O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) considera que os próximos tempos “vão ser difíceis” e apela à união de todos no contexto desfavorável do país.
“Estamos preocupados porque, embora o Estado tenha gasto mais dinheiro nesta área, os custos aumentaram imenso com a inflação e a preocupação com os próximos tempos são visíveis”, disse Manuel Lemos, hoje, à comunicação social após a cerimónia de tomada de posse para o sexto mandato como presidente da UMP.
Os discursos “radicais e populistas” também preocupam o presidente da União das Misericórdias Portuguesas e, por isso, a UMP pensa escrever “um documento aos partidos políticos” sobre a área do setor social.
A União das Misericórdias Portuguesas realizou, esta quarta-feira, a cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais para o quadriénio 2024-2027, na capela de Santo António, em Lisboa.
“Vamos ter vários períodos eleitorais e não se preveem maiorias claras, o que pode conduzir a um período de falta de interlocutores de pleno direito, e, nesse caso, mais declaração, menos declaração do Governo e das oposições, as pessoas e as nossas Misericórdias vão continuar a sofrer. E a palavra de ordem vai ser “aguentar mais uma vez a todo o custo”.
“Mas, quem suportou a troika, quem superou o Covid e quem enfrentou a inflação, saberá, com toda a certeza, ultrapassar as incertezas que teremos pela frente. Se estivermos juntos e se necessário, expulsar os vendilhões do templo. Porque, sem prejuízo dos rigores da boa gestão, não podemos, de modo algum, fechar os olhos às noções mais essenciais de humanidade e solidariedade, entre cidadãos de uma mesma civitas, entre compatriotas, entre aqueles que, por pertencerem à mesma pátria, partilham o passado, o presente e o futuro”, disse Manuel Lemos aos presentes.
Na cerimónia, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Traquina, disse aos órgãos sociais que desejava um mandato “cheio de bondade em prol dos mais necessitados” e o presidente da Assembleia Geral da UMP, José Silva Peneda, realçou que as Santas Casas da Misericórdia são “um pilar para a sociedade e auxiliam muitos milhares de pessoas diariamente”.
“As Misericórdias são um instrumento essencial do exercício da liberdade” e “são também inovadoras nesta sociedade complexa”, apontou José Silva Peneda.
Manuel Lemos, que abraçou, “há mais de 20 anos”, o projeto da UMP, tem um “pensamento estruturado e pensa como age e age como pensa”, disse José Silva Peneda.
As Misericórdias “cresceram muito”, mas Manuel Lemos e a sua equipa pretendem “contribuir para uma sociedade mais justa e digna”.
“Vestir a camisola dos mais necessitados com criatividade e inovação” e a “solidariedade coletiva junto dos mais envelhecidos” são dois pilares para do novo mandato.
No passado dia 6 de dezembro, 334 de 387 Misericórdias Portuguesas votaram para a eleição dos órgãos sociais para o quadriénio 2024/2027, naquele que foi o ato eleitoral mais participado de sempre. O atual presidente da UMP, Manuel de Lemos, foi reeleito pelas Santas Casas portuguesas, mantendo-se na liderança do setor social nacional e assumindo agora o seu sexto mandato na UMP.
A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) é uma associação de âmbito nacional, criada em 1976 para orientar, coordenar, dinamizar e representar as Misericórdias, defendendo os seus interesses e organizando atividades de interesse comum.
Enquanto promotora da economia social, a UMP tem pautado a sua atuação pelo diálogo entre as Misericórdias e os diversos parceiros institucionais, participando ativamente na definição e execução de políticas públicas sociais, com o objetivo de assegurar respostas sociais e de saúde que contribuam para o desenvolvimento de uma rede de apoio para o bem-estar da população.
(Com Ecclesia )