Fim da sede vacante e chegada do novo bispo marca ano da Igreja católica nos Açores

Foto: Agência Ecclesia/HM

A entrada de D. Armando Esteves Domingues na diocese de Angra foi o principal acontecimento da Igreja insular, marcada pelo espirito da Jornada Mundial da Juventude, durante todo o ano,  e por um apelo a um caminho conjunto com “todos, todos, todos”, em jeito sinodal

O anúncio da nomeação ainda chegou em 2022 evitando quase dois anos de sede vacante mas a chegada do 40º bispo de Angra aconteceu a 15 de janeiro deste ano, reunindo toda a igreja portuguesa numa tomada de posse em território insular que arrisca ser a mais participada de todas. A Catedral de Angra acolheu a quase totalidade dos bispos diocesanos em funções e alguns auxiliares que não deixaram de acompanhar D. Armando Esteves Domingues no seu sim à Igreja insular.

A tomada de posse realizou-se no dia 14, diante do Colégio de Consultores e a entrada formal na Sé aconteceu um dia depois retomando uma tradição antiga na diocese insular: o bispo `entra´ na cidade a partir do cais da Alfândega, sobe em cortejo pelas ruas do coração de Angra e entra na sua catedral.

A tradição, cumprida também pelo seu conterrâneo D. João Maria Pereira do Amaral e Pimentel, 28.º bispo de Angra, foi mantida até aos dias de hoje pelos bispos titulares da diocese.

O responsável, até então auxiliar da Diocese do Porto, nasceu a 10 de março de 1957 em Oleiros, Diocese de Portalegre-Castelo Branco; em outubro de 1967 entrou no Seminário Menor de Viseu, em Fornos de Algodres, tendo concluído os estudos no Seminário Maior de Viseu em 1980.

Foi ordenado padre a 13 de janeiro de 1982, na Diocese de Viseu, por um bispo natural dos Açores, desempenhou funções como pároco, professor e EMRC, assistente regional do Corpo Nacional de Escutas, do Movimento de Educadores Católicos e do Movimento Equipas de Nossa Senhora.

Na Conferência Episcopal Portuguesa, D. Armando Esteves Domingues preside à Comissão Missão e Nova Evangelização.

Na primeira alocução, dirigida aos açorianos, afirmou que esta era a mais diocese do mundo porque era a sua diocese, deixando claro o itinerário que gostaria de seguir.

Mais tarde, no dia da entrada, na homilia que dirigiu a todo o clero, diocesanos, movimentos de apostolado e a todos os açorianos ali representados pelo poder civil, político e militar, completava este itinerário, dizendo que queria uma Igreja de portas abertas, “menos clerical” e onde todos os jovens tivessem “lugar e voz”.

“Gostaria de poder exercer um ministério aberto: a minha porta, a comunicação e coração estarão sempre abertos para todos: clérigos ou leigos, mais ricos ou pobres, mais idosos ou jovens, seja na casa episcopal ou em qualquer casa em outras ilhas. Que não se diga que o bispo anda sempre muito ocupado. Vou procurar marcar dias e horas de porta aberta, mesmo sem marcar”, proferiu o novo bispo de Angra na sua homilia.

D. Armando Domingues dirigiu-se os presentes como “caros amigos açorianos” e partilhou que ali chegou com a “mesma alegria e disponibilidade do primeiro “sim”, dado já na juventude”.

Como “segunda prioridade” o  bispo de Angra definiu o sínodo 2023/24 “que vem fazendo caminho” e onde “na escola da sinodalidade a vida da Igreja será mais participada por todos, menos clerical e mais capaz de compreender e dialogar com as novas culturas”.

“Não há célula mais sinodal que a família e, delas, podemos aprender melhor o que seja “caminhar juntos e unidos”! Atrevo-me a dizer: nada sem a família. Nada sem as “igrejas domésticas”! Os membros da família perceberão porventura melhor o clamor dos que pedem melhor acolhimento, que não sejam julgados ou até rejeitados”.

