Pode-se entender por “História” como estudo ou ciência dos acontecimentos passados baseados em factos objetivos.
A raiz da historicidade é sem dúvida a encarnação do homem, que torna possível e compreensível o que acontece e se manifesta como algo de novo. Por outro lado, o “mito” pode-se definir como narrativa de caráter simbólico, relacionada com dada cultura, que procura explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origem das coisas ou a causa das interações humanas. Estes conceitos poderão ter outras explicações e valências e correm sempre o risco de serem incompletas. Contudo, não é minha intenção entrar por esse caminho. Convido simplesmente a refletir acerca do Natal.
Os cristãos escolheram o dia 25 de Dezembro, originalmente destinado a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis), e adaptado pela Igreja Católica no séc. III, para permitir a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano, passando a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré. O nascimento de Jesus é um facto histórico. Isso é um dado de facto, é História. De tal modo que alterou a História da Europa e do próprio calendário. A raiz cristã da Europa é incontornável e não se pode disfarçar a sua identidade. Basta pensar na cultura, na saúde, no ensino, na política… Não faltam afirmações fáceis e ligeiras, que distorcem os factos e, pior que tudo, alimentam meias verdades. Os romances históricos estão na moda e arrastam consigo as mentes menos esclarecidas. Mistura-se a fantasia e a verdade.
Recordo-me que há poucos anos, em Londres, retiraram-se em muitos espaços públicos as referências a Cristo, para que não se ferissem as susceptibilidades e as sensibilidades dos membros de outras religiões e dos não crentes. O que resta então do Natal? As banalidades de mitos e histórias de pais natais, que se vendem e fazem vender coisas a preços desumanos. Tirou-se a realidade e a história para se introduzirem mitos e fábulas.
Esconde-se a matriz cristã da Europa, de um continente que parece envergonhado das suas origens. Será muito difícil dar a volta a isto. Serão necessárias várias gerações e muita garra e vontade dos cristãos para que se mude esta mentalidade. Mais que tudo perde-se paulatinamente o sentido de fraternidade, característica única e maravilhosa do Natal cristão.
Não nos podemos resignar. Todas as iniciativas verdadeiramente cristãs são de aproveitar. Pode-se ensinar, como tentam alguns, que o pai natal representa Deus Pai e que o seu maior presente é o Seu Filho. Pode-se dizer que os presentes são sinal dos presentes dados ao Deus Menino, e que, por isso, dar um presente é amar alguém. Pode-se informar acerca do sentido cristão da árvore de Natal, símbolo de vida e do nascimento de Jesus. Se fizermos compreender que toda esta festa significa generosidade e fraternidade, já percorremos um caminho que pode dar muitos frutos! O essencial é dar sentido, aproveitando estes símbolos para evangelizar. E neste caso, evangelizar é tirar o mito para repor a História! É simplesmente ensinar a verdade!
Pe Hélder Miranda Alexandre