Com alguma frequência guardamos mágoas…
Quer tenha sido alguma crítica, discussão, mentira ou traição, o mais provável é que todos tenhamos um rosário de pessoas que nos magoaram ou nos causaram sofrimento. Ficamos ressentidos e sinceramente não queremos ou não achamos justo perdoar quem nos fez sofrer. Pergunta: o que será que torna tão difícil perdoar quem nos magoou?
Pensamos que ao perdoar estamos a deixar passar em branco uma injustiça.
Estamos a deixar a pessoa malsã sair ilesa, mesmo quando nos causou tanto sofrimento. Contudo… que justiça é manter-nos agarrados à dor? Agarrados àquele peso? … Que espécie de castigo queremos infligir ao outro com a nossa intransigência? Ou então, procurarmos a todo o custo repor justiça em forma de vingança pessoal? Facilmente, escutamos dizer: eu nunca vou esquecer essa ofensa! Contudo, perdoar não implica esquecer a dor que os outros nos provocaram, nem que seja porque o que esquecemos ou não, depende pouco da nossa vontade. O que depende de nós é deixar de lado as culpas e ressentimentos, e perdoar.
Às vezes, achamos que é preciso acontecer alguma coisa extraordinária para perdoar outra pessoa. Se fizermos depender o perdão, do arrependimento daquele que nos ofendeu ou de alguma inspiração caridosa para avançarmos com o perdão, mais vale puxar uma cadeirinha para nos sentarmos, porque tais impulsos altruístas demoram a chegar… possíveis sim, mas corremos o sério risco de desperdiçar uma vida inteira à espera que isto aconteça, enquanto somos consumidos com sentimentos que nos envenenam a alma.
Temos, ainda, um gosto especial em desempenhar o papel de vítima. Tendo sido magoados, por vezes retiramos alguma espécie de gozo da autocomiseração e do sentimento de impotência. Preferimos o conforto de ter razão ao desafio da reconciliação, abrindo caminho para que a graça de Deus faça o restauro do nosso espírito.
Olhando objetivamente: a irritação, a dor e o ressentimento não alcançam nada. Só nos impedem de viver melhor. Ficar agarrado ao ressentimento é como comer um prato de veneno e esperar que faça mal à outra pessoa. Quem sofre não são as pessoas que nos magoaram, somos nós.
A forma de nos libertarmos desse ressentimento é simples: perdoarmos quem nos magoou. É um exercício bastante árduo, mas verdadeiramente libertador.
Largar a dor, abrir mão da culpa, purificar o ressentimento: é perdoar, é perdoar-se, é nascer do novo. Para começar um ressentimento são precisas duas partes, para terminá-lo basta apenas uma querer.
Ao perdoar outra pessoa, libertamo-nos. Ficamos livres do passado – do que nos magoou e fez sofrer – e ficamos abertos ao PRESENTE, a tudo o que pode acontecer de surpreendente e fascinante. É uma espécie de dieta imediata: libertamo-nos de toneladas de gorduras tóxicas ao espírito, de sofrimento pesado que carregávamos e para mais nada servia. Assim, reapareceremos no esplendor da elegância espiritual, na nobreza de uma alma lavada, limpa e pura como a luz.
Perdoar também liberta a outra pessoa. Não só a outra pessoa pode sentir-se melhor ao estar connosco, como ela ganha capacidade de perdoar outros. Quem faz a experiência de ser perdoado tem mais facilidade em perdoar outras pessoas.
Há quem ache que o perdão é uma coisa utópica ou infantil, mas não podia estar mais longe disto. O perdão não é para crianças nem para quem vive em mundos de fantasia. É para pessoas com maturidade e com coração magnânimo. É para quem quer uma vida melhor.
É altura de largar o peso desnecessário que andamos a carregar.
É altura de perdoar, para que haja Paz e Feliz Natal para todos!
O MENINO JESUS seja sempre o nosso MELHOR PRESENTE
P.e Paulo Borges