“A terceira prioridade” definida por D. Armando Domingues são os jovens e a Jornada Mundial da Juventude, como “uma oportunidade para um exercício prático do diálogo entre a Igreja e a sociedade civil”.

“Nenhum jovem açoriano deverá ficar de fora a ver passar os aviões ou os navios e não falo apenas dos ligados às paróquias ou Movimentos. Todos têm lugar e voz! A tudo o que tenha a ver com Jovens ou Jornada Mundial da Juventude, darei prioridade na minha agenda deste ano. Gostaria poder entrar também na vossa agenda e caminhar convosco”, indicou.

D. Armando Domingues pediu aos responsáveis, “padres, religiosos, animadores, dirigentes do CNE e outros Movimentos juvenis” para ajudarem na preparação e acompanhamento até à JMJ Lisboa 2023.

Na sua homilia houve ainda uma saudação à “comunicação social, ao mundo empresarial, da cultura, do associativismo, do desporto e das artes” e considerada a necessidade de “verdadeiros artistas que pintem a beleza de Deus e das suas criaturas”.

“Iremos conhecer-nos, se Deus quiser! Podeis contar comigo sempre “da melhor vontade”, como dizem os nossos escuteiros mais novos, os Lobitos”, prometeu.

O 40º bispo de Angra pediu ainda o “cuidado uns pelos outros”.

“Cuidemos uns dos outros, cuidai dos membros dos grupos de que fazeis parte, mas sempre e todos a olhar para o mundo à vossa volta. Nunca fechados! Fechados, morremos”.

Foto: Agência Ecclesia

A olhar o futuro D. Armando Domingues, de 65 anos, lembrou o “sonho do Papa Francisco para a Igreja”.

“Começaremos em breve a preparar a celebração dos 500 anos da nossa Diocese. Que Igreja queremos daqui a 10 anos? Sonhemos juntos para esta nossa diocese a Igreja da Esperança, capaz de galvanizar a todos. A Igreja nas suas expressões, não existe para si própria. Se a Igreja é a nossa casa, o irmão é a nossa vocação e missão”, referiu.

Aos sacerdotes, o novo bispo de Angra pediu um “presbitério unido, criativo e capaz de gerar vida e atrair vidas renovadas”.

“Um presbitério de homens de esperança e não acomodados e menos ainda desanimados. A vida precisa ser plena para nos fazer felizes”.

No fim da celebração, dois jovens ofereceram uma cruz peitoral a D. Armando Domingues, com uma referência ao culto do Divino Espírito Santo, a qual agradeceu e prometeu “caminhar com todos”.

E, assim tem feito: já esteve em todas as ilhas, reuniu-se sobretudo com jovens, que crismou, ouviu e respondeu às suas interrogações, tendo a juventude sempre presente e com os jovens assinou um dos compromissos mais relevantes da diocese este ano: o Pacto da Montanha, assinado no topo da montanha do Pico, lugar de envio de parte dos jovens açorianos que participariam mais tarde na Jornada Mundial da Juventude.

“Nós como cristãos assumimos esta responsabilidade, não só com o próximo, mas com o mundo e com o nosso ecossistema. É o respeito pelos seres vivos, pelo equilíbrio em tudo o que está à nossa volta e assumir a responsabilidade de cuidar da casa comum”, afirmou na ocasião à agência Lusa, na cratera do Pico, Susana Cabral, porta-voz do grupo.

O Pacto da Montanha foi subscrito no final da eucaristia no topo do Pico, celebrada pelo Bispo de Angra e Ilhas dos Açores, Armando Esteves Domingues e que na véspera liderou a subida ao ponto mais alto do país, a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Ao todo, a iniciativa designada “Mais Perto do Céu” juntou 129 pessoas (dos quais 116 jovens) no ponto mais alto de Portugal, entre jovens, voluntários da JMJ e outras figuras do clero.

Susana Cabral realçou que o ecossistema “não são apenas as plantas e os animais”, sendo necessária uma “responsabilidade geral” que resulte num “maior cuidado na interação entre os seres humanos”.

