocesano, que esteve reunido em Ponta delgada entre os dias 8 e 10 de junho.
“Entendendo que a Igreja está inserida no mundo e também é mundo, este Conselho Pastoral decidiu propor ao Prelado Diocesano, o incremento de estruturas de diálogo com a Cultura, com a Economia, a Política, a sociedade em geral, de modo a que, a Igreja não chegue tarde e com respostas sempre negativas aos desafios e contradições que o mundo lhe coloca” pode ler-se no comunicado deste órgão consultivo do Bispo Diocesano, o mais representativo de toda a diocese, no qual participaram 43 conselheiros, na grande maioria leigos de todas as ilhas e áreas da pastoral diocesana. Nesta reunião participaram, ainda, quatro observadores, convidados pelo bispo D. Armando Esteves Domingues.
Na linha do Papa Francisco, o Conselho concordou por “unanimidade” estimular uma “Igreja em saída missionária e hospital de campanha”, promovendo uma “pastoral do convite pessoal a leigos para projetos concretos da Igreja”.
“O Conselho Pastoral reafirmou a necessidade de uma `Igreja Samaritana´ nos Açores, onde a pobreza e a exclusão social são relevantes, que seja casa de proximidade, hospitalidade e empenho na pastoral sócio-caritativa e na pastoral do acolhimento de pessoas em situação de pobreza, de exclusão social, de vulnerabilidade, com deficiência, em situação de migrantes, em condição de sem-abrigo, entre outros”, pode ainda ler-se no comunicado emitido pelo Secretariado Permanente.
Os trabalhos desenvolveram-se em “forma sinodal”, à semelhança do modelo experimentado pelo Papa Francisco na XVI Assembleia do Sínodo sobre Sinodalidade, isto é, “sem uma presidência formal, com seis grupos formados, desde o início ao fim, onde se debateram os temas propostos”.
“A estratégia adotada, de trabalho em grupos e não em assembleia com uma presidência formal, revelou ser uma forma mais ágil e próxima de conduzir os trabalhos” lê-se no comunicado final.
Seguindo a proposta do Itinerário Pastoral Diocesano, os trabalhos centraram-se nos três laboratórios definidos: laboratório da Sinodalidade, laboratório da Fraternidade e laboratório da Esperança, particularmente centrado na comemoração do Jubileu da Esperança, convocado pelo papa Francisco para 2025.
“O Conselho sugere ao Bispo Diocesano que constitua um grupo de trabalho que coordene uma série de ações pastorais a celebrar todos os meses e em todas as ilhas, que evoquem o sentido da esperança cristã” lê-se no comunicado que enfatiza a necessidade da diocese estar “sintonizada” com as comemorações da Igreja universal, proporcionando uma série de ações pastorais, tendo em conta os pilares da ação pastoral da Igreja: evangelização, liturgia e caridade.
“Organizar uma `Aldeia da Esperança´, dirigida aos jovens, em formato de acampamento, seguindo o modelo de Taizé, a decorrer no verão, de preferência na ilha de São Jorge, no Santuário do Senhor Santo Cristo da Caldeira, lugar de referência na diocese” é uma das propostas que este grupo de trabalho irá desenvolver, além da criação “de Itinerários Jubilares em todas as ilhas, com lugares definidos para peregrinações e romarias, especialmente de jovens, que evoquem a esperança e a paz, numa dinâmica de Ecologia Integral”, conforme os últimos documentos do Papa Francisco – as Encíclicas Laudato Si e Fratelli Tutti- e do papa Bento XVI, a encíclica Spe Salvi, sobre a Esperança.
O conselho deixou ainda uma nota sobre o ato eleitoral que aconteceu no domingo em que a estrutura diocesana se encontrava reunida, depois de todos os elementos terem exercido o seu direito e dever de votar.
“Este Conselho, juntamente com o bispo de Angra, congratula-se com a forma como decorreram as eleições para o Parlamento Europeu em Portugal. Sobretudo, com o facto de entre os eurodeputados portugueses se encontrarem três açorianos, na esperança de que eles representem e defendam da melhor forma possível a nossa região”, lê-se no comunicado.
Os conselheiros sugerem ainda algumas ações concretas que melhorem a articulação entre os serviços e movimentos, promovendo um mapeamento de todas as estruturas locais e diocesanas que permita implementar no terreno uma “sinodalidade circular”.
“Este Conselho deliberou propor ao bispo diocesano, o esquema de uma `sinodalidade circular´, isto é, as ideias e criatividade das acções partirem das bases – paróquia, movimentos e povo de Deus em geral- , a coordenação ser assegurada por uma estrutura designada para tal, tendo como eixo deste movimento circular a ouvidoria e os seus conselhos pastorais. Neste sentido, o Conselho sugere-se que os conselhos pastorais de ouvidoria sejam liderados por leigos”, pode ainda ler-se no comunicado final Os conselheiros sugeriram ainda medidas concretas que “recuperem o dinamismo comunitário, incentivando a realização de retiros, espaços de aprofundamento espiritual, grupos de oração e reflexão, que envolvam especialmente os jovens e as famílias, de modo a promover a paixão por Jesus Cristo, centro de toda a ação da Igreja”.
Para esta dimensão formativa- doutrinal e espiritual- o Conselho sublinhou a importância do Seminário Episcopal bem como do Instituto Católico de Cultura, como as duas estruturas habilitadas para promover a constituição de equipas com vista à formação permanente de leigos.
O Secretariado Permanente do Conselho ficou ainda mandatado para elaborar uma nova redação dos Estatutos bem como promover a realização de uma reunião com o Secretariado permanente do Conselho presbiteral de forma a desenvolver a preparação de uma reunião conjunta dos dois órgãos consultivos do Bispo no próximo ano.
O Conselho Pastoral Diocesano “é um organismo de participação do povo de Deus destinado a apoiar o bispo da diocese com a sua reflexão e sugestões sobre os problemas da comunidade humana e eclesial, que requerem especial atenção pastoral” e, nesta reunião teve como objecto a discussão a proposta de Itinerário Pastoral para a diocese de Angra, lançada a 26 de novembro de 2023, que aponta para uma caminhada sinodal até ao ano de 2025, Jubileu da Esperança, tendo como prioridade escutar, dialogar e participar, para que seja lançado, a partir de 2025 e até 2034, um Plano Diocesano de grande alcance que levará à celebração dos 500 anos da diocese.