Igreja açoriana, Universidade e Guias Turísticos de mãos dadas para aprofundar investigação e conhecimento sobre património religioso

Foto: Igreja Açores/HS

Curso “(Re)descobrir o património religioso dos Açores” juntou mais de 70 pessoas nos últimos dois dias na Igreja do Colégio, Convento da Esperança e Convento de Santo André, em Ponta Delgada

O interesse demonstrado pelo curso “(Re)descobrir o património religioso dos Açores”, por parte de Guias Turísticos e agentes culturais, é um “desafio” para a equipa de investigadores que lidera o projecto DIO500 que vai elaborar a História religiosa dos Açores, no contexto das Comemorações dos 500 anos da diocese de Angra.

Nos últimos dois dias cerca de 70 Guias de Informação Turística nos Açores participaram presencialmente ou por meio digital no curso sobre Património Religioso e os parceiros desta iniciativa referem que “há um caminho de crescimento muito interessante”, que serve ambas as partes seja nas necessidades de informação reveladas pela Associação de Guias de Informação Turística dos Açores, seja da parte dos investigadores.

“Ainda temos um grande desconhecimento histórico sobre muitas realidades do nosso património imóvel mas sobretudo móvel- quando foi feito, o que determinou a escolha, porque foram escolhidos certos artistas, porque foram tomadas certas opções- e esta lacuna vai obrigar-nos a investigar mais e assim aumentar o nosso conhecimento sobre o que temos não só do património edificado mas das razões que levaram à sua edificação” disse ao Igreja Açores o padre Hélio Soares, membro da equipa coordenadora do projecto DIO500, uma parceria entre a Universidade dos Açores e a diocese de Angra.

“Foi muito importante : trouxe mais conteúdos aos guias e podemos dizer que esta formação deveria ser estendida a outros agentes culturais porque a Igreja nos Açores, tem um património muito rico “ referiu, por sua vez, Paulo Bettencourt, presidente da Associação de Guias de Informação Turística dos Açores.

“Aliás, a esmagadora maioria do património relevante é da Igreja e esta formação vem dar uma visão muito completa do património edificado” esclarece ainda.

“É uma forma de percebermos as necessidades de algumas áreas; para nós é um instrumento para remeter às equipas de investigação para vermos o que podemos fazer ao nível da história e do património alargando a investigação e isso será muito útil” afirma o padre Hélio Soares que encontra vantagens “mutuas” para que estas formações possam continuar e até “alargar-se a outros agentes” como os funcionários dos Museus ou de empresas turísticas privadas nos Açores.

“Este é um projecto piloto que nos tem surpreendido pela adesão- participaram neste encontro mais de 70 pessoas- e a partir dele há oportunidade de lançar outras iniciativas”, acrescenta o sacerdote.

Durante os dois dias falou-se do património edificado, nomeadamente datando-o em três grandes períodos- o inicio do Povoamento ainda sob a alçada da Ordem de Cristo; depois a integração na diocese do Funchal e depois da autonomização em 1534.

Por outro lado, deu-se nota das construção de Igrejas por parte das Ordens Religiosas e das iniciativas privadas, de votos, na sequência de intempéries, cruzando toda essa informação com a expressão da religiosidade popular, seja a que foi incentivada com o Concilio de Trento quer a influenciada pelo culto franciscano, que se traduzio numa piedade mais penitencial ao contrário da primeira que é mais eucarística e até mariana.

“Há  muitas influências diversas no nosso património móvel e imóvel  o que torna muito rico”, conclui o sacerdote.

A iniciativa, levada a cabo no âmbito do projecto DIO 500, uma parceria entre a Diocese de Angra e a Universidade dos Açores, que tem em vista a criação da História Religiosa dos Açores, conta com quatro conferências  sobre o património: “Apontamentos para a história religiosa dos Açores”, por Susana Goulart Costa, no dia 6 de fevereiro , entre as 10h00 e as 12h00 e depois de tarde, entre as 14h00 e as 16h00 “Os espaços sagrados: olhares sobre o Convento da Esperança”, pelo padre Hélio Nuno Soares. No Dia 7, entre as 10h00 e as 12h00, Isabel Albergaria interpretará “a Arte sacra açoriana” e, entre as 14h00 e as 16h00 Igor França irá apresentar uma comunicação.

Está já a ser equacionada uma formação nas Ilhas Terceira e do Faial.

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