“O planeta Terra está a gritar por cuidado. Todas as formas, seja através de um pacto, seja através de acordos, são importantíssimas para que todos tomem essa consciência. Cada um, em pequenos gestos, tem um papel muito importante para o futuro do nosso planeta”, vincou a natural da ilha de Santa Maria.

A celebração do bispo Armando Esteves Domingues decorreu no mesmo local da cratera onde aconteceu a missa de 1954 (que até hoje era a única liturgia registada na montanha), tendo sido utilizado o mesmo altar (construído em pedra), que continua erguido após várias décadas.

“Subir o Pico é um sonho para tanta gente – e também o era para mim. Vencer as dificuldades, celebrar aqui [na cratera] e assinar um pacto, que é um pouco como um cheque em branco onde está a nossa vida”, afirmou o bispo em declarações aos jornalistas, após a cerimónia.

Para D. Armando Esteves Domingues, o pacto tem um “significado muito simples”: fazer com que todos se “comprometam com a fraternidade universal” e com a “criação”.

“O homem vive hoje tremendamente ameaçado por tanto riscos e por tantos perigos, alguns dos quais vêm do desrespeito pela natureza. Há aquela máxima de que Deus perdoa sempre, o homem perdoa às vezes, mas a natureza nunca perdoa. O mal que lhe fizemos pagá-lo-emos”, assinalou.

E concluiu: “Para estes jovens e para esta juventude, este pode ser um pacto que os motiva para o futuro porque precisamos todos de ser muito mais proativos”.

Nessa mesma semana, ainda existiram mais duas missas de envio: uma em São Miguel e outra na ilha terceira. Em ambas, o bispo de Angra deixou um apelo aos jovens: “Ide e voltai, por favor. Não fiqueis lá porque precisamos de vós. Precisamos de multiplicar pela nossa diocese, cidade, paróquia, bairro, lugar de estudo ou trabalho o hábito de `ter pressa´ para ver um mundo melhor, pessoas e povos em paz, toda a criação amada e defendida porque só temos uma terra” disse D. Armando Esteves aos jovens que participaram na missa campal no adro do Santuário do Senhor Santo Cristo, igreja JMJ de Ponta Delgada.

Foto: Igreja Açores

Foi a primeira de duas Missas de envio dos 900 jovens açorianos que participaram na Jornada Mundial da Juventude.

“Ide e trazei Jesus nas vossas vidas, nunca o deixeis de parte. Vinde, por favor, para dizer se valeu a pena e se vale a pena gastar a vida por ideais que não se resumem numa foto”, pediu o bispo de Angra.

O responsável desafiou os jovens a aproveitar este momento para “se encontrarem com Jesus”, para “fortalecer convicções”, “estabelecer compromissos pessoais e universais na defesa da pessoa humana” a começar “pelas periferias do mundo, pelos homens e mulheres esquecidos, desprezados e explorados.

“Somos sementes do mundo do futuro, sonhai esse futuro… sonhai um mundo novo, onde todos possam viver em paz, justiça e amor. Só o amor pode colocar Deus de novo no centro da vida, da criação e da história comum dos homens e mulheres”, disse ainda.

D. Armando Esteves deixou uma saudação particular para os peregrinos que escolheram o arquipélago dos Açores para viver os ‘Dias nas Dioceses’, programa religioso e cultural que prepara a celebração da JMJ, em Lisboa.

“Que alegria receber estes jovens das Américas, da Europa e da Ásia. Sinto-me feliz porque me entra pela casa dentro alguém que me traz Jesus. Estes jovens são mensageiros. Trazem nas suas entranhas Jesus e nós como família de acolhimento gostaríamos de exultar de alegria. Obrigado a todos os que vêm destes países estrangeiros”, sublinhou.

As famílias açorianas receberam 185 jovens, oriundos de cinco países, num programa que se estendeu pelas ilhas de São Miguel e Terceira, com actividades culturais, sociais e espirituais.

