O respeito é um valor

Renato Moura, colaboador do Sítio Igreja Açores

Por Renato Moura

Oficialmente vai agora iniciar-se uma das várias campanhas eleitorais de 2024. Mas há muito tempo se está já em campanha! Quem se quis procurar informar e teve paciência, já viu a maior parte dos chamados debates por ilha, para as eleições regionais. Cada qual os considerou bons ou maus, com cabeças de lista fortes ou fracos.

Quem não tem medo de o dizer, reconhecerá que para além da substância – quando a houve – nalguns casos se assistiu a persistentes cenas chocantes, não só em política, como na relação entre pessoas.

Não vale tudo; para ganhar nem tudo se justifica. A dignidade e a honradez deveriam pautar os comportamentos. Impõe-se ouvir em silêncio a opinião dos opositores, há o dever de considerar ou discordar, mas ainda assim deveriam ser respeitados como pessoas. Nem quando se responde, com firmeza e veemência, a algum que foi considerado insolente, se deve perder a compostura.

Nos Açores e lá fora são evidentes as tentativas de fazer parecer verdade, aquilo que na realidade se sabe que não é. Como também é costume, faz-se parecer que as eleições para os parlamentos são eleições para chefes de governos, o que não é verdade. Sabe-se que há chefes de governos a mandar nos deputados, mas também isto é virar a lei de pernas para o ar.

Nas eleições para as assembleias, obviamente, devem ser os candidatos a deputado a dar a cara, a construir, firmar e assumir os compromissos para com o povo eleitor. Devem ser estes a identificar-se e a honrar o seu próprio nome, pessoalmente, sem se esconderem atrás do nome do partido, da coligação, ou de qualquer outra figura, por mais importante que ela possa ser, ou por mais forte que se queira fazer parecer que é.

Em democracia não há nenhum nome que possa definir politicamente uma ideologia, ou sequer um projecto. É sempre ilegítimo o poder de um homem só, ainda que fosse para pôr fim à ditadura das minorias sobre a maioria. A nenhum democrata cai bem a postura de ostentação, ou a casaca da jactância.

Quem tem programa para aparecer deve assumir-se, com o valor e a firmeza dos seus projectos, sem receio dos riscos eleitorais, em vez de apresentar caras que se desejem enviadas para o cadafalso. Os projectos das forças políticas constroem-se pela positiva; devem fazer-se para ganhar as eleições com arrojo, em vez de tentar que os adversários as percam por enxovalho.

Como soí dizer-se «o respeito é uma coisa muito bonita»; é um valor humano cuja prática impede o autoritarismo. E a justiça sempre haverá de premiar a verdade, a lealdade e a honra.

 

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