“Urbi et Orbi”: Papa pede cessar-fogo “imediato” para Gaza e troca de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia

 

Após a Missa de Páscoa, o Papa evocou as “vítimas dos muitos conflitos em andamento no mundo, a começar pelos que ocorrem em Israel, na Palestina e na Ucrânia”, saudando as populações da “Cidade Santa de Jerusalém, testemunha do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, e todas as comunidades cristãs da Terra Santa”.

“Não permitamos que as hostilidades em andamento continuem a afetar seriamente a população civil, já exausta, especialmente as crianças. Quanto sofrimento vemos nos olhos das crianças, esqueceram-se de sorrir, essas crianças nas terras de guerra. Com o seu olhar perguntam-nos: por quê? Por que tanta morte? Por que tanta destruição?”, declarou.

“A guerra é sempre um absurdo e uma derrota! Não permitamos que ventos de guerra cada vez mais fortes soprem sobre a Europa e o Mediterrâneo. Não nos rendamos à lógica das armas e do rearmamento. A paz nunca é construída com armas, mas estendendo nossas mãos e abrindo nossos corações”.

Francisco pediu um “caminho de paz” para as populações atingidas pela guerra na Ucrânia, apelando para que “sejam respeitados os princípios do direito internacional”.

“Espero que haja uma troca geral de todos os prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia: todos por todos”, declarou, sob um aplauso da multidão.

A tradicional intervenção de Domingo de Páscoa recordou o impacto da guerra “longa e devastadora” na Síria, a crise no Líbano ou em Mianmar e a tensão entre a Arménia e o Azerbaijão.

O Papa apelou à solidariedade internacional com o Haiti e os rohingyas, as populações do Sudão e de toda a região do Sahel, a República Democrática do Congo e a província de Cabo Delgado, em Moçambique, rezando pelas “vítimas de todas as formas de terrorismo”.

“Que o Ressuscitado faça resplandecer a sua luz sobre os migrantes e aqueles que estão a passar por dificuldades económicas, oferecendo-lhes conforto e esperança em seus momentos de necessidade”, acrescentou.

“Que Cristo guie todas as pessoas de boa vontade a se unirem em solidariedade, para enfrentarem juntas os muitos desafios que as famílias mais pobres enfrentam na sua busca por uma vida melhor e pela felicidade”.

A mensagem de Páscoa deixou orações por todos os que sofrem com “a violência, os conflitos, a insegurança alimentar e os efeitos das alterações climáticas”.

Foto: Lusa/EPA/Agência Ecclesia

O Papa apelou ainda à defesa da vida e ao combate contra o tráfico de seres humanos.

“Quão frequentemente a preciosa dádiva da vida é desprezada! Quantas crianças não conseguem sequer ver a luz? Quantas morrem de fome, são privadas de cuidados essenciais ou são vítimas de abuso e violência? Quantas vidas são mercantilizadas pelo crescente comércio de seres humanos?”, perguntou, falando desde a varanda central da Basílica de São Pedro, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo].

“No dia em que Cristo nos libertou da escravidão da morte, exorto aqueles que têm responsabilidades políticas a não poupar esforços no combate ao flagelo do tráfico humano, trabalhando incansavelmente para desmantelar as suas redes de exploração e dar liberdade àqueles que são suas vítimas”, apelou.

“Que o Senhor console as suas famílias, especialmente aquelas que aguardam ansiosamente notícias dos seus entes queridos, assegurando-lhes conforto e esperança”, acrescentou.

No Domingo de Páscoa, dia da festa mais importante para a Igreja Católica, que assinala a ressurreição de Jesus, Francisco falou do “amor infinito de Deus” por cada um, “um amor que supera todos os limites e todas as fraquezas”.

O Papa recordou o relato dos Evangelhos, segundo os quais as mulheres que acorreram ao túmulo de Jesus encontraram a pedra “removida”, à sua entrada.

“O espanto das mulheres é o nosso espanto: o túmulo de Jesus está aberto e vazio! É aqui que tudo começa”, declarou.

“A Igreja revive o espanto das mulheres que foram ao sepulcro na madrugada do primeiro dia da semana. O túmulo de Jesus tinha sido fechado com uma grande pedra; e assim, ainda hoje, pedras pesadas, demasiadamente pesadas, fecham as esperanças da humanidade: a pedra da guerra, a pedra das crises humanitárias, a pedra das violações dos direitos humanos, a pedra do tráfico de pessoas e outras.

Francisco convidou a confiar em Deus para encontrar “o caminho da vida no meio da morte, o caminho da paz no meio da guerra, o caminho da reconciliação nomeio do ódio, o caminho da fraternidade no meio da inimizade”.

“Irmãos e irmãs, Jesus Cristo ressuscitou, e somente Ele é capaz de remover as pedras que fecham o caminho para a vida. Mais ainda, Ele mesmo, o Vivente, é o Caminho: o Caminho da vida, da paz, da reconciliação, da fraternidade”, apontou.

A cerimónia contou com a presença de dezenas de milhares de peregrinos e foi precedida pela execução dos hinos do Vaticano e da Itália, pelas bandas da Gendarmaria Pontifícia e dos Carabinieri, com as saudações militares da Guarda Suíça e das Forças Armadas italianas.

(Com Ecclesia)

 

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