Na ilha Terceira foram acolhidos  45 jovens provenientes  de Madison, nos EUA e em São Miguel foram acolhidos pelas famílias 42 jovens de Guadalajara (México), 58 de Prince Albert e Vancouver (Canadá), 24 de Nova Iorque (EUA), 15 jovens de Aachen (Alemanha ) e 1 de Baucau (Timor-Leste).

“Serão dias de cultura para dar a conhecer a nossa Ilha mas também de partilha das vivências da fé” afirmava na ocasião ao sítio Igreja Açores o padre Hélder Miranda Alexandre, responsável pela pastoral juvenil da ilha Terceira.

“Penso que se criarão laços de amizade com as famílias e jovens de cá, que poderão incentivar intercâmbios futuros” acrescenta ainda o sacerdote.

Também em São Miguel dezenas de famílias acolheram os jovens que se deslocaram até à ilha para celebrar o Dia das Dioceses. Em Lisboa participaram jovens de todas as ilhas. Na noite da Vigília o bispo ficou com eles no recinto de oração, no Parque Tejo.

Foto: JMJ

“A JMJ foi e é um pretexto: mais que um acontecimento tem de ser o início de um processo de conversão e encontro, de compromisso e ação”, disse o padre Norberto Brum.

Segundo o coordenador do COD de Angra para a primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude em Portugal, este encontro “abriu caminhos, despertou entusiasmo e veio dar prioridade e espaço aos jovens nas paróquias e comunidades, e fez com que os jovens entendessem que conseguem, que são importantes e são chamados a ser protagonistas na própria Igreja”.

“A JMJ 2023 veio desacomodar-nos, desinstalar-nos, provocar-nos e, sobretudo, veio colocar a Pastoral Juvenil como uma prioridade, não apenas neste agora, neste nosso presente, mas sempre”, afirmou.

“Para nós, mais importante que a JMJ é o seu pós: A JMJ tem de revitalizar os nossos jovens, despertá-los para o bom e o belo da Igreja, das comunidades e fazer com que, partindo desta vivência, sejam protagonistas de um tempo novo, de mais e melhor pastoral juvenil, partindo do envolvimento e compromisso de todos, onde os jovens são protagonistas e os processos contam mais que os eventos”, desenvolveu.

A jornada foi um sucesso de mobilização e o Parlamento Regional assinalou-o com o voto de congratulação pelo evento mas, sobretudo, sublinhando todo o contexto preparatório das “catequeses, acções de formação e informação”, sendo que, todos os meses, a cada dia 23, as paróquias JMJ do Arquipélago assinalavam o evento. Também a passagem dos símbolos da JMJ – a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani – por todas as ilhas dos Açores foi outro momento marcante na Diocese de Angra e que envolveu centenas de jovens açorianos.

“Caminhar com todos” é, de resto, o desafio proposto pela diocese para o próximo Biénio. O Itinerário Pastoral foi apresentado no dia 26, precisamente na Solenidade do Cristo rei, que pelo segundo ano consecutivo celebra, igualmente o Dia Mundial da Juventude e as jornadas diocesanas. Em angra, os jovens testemunharam o que foi a participação nas jornadas e deixam desafios futuros.

 

Neste dia foi também apresentado o Itinerário Pastoral para o próximo biénio-2023-2025.

Do Itinerário Pastoral para o próximo biénio- 2023-2025- ficam várias propostas.

O Itinerário 2023-2025 valoriza o “trabalho de auscultação e estudo”, afirmando que “ainda falta muito que fazer” e que é necessário “abrir as portas”, pois “só com o contributo de todos se pode construir uma Igreja mais abrangente e sinodal”.

“Não partimos do zero, mas também temos consciência de que ainda não chegámos ao tempo de dizer que tudo está pronto para começar um plano. Além disso, há fatores que exigem novas abordagens: aproveitar as dinâmicas criadas pela Jornada Mundial da Juventude; preparar e viver o Jubileu da Esperança; acompanhar o Sínodo Universal em Roma”, refere o documento.

