A Páscoa Jesus é a “esperança nova” que esta noite santa “sai do túmulo”, afirma Bispo de Angra

FOTO: Igreja Açores/HS

“A Páscoa é verdadeiramente passagem a uma nova criação: das trevas do mal ergue-se uma criatura livre que participa da glória eterna, germina uma nova criação”- D. Armando Esteves Domingues

O bispo de Angra afirmou esta noite, na Vigília Pascal, que a Páscoa acontecerá sempre que um cristão conseguir olhar no rosto de alguém em dificuldade  e lhe levar a alegria da esperança  cristã, que a cada ano renasce com o anuncio da ressurreição de Jesus, na noite de Páscoa.

“Hoje cantamos a certeza de que o grito de alegria da noite de Páscoa proclama que todos os abismos do mal no mundo já foram engolidos por um abismo de bem. Este canto é um milagre que se torna possível!”, afirmou D. Armando Esteves Domingues na homilia da Vigília Pascal, a mais longa e intensa noite para os cristãos que vencem o vazio do sepulcro e se abrem a uma nova humanidade.

“Mesmo se o poder destruidor do mal ainda não acabou, mesmo se tantos continuam a chorar sob o peso da sua vida carregada de sofrimento e dor, mesmo se as nossas fragilidades não desaparecem magicamente, a liturgia desta noite santa manda-nos cantar o anúncio mais importante da história: o Senhor ressuscitou verdadeiramente!” enfatizou o prelado que recuperou o tema dos olhares que atravessaram toda a semana santa e que foram sublinhados por D. Armando Esteves Domingues, nas diferentes homilias proferidas.

Desta vez, o prelado recupera o olhar de Maria Madalena e das mulheres que a acompanhavam diante do sepulcro vazio e o olhar do anjo que fala de ressurreição e pede para que a anunciem, para desafiar os cristãos a terem coragem de ir ao encontro dos que precisam desta esperança de uma vida nova nomeadamente “quem chora a morte dos filhos ou de quem não tem os mínimos para lhes dar uma vida digna” ou a quem é preciso “limpar as lágrimas de alguém querido e já moribundo, para olhar os olhos tristes de um idoso abandonado”.

“Nesta noite santa, sai do túmulo uma esperança nova, que para nós tem um nome, um único nome: Jesus, o Senhor! Só o Senhor, que passou por todas as paixões dos homens, que experimentou e tomou sobre si todas as aflições, até ao ponto de sentir a solidão e o abandono de Deus e dos homens, pode indicar-nos o caminho da esperança, dando à nossa vida uma orientação de espírito e de coração”, afirma D. Armando Esteves Domingues.

Tudo isto “é possível se não confundirmos esperança com otimismo, alegria com euforia, paz com sucesso” afirma o bispo de Angra, que presidiu pelo segundo ano a todas as celebrações da Páscoa na sua catedral insular. Citando o poeta e dramaturgo Vaclav Havel, que foi chefe de Estado da República Checa,  o bispo de Angra lembrou que a esperança fundada na ressurreição de Cristo “é plena de significado”.

“A esperança dá significado à vida como à morte, à tristeza como à alegria, à luta por melhores condições de vida e à ajuda a quem não consegue habitação, alimentos e educação adequada”, disse.

“O que é mais forte: o ódio ou o amor? O que é mais fecundo: o egoísmo ou o dom de si? O que é mais necessário para que a existência floresça: a luz da verdade ou as trevas da mentira?” interpelou ainda convidando os fieis a serem “novas pessoas”.

“A Páscoa é verdadeiramente passagem a uma nova criação: das trevas do mal ergue-se uma criatura livre que participa da glória eterna, germina uma nova criação em que tudo será redimido, elevado, transformado, pacificado e imerso em Deus” porque o ressuscitado “assegura-nos um destino de vida”.

“Ele é a grande esperança da humanidade. A morte já tem o seu contrapeso de vida e diz-nos que toda a crise já tem a sua superação e toda a tristeza já tem a sua alegria. Esta é a verdade desconcertante que nos traz Jesus Ressuscitado”, concluiu.

A vigília começou com um ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus; o círio pascal foi abençoado, antes de o presidente da celebração inscrever a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ómega), e inserir cinco grãos de incenso, em memória das cinco chagas da crucifixão de Cristo.

A inscrição das letras e do ano no círio foram  acompanhadas pela recitação da fórmula em latim ‘Christus heri et hodie, Principium et Finis, Alpha et Omega. Ipsius sunt tempora et sæcula. Ipsi gloria et imperium per universa æternitatis sæcula’ (Cristo ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ómega. Dele são os tempos e os séculos. A Ele a glória e o poder por todos os séculos, eternamente).

O ‘aleluia’, suprimido no tempo da Quaresma, reapareceu em vários momentos da missa como sinal de alegria.

