Bispo de Angra destaca “lição de sobriedade”que vem da gruta de Belém

D. António de Sousa Braga preside à missa da Noite de Natal, na Sé

O exemplo da familia de Nazaré deve ser “seguido” nesta “época de mudança” porque é uma “grande lição de sobriedade”, disse o Bispo de Angra durante a celebração da Noite de Natal, a que presidiu na Catedral de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

“Da gruta de Belém vem-nos uma grande lição de sobriedade de vida, muito necessária, nestes tempos conturbados de crise. Estamos, não apenas numa época de mudança, mas  numa autêntica mudança de época, que exige mudanças estruturais na vida em sociedade”, frisou D. António de Sousa Braga.

Um objetivo que, para o prelado diocesano só será possivel se existir “uma mudança qualitativa no estilo de vida pessoal, que não pode deixar-se dominar pela mentalidade consumista”.

“É a sobriedade que torna possível a partilha, para que o bem-estar chegue a todos e haja justiça” salienta, ainda, o Bispo diocesano.

“Com o nascimento de Jesus em Belém, pôs-se em marcha uma nova sociedade, baseada na justiça. O Messias-Salvador vem estabelecer na terra o Reino de Deus, para tornar possível a fraternidade universal, que implica justiça e amor. Não pode haver justiça sem amor, nem amor autêntico sem verdadeira justiça”, salienta ainda D. António de Sousa Braga.

Segundo o prelado, o  Natal de Jesus vem dizer que a vida e a história humanas têm um sentido e uma meta.

“Por maiores que sejam as dificuldades e os problemas, a vida não é um beco sem saída. Deus, `encarnando´, comprometeu-se com a humanidade.  Não é rival do ser humano, mas fonte de autêntico humanismo. Com Ele, tudo, sem Ele nada. Viver com piedade implica, pois, esta aliança com o Deus Encarnado, que nos faz olhar o futuro com esperança”, diz lembrando que  o Natal de Jesus “já marcou” de tal maneira a história humana, que se celebra na liturgia da Igreja e também na sociedade, ”através de símbolos, que não são assim tão profanos e seculares, como às vezes se insinua”.

Para D. António de Sousa Braga, muitos desses símbolos têm “profundas raízes cristãs”, como é o caso das luzes – Jesus “é a luz das nações”- da árvore de Natal- a “árvore da vida”- ou, até mesmo, o Pai Natal – São Nicolau, o Bispo de distribuia presentes pelas crianças pobres.

Além disso, rematou o Bispo de Angra, o Natal é a Festa da Família, porque “foi no seio de uma família, que o Verbo de Deus incarnou” e das crianças porque “Deus se fez Menino, entra no mundo, não como super-homem, mas na fragilidade de uma criança. Vem, não para dominar, mas para servir”.

Aliás o presépio, “o símbolo mais eloquente do Natal cristão”, como saleinta o responsável pela igreja católica nos Açores, que tem como figura central o Menino Jesus, “torna-se uma presença real na Eucaristia, celebração memorial da Sua presença atual no meio de nós”.

O Bispo de Angra, lembrou ainda, no final da homilia que “está muito bem beijar a imagem do Menino Jesus, como se beija a fotografia de uma pessoa amada”, no entanto, “ nada como tê-la presente  junto de nós”, todos os dias.

A solenidade de Natal na Catedral de Angra do Heroísmo, presidida pelo prelado diocesano e concelebrada pelos párocos da Sé, que foi transmitida pela RTP Açores e RTP Internacional, começou às 23h00.

Primeiro, com uma vigilia, como está previsto no Cerimonial dos Bispos.

A cerimónia começou com a Procissão de entrada, acompanhada pelo Hino, Incenção do altar e saudação inicial, Salmos, leituras e responsórios, terminado o segundo responsório, em vez do Te Deum, entoando-se o Gloria in excelsis Deo e, depois, seguiu-se a Missa da Noite de Natal.

A celebração foi cantada pelo Coro da Sé, acompanhado pelo Grupo Instrumental da Sé, dirigidos pelo Director Musical Litúrgico – Jorge Barbosa – que é o assistente directo do Mestre de Capela da Catedral, Pe Duarte Gonçalves Rosa, que este ano, de resto, assumiu as funções de “mestre de cerimónias” de toda esta solenidade.

 

Tiago Martins – flauta; Roberto Rosa: 1.ºtrompete; André Nunes-2.º trompete; Gonçalo Ormonde – trompa; Francisco Santos – tuba; Nuno Pinheiro –tímpanos e  Nelson Pereira–órgão, foram os instrumentistas que acompanharam o coro, sendo que as composições musicais são de António Cartageno, Ferreira dos Santos e Azevedo Oliveira e as antífonas, o glória e a cântico da comunhão da autoria do próprio Mestre de Capela.

A fim de “conferir mais leveza e frescura ao Ofício de Leitura”, optou-se por alternar o canto dos versículos ímpares (pelo coro) com a recitação dos pares (pela assembleia), sendo que o órgão acompanhou o canto, tendo-se subsitituído “o estilo salmódico por melodias estruturadas para texto com ritmo e métrica regulares”, segundo informa uma nota do Mestre de Cerimónias.

Para isso foram adaptados os textos, “sem prejuízo do conteúdo e da qualidade literária”.

O Bispo de Angra no dia de Natal vai celebrar na Gruta do natal, com a Associação de Montanheiros da Terceira, como já é tradição.

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