A Diocese de Angra vai assinalar 500 anos de história em 2034 e deseja preparar essa data jubilar com planos plurianuais que vão ser definidos através do itinerário proposto para toda a diocese par aos próximos dois anos, em torno de três laboratórios, enquanto tempo de “trabalho e experimentação concretos”: o da sinodalidade, da fraternidade e da esperança

“Sendo concomitantes, estão em função uns dos outros: o laboratório da sinodalidade, estrutural, estará em função do laboratório da fraternidade, centrado nas opções pastorais e que, por sua vez, estará em função do laboratório da esperança, celebrativo e de preparação próxima para o Plano 2025-2034”, esclarece o documento.

“Agilizar, descomplicar, desburocratizar” são os objetivos dos laboratórios, que incluem propostas como “fazer uma sondagem pelos cristãos mais afastados”, “combater o excesso de clericalismo de que ainda padece a Igreja”, “redimensionar os desafios da Jornada Mundial da Juventude”, repensar “grandes opções pastorais” e “aprofundar o conceito de esperança cristã e as suas concretizações”, tendo por horizonte o Jubileu 2025, celebrado na Igreja Católica a partir do tema “Peregrinos da Esperança”.

Neste ano pastoral, o bispo foi aos Estados Unidos, visitar parte da diáspora açoriana. Em Turlock, em Agosto, presidiu à festa de Nossa Senhora da Assunção e em setembro preside em Fátima à peregrinação Internacional Aniversária que celebra a quinta e penúltima aparição de Nossa Senhora aos três Pastorinhos.

Neste verão, o bispo de Angra presidiu, ainda, à inauguração e dedicação da Igreja de Pedro Miguel no Faial. Esta Igreja é a penúltima a ser reconstruída depois do sismo de 98.

“ O verdadeiro templo somos nós, todos juntos e cada um” afirmou D. Armando Esteves Domingues desafiando a comunidade, que se empenhou de forma dedicada à angariação de fundos para ajudar na reconstrução desta Igreja, a penúltima a ser erguida das 13 igrejas afetadas pelo sismo de 1998, a lançar mãos à obra de um “desafio ainda maior”.

“Que venha também para vós, agora, o desafio verdadeiro: ser comunidade a renovar-se, igreja nova a construir-se. Caminhai todos, caminhai juntos, como Igreja de Cristo, casa de família”, disse o prelado.

Durante este primeiro ano de episcopado, D. Armando Esteves Domingues concedeu três entrevistas a órgãos de Comunicação Social: a primeira logo quando entrou, à RTP Açores; a segunda ao Jornal Voz da Fátima, em outubro e agora uma entrevista à Agência Lusa e Agência Ecclesia), onde falou de temas que marcaram a vida da Igreja neste ano particularmente difícil em que se conheceram os números dos abusos sexuais praticados por membros da Igreja ao longo dos últimos 50 anos.

No dia 14 de fevereiro, quando foi conhecido o resultado da investigação levada a cabo pela Comissão Independente, liderada por Pedro Strecht, por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, ficou a saber-se que o relatório apontava para a sinalização de 8 casos de abusos em cinco ilhas dos Açores. Nesse mesmo dia, o prelado reagiu em conferência de imprensa deixando a garantia de que as vitimas estariam sempre em primeiro lugar e a diocese teria tolerância zero para com os abusadores. No dia 8 de Março a diocese informava Diocese o inicio da  investigação aos dois nomes de sacerdotes denunciados à Comissão Independente por alegados abusos.

O bispo de Angra presidiu ainda às principais festas religiosas dos Açores, nomeadamente às festas de 3 dos cinco santuários diocesanos que também estiveram sintonizados com o lema da JMJ de Lisboa.

Em Ponta Delgada, no Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, apela à renovação da Igreja e ao fim de uma cultura individualistas.

