Igreja inaugura embrião de um novo centro de espiritualidade em São Jorge

Foto: Igreja Açores/CR

Santuário do Santo Cristo da Caldeira tem instalações para receber grupos e atividades de espiritualidade

A Caldeira do Santo Cristo, na ilha de São Jorge, passa a dispor de um centro de acolhimento para retiros e encontros de espiritualidade e diferentes ações de formação, depois da bênção e inauguração de um espaço ao lado do Santuário do Senhor Santo Cristo da Caldeira, esta terça-feira.

O espaço, que é o embrião de um futuro centro de espiritualidade da ilha, dispõe de três quartos, em formato de camarata, com casas de banho, num total de 18 camas, que estão a partir de agora à ”disposição de todos” como disse o Reitor, Padre Manuel António das Matas na cerimónia de bênção das instalações, celebrada pelo bispo de Angra, que se encontra na Caldeira desde segunda-feira no Encontro Anual dos sacerdotes ordenados há menos de 10 anos.

“Apesar de todos os problemas e entraves, com muito sacrifício, como são todas as obras aqui na Caldeira, mas com a ajuda de todos e com esta corresponsabilidade conseguimos fazer as coisas” disse o Padre Manuel António das Matas.

Destinado sobretudo a acolher eventos organizados pela Igreja o espaço “está à disposição de todos”, afirmou o reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo da Caldeira.

“Esta casa, a partir de agora, cumpre a função para a qual foi construída: acolher todos aqueles que vêm visitar o Senhor”, afirmou, por seu lado, o ouvidor, padre Dinis Silveira.

“Gostaríamos que esta zona da Caldeira, junto ao Santuário, pudesse ser o coração espiritual desta ilha; um espaço onde pudéssemos crescer na fé”.

Os primeiros a usufruir destas novas instalações foram 10 sacerdotes , ordenados há menos de 10 anos e que desde segunda-feira se encontram reunidos para refletir sobre as redes.

“Os primeiros anos de integração  na vida de um padre nem sempre são anos de explosão; são anos de aprendizagem porque um padre novo nem sempre está preparado para todas as situações que enfrenta” referiu ao Igreja Açores o bispo de Angra.

“Nós somos pescadores de homens mas olhamos agora para as redes digitais. Vamos pensar o padre nas redes: as oportunidades e as dificuldades. A Internet hoje é como aprender uma língua e como ninguém nasce ensinado- uma criança demora algum tempo a aprender a falar- , temos todos de aprender, mesmo aqueles que já nasceram neste tempo, os que dizem que nasceram digitais”.

“Vamos sobretudo tentar que se criem redes entre eles e entre eles e os padres mais velhos, para transformar as redes num espaço de comunhão e que construa comunhão” acrescentou D. Armando Esteves Domingues.

“É preciso criar espaços onde a Palavra seja cuidada e permita que todos possamos entender Deus, não entender-nos a nós porque nós não precisamos de ser entendidos; precisamos é de ser capazes de levar Deus aos outros. De nós apenas nos pedirão verdade e coerência de vida”, concluiu numa entrevista ao Sítio Igreja Açores que pode ouvir aqui na íntegra.

A lenda que deu origem ao culto conta que um pastor deixou o seu gado a pastar, descendo a uma lagoa onde apanhou lapas e ameijôas. Ao parar para descansar contemplou um objeto na água a flutuar e viu que era uma imagem em madeira do Senhor Santo Cristo. Surpreendido com o achado, pegou na imagem, molhada e inchada de estar na água, e levou-a para terra seca. Ao fim do dia, quando voltou para casa fora da fajã, levou a imagem e colocou-a em local de destaque numa das melhores salas da sua casa. No outro dia de manhã a imagem tinha desaparecido. Depois de procurarem por toda a casa e de já terem dado as buscas por terminadas, ele foi de novo encontrado, dias depois, na mesma fajã e local onde tinha sido encontrado da primeira vez. Foi levado várias vezes para o povoado fora da rocha, e durante a noite a imagem voltava sempre a desaparecer, até que alguém disse: “O Santo Cristo quer estar lá em baixo na fajã à beira da caldeira, pois que assim seja”.

A Lenda da Caldeira de Santo Cristo é uma tradição da ilha de São Jorge e relaciona-se com as crenças populares numa terra onde a luta do homem com a natureza foi constante e onde, por séculos, as necessidades básicas do dia-a-dia foram prementes.

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