A celebração articulou-se em quatro partes: a liturgia da luz ou “lucernário”; a liturgia da Palavra; a liturgia batismal; a liturgia eucarística.

A liturgia da luz consiste na bênção do fogo, na preparação do círio e na proclamação do precónio pascal.

A liturgia da Palavra propôs 3 de sete leituras do Antigo Testamento previstas pela liturgia, que recordam “as maravilhas de Deus na história da salvação” e duas do Novo Testamento: o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão.

A liturgia batismal é parte integrante da celebração, pelo que mesmo quando não há qualquer Batismo, se faz a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas.

Do programa ritual constou, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal.

Nos primeiros séculos, as Igrejas do Oriente celebravam a Páscoa como os judeus, no dia 14 do mês de Nisan, ao passo que as do Ocidente a celebravam sempre ao domingo.

O Concílio de Niceia, no ano 325, apresentou prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa, conforme os cálculos astronómicos (primeiro domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera): de 22 de março a 25 de abril.

Em 1951, o Papa Pio XII mandou celebrar a Vigília Pascal de novo como nas origens, isto é, na noite do Sábado Santo para o Domingo da Páscoa; a reforma do Concílio Vaticano II confirmou esta disposição.

 

Jesus é a «esperança nova» que esta noite santa «sai do túmulo» – Bispo de Angra

«A liturgia desta noite santa manda-nos cantar o anúncio mais importante da história: o Senhor ressuscitou verdadeiramente», referiu

 

Foto: Agência ECCLESIA

Angra do Heroísmo, Açores, 30 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirmou, na celebração da Vigília Pascal, na Sé diocesana, nos Açores, que Jesus é a “esperança nova” que sai esta noite do túmulo e que só Ele pode indicar o caminho nesse sentido.

“Nesta noite santa, sai do túmulo uma esperança nova, que para nós tem um nome, um único nome: Jesus, o Senhor! Só o Senhor, que passou por todas as paixões dos homens, que experimentou e tomou sobre si todas as aflições, até ao ponto de sentir a solidão e o abandono de Deus e dos homens, pode indicar-nos o caminho da esperança, dando à nossa vida uma orientação de espírito e de coração”, disse D. Armando Esteves Domingues.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano referiu que a Páscoa é “verdadeiramente a passagem a uma nova criação: das trevas do mal ergue-se uma criatura livre que participa da glória eterna, germina uma nova criação em que tudo será redimido, elevado, transformado, pacificado e imerso em Deus”.

O Ressuscitado assegura-nos um destino de vida. Não um regresso à vida atual, mas uma ressurreição verdadeira, plena, total, da nossa carne, do nosso corpo, do mundo inteiro”

Segundo D. Armando Esteves Domingues, “Ele é a grande esperança da humanidade. A morte já tem o seu contrapeso de vida e diz-nos que toda a crise já tem a sua superação e toda a tristeza já tem a sua alegria”.

Na celebração, o bispo fez também referência ao “alegre canto do Aleluia” que durante a noite ressuou de novo na catedral.

“Mesmo se o poder destruidor do mal ainda não acabou, mesmo se tantos continuam a chorar sob o peso da sua vida carregada de sofrimento e dor, mesmo se as nossas fragilidades não desaparecem magicamente, a liturgia desta noite santa manda-nos cantar o anúncio mais importante da história: o Senhor ressuscitou verdadeiramente! Deixemo-nos guiar pelos olhares relatados”, convidou.

D. Armando Esteves Domingues destacou que é preciso coragem a cada cristão para enfrentar “os olhares de desespero de quem chora a morte dos filhos ou de quem não tem os mínimos para lhes dar uma vida digna”.

“É preciso coragem para limpar as lágrimas de alguém querido e já moribundo, para olhar os olhos tristes de um idoso abandonado, para sentir dentro de nós o peso dos nossos limites e pecados, e, mesmo assim cantar: Cristo ressuscitou, Aleluia”, frisou.

O bispo referiu que hoje se canta a certeza de que “o grito de alegria da noite de Páscoa proclama que todos os abismos do mal no mundo já foram engolidos por um abismo de bem”.

“Este canto é um milagre que se torna possível! É possível se não confundirmos esperança com otimismo, alegria com euforia, paz com sucesso”, salientou D. Armando Esteves, que aludiu ao político e poeta Václav Havel, que diz que “a esperança não é otimismo”.

“A esperança é a certeza de que o que estamos a fazer tem um significado. Quer tenha sucesso ou não”, citou.

“A esperança dá significado à vida como à morte, à tristeza como à alegria, à luta por melhores condições de vida e à ajuda a quem não consegue habitação, alimentos e educação adequada”, sustentou o bispo diocesano.

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