“A coesão social depende muito dos bons ou maus vizinhos, dos olhares atentos ou alheios. Mais ainda, no essencial trata-se de amadurecer uma diversa visão antropológica já inscrita na humanidade de Cristo: passar de um eu individual e egoísta, tendencialmente fratricida ou pronto a dizer mal, a um eu inclusivo e hospitaleiro; sair de um modo de viver concentrado sobre si mesmo, para criar espaço dentro de si para o outro”, afirmou D. Armando Esteves, na homilia da Missa a que presidiu no campo de São Francisco, no dia 14 de maio.

Na serreta, no dia 10 de setembro, no encerramento da festa deste ano e depois de ter pregado o último dia do novenário, D. Armando Esteves Domingues insistiu no pedido aos Jovens para que sejam  “aceleradores” das “mudanças urgentes na Igreja e no mundo”.

Já no santuário de Nossa Senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro, apresentou Maria como o exemplo do que a Igreja deve ser para o mundo: sinal de disponibilidade, serviço e fidelidade.

“Nós somos um povo mariano: uma ilha com dois santuários consagrados a Nossa Senhora e este povo simples é devoto desde 1640, quando os reis portugueses coroaram Nossa Senhora, mesmo ainda antes do dogma da Imaculada Conceição ser definido e aceite pela Igreja. Desde então, Nossa Senhora passou a ser rainha do coração e da alma portuguesa”, afirmou o prelado.

“Temos na alma bem vincada esta devoção e gravada na nossa convivência e no acolhimento esta alma de Maria”, enfatizou D. Armando Esteves  Domingues que apresentou a Mãe de Jesus como uma “flor única da humanidade” que nos ensina “o poder do amor”, sempre a partir de Deus.

Também visitou o santuário do Santo Cristo da Caldeira, mas fora do tempo da festa.

Depois de uma caminhada a pé de cerca de duas horas, por um dos trilhos que permite a descida até à Fajã do Santo Cristo, na ilha de São Jorge, na companhia do ouvidor, padre Manuel António Santos, o Bispo de Angra presidiu pela primeira vez a uma eucaristia no Santuário do Santo Cristo da Caldeira, o mais pequeno dos cinco santuários diocesanos.

Numa homilia improvisada, D. Armando Esteves Domingues partiu da palavra proclamada este domingo para falar do acolhimento e da valorização do outro como dom de Deus.

Inaugurou, ainda, a festa do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada com uma conferência de abertura.

O principal desafio da Igreja, e da sociedade, passa por encontrar lideranças de “serviço e de comunhão” que privilegiem a ação e o trabalho conjuntos em vez de estruturas verticais de comando que podem criar iniciativas mas não desenvolvem comunhão, afirmou então o bispo de Angra na conferência de abertura da XX edição das Festas do Divino Espirito Santo de Ponta Delgada, intitulada “A sinodalidade ao serviço da fraternidade humana”, na qual deixou um apelo a que estas festas privilegiem a “fraternidade e a partilha” e não contribuam para o esvaziamento da tradição local.

“Não podemos correr o risco de a deixar perder força nos lugares de origem” afirmou recordando que sempre que se tentou “controlar” os seus dinamismos próprios “todos saíram a perder”.

Foto: Igreja Açores

Este foi também um tempo de mudanças na Diocese, sobretudo ao nível da liderança. O anúncio da primeira surgiu em julho: novo vigário geral, cónego Gregório Rocha; novo Vigário episcopal para o clero e formação, padre José Júlio Rocha; novo reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo, cónego Manuel Carlos Alves e novo reitor do Seminário Episcopal de Angra, padre Emanuel Valadão Vaz.

No Seminário iniciou-se um novo modelo formativo, em que a equipa formadora integra também leigos.

O novo ano letivo no Seminário de Angra começou no dia 20 de setembro com seis alunos nos terceiro e quarto anos e dois novos alunos, no `ano zero´, que iniciarão um modelo formativo novo. Os dois novos seminaristas, que frequentarão o ano propedêutico, cumprirão o ano entre o Seminário e a residência da família, integrados na comunidade paroquial onde sempre viveram. Haverá igualmente mudanças na composição da equipa formativa que passa a contar com leigos: uma psicóloga e um casal, para além do reitor e diretor espiritual.

