Sacerdote da Companhia de Jesus é o pregador convidado do tríduo da festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que decorre em Ponta Delgada até dia 9 de maio
Arrancou esta tarde, em Ponta Delgada, o primeiro ato celebrativo religioso da festa em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres de 2024, com um apelo do padre José Frazão Correia a todos os peregrinos para se deixarem ver e tocar pelo Senhor Santo Cristo.
“Esta experiência de sermos vistos” pode “facilitar um salto espiritual na nossa fé” disse o sacerdote jesuíta, pregador convidado para as reflexões do tríduo preparatório das maiores festas religiosas organizadas pela Igreja nos Açores.
“O que me tocou mais nesta imagem, a primeira vez que a vi, foi a capacidade que esta representação tem de nos ver; a força desta representação que se venera aqui é o seu olhar: ela olha-nos” afirmou, salientando que a conversão acontece justamente quando nos deixamos ver e nos sentimos vistos por Deus.
“Seria talvez, o modo de viver bem esta festa: olhar para esta imagem, desejando que ela nos olhe. Como se a imagem dissesse o nome de cada um de nós” frisou.
A partir do encontro entre Tomé e Jesus, narrado no Evangelho de São João, o pregador centrou a reflexão no olhar, porventura um dos aspectos mais relevantes e belos da escultura do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
“Quando nós hoje nos reconhecemos olhados por Ele alguma coisa tem de acontecer. No fundo quando Ele nos olha o que é que Ele nos diz? Seguramente virá ao de cima a verdade do que nós somos: serão muitos sofrimentos, desejos, serão momentos de energia, de dor, desespero, angústia, desespero… não sei. Apenas sei que quando Ele nos olha e nos toca alguma coisa se transforma”.
O sacerdote, que é o atual diretor da revista Brotéria, editada pela Companhia de Jesus em Portugal, desafiou assim os peregrinos a transformarem uma experiência de fé exterior, por vezes ocasional- “umas vezes vimos, outras não”- numa mudança interior.
“Talvez nem sempre nos tenhamos deixado ver pelo Senhor; talvez ainda não permitimos que Ele olhasse para nós, que Ele nos tocasse no fundo do fundo, onde somos o que somos, onde somos verdadeiros, no melhor e no pior, na inovação e na miséria” afirmou ao salientar que Ele nos toca pela Sua paixão mas também pelo Seu amor.
“É um toque tangível, porque a vida é isto: percorremos as cidades, as ruas, alguns pegam em velas e outros vão de joelhos. É uma experiência física de querer ser tocado” afirmou ainda.
“Imaginemo-nos diante deste Senhor Santo Cristo, deste Jesus apaixonado, deste Senhor marcado pela Sua paixão e deixemos que Ele nos devolva o seu olhar, que Ele nos olhe, nos toque e nos transforme como fez com Tomé, porque quando este amor nos toca poderemos ser agentes deste mesmo amor junto dos outros”, concluiu.
O Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo, o cónego Manuel Carlos Alves, no ínicio da concelebração, que presidiu, saudou todos os peregrinos dando as boas-vindas e lembrou “que a procissão começa a aproximar-se do adro”.
É o primeiro ano que preside ao Santuário e, por isso, as primeiras festas que organiza.
No dia da sua apresentação, lembrou que a “Igreja é para todos. Todos são convidados a participar na festa, todos são chamados a prestar a sua homenagem ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, porque importa que todos caminhamos juntos e com empenho na construção do mundo melhor”, disse o cónego Manuel Carlos Alves, na conferência de imprensa de apresentação da festa.
Do programa deste ano o destaque vai para a celebração de uma missa em inglês, às 8h00, no dia 5 de maio, domingo, na Igreja de São José.
Desde esta segunda-feira que começaram a chegar ofertas de flores ao Santuário e o número de peregrinos já está a aumentar, verificando-se isso na missa matutina diária, às 8h00. Esta missa manter-se-á durante toda a semana.
Na Sexta-feira, dia 3 de maio, haverá missa às 8h00, 9h00 e 11h00, sendo que esta celebração será presidida pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues e terá lugar na Igreja de São José. É, também, nesta Igreja que decorrerá a Vigília com os jovens à meia-noite de sábado, seguido de uma reflexão sobre a paz, orientada pelo Vigário Episcopal do Clero e Formação, que é o assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz, seguindo-se uma oração pelas vocações orientada por seminaristas.
No domingo a imagem sairá da Igreja de São José às 9h15 e às 9h30 haverá a missa campal presidida pelo bispo de Stockton, D. Myron Cotta, com transmissão em direto no canal 1 da RTP, na RTP Açores e RTP Internacional. Esta missa será cantada pelo Coral de São José. Já a banda filarmónica convidada é a Banda Recreio dos Artistas, de Angra. A Capa que vestirá a Imagem foi oferecida por uma família de Santa Bárbara e será estreada.
A festa do Senhor Santo Cristo prolonga-se até dia 9 de maio.