“Esta nova dinâmica pretende alargar os protagonistas na caminhada, isto é, queremos ter mais gente a contribuir para o discernimento dos candidatos ao sacerdócio e, simultaneamente, mais condições para os próprios candidatos poderem crescer humana e espiritualmente”, refere o padre Emanuel Valadão Vaz, o novo Reitor do Seminário Episcopal de Angra.

“Esta solução é muito desafiante e pode dar frutos:  é preciso que o Seminário esteja mais no imaginário dos jovens e, quanto mais pessoas estiverem envolvidas, melhor” acrescenta, ainda, salientando que estes são os primeiros passos que a instituição, em colaboração estreita com o bispo diocesano, pretende desenvolver.

Foto: Igreja Açores/Seminário de Angra

Neste ano pastoral, a diocese de Angra fez-se representar com uma das maiores delegações de sempre nas Jornadas nacionais de catequistas, que decorreu em Fátima. Praticamente todas as ilhas estiveram representadas.

A catequese “é uma missão de todos e fazer compreender isso é um desafio diocesano” afirmou na ocasião o Diretor do Serviço Diocesano da Catequese, Missão e Evangelização, padre Jacob Vasconcelos

“A catequese não serve para ocupar territórios, mas para proporcionar uma experiência de encontro com Jesus Cristo, e por isso é uma tarefa de todos os agentes de pastoral, onde a família tem um papel preponderante” afirmou o padre Jacob Vasconcelos, lembrando que o novo itinerário que está a gora a ser delineado é “um desafio e uma oportunidade”.

Na ilha Terceira, realizaram-se as jornadas de Liturgia, no mês de novembro. A iniciativa, do Serviço de Liturgia da Ilha Terceira em colaboração com as paróquias da zona oeste da Ouvidoria de Angra, reuniu diversas propostas destinadas a diferentes agentes da pastoral litúrgica, informa uma nota enviada ao Sítio Igreja Açores.

“Leitores, grupos corais, ministros extraordinários da comunhão e equipas de ornamentação e limpeza irão aprofundar a importância das suas funções na vida litúrgica das comunidades paroquiais”.

Em São Jorge foi desenvolvida uma ação de formação doutrinal para catequistas.

Em São Miguel, a 28ª Semana Bíblica ajudou a conhecer melhor os Salmos. Organizada pelo Secretariado Bíblico de São Miguel, este momento de oração e reflexão, decorreu no salão paroquial da Maia, ouvidoria dos Fenais da Vera Cruz, foi orientado pelo padre Francisco Ruivo. A proposta de “Rezar com os Salmos” visou preparar o ano da oração, que será celebrado em 2024, e que se assume como o pórtico do Jubileu da Esperança, agendado pelo papa Francisco para 2025.

O II Dia diocesano da família foi celebrado a 17 de maio, sem São Miguel.

No mês da oração pelas vocações, três seminaristas foram instituídos no ministério de acólito.

“Servir é o grande ministério. Mostrai-o” disse o bispo de Angra aos três seminaristas que no domingo do Bom Pastor foram instituídos no ministério de acólito.

O V Encontro de Reflexão sobre o tema “A Família nas suas Idades”, promovido pela ouvidoria da Praia no âmbito da formação anual.

No Nordeste celebraram-se os 500 anos da devoção a Nossa Senhora do pranto. Romeiros, ouvidoria e autarquia envolveram-se nas comemorações.

Aliás este ano, regressaram em pleno as romarias quaresmais de São Miguel, numa altura em que os romeiros assinalaram os 500 anos desta enorme mobilização de homens pelas estradas de São Miguel.

O Seminário promoveu as V Jornadas de Teologia, com um programa intimamente relacionado com as comemorações dos 500 anos da diocese de Angra.

No dia da Região, as misericórdias da Terceira foram agraciadas com a Insignia de Mérito Cívico nos Açores.

 

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