Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição celebram 125 anos da morte da sua fundadora, Beata Maria Clara do Menino Jesus

Foto: Imagem retirada da transmissão nas plataformas digitais

Iniciativa que decorreu na Casa Mãe, em Queijas, foi difundida nas plataformas digitais e aliou momento cultural com uma reflexão sobre a Hospitalidade num mundo global, conduzida pelo padre José Frazão, diretor da revista Brotéria

A Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, a única congregação que teve até há bem pouco tempo uma província com sede nos Açores e tem atualmente casas em cinco ilhas dos Açores, celebrou este sábado os 125 anos da morte da sua fundadora, Beata Maria Clara do Menino Jesus.

A celebração, dividida em duas partes, contou com uma reflexão do padre jesuíta José Frazão sobre a “Hospitalidade na era da mobilidade e da globalização”, seguindo-se  depois um painel com vários intervenientes, que testemunharam, cada um no seu carisma a experiência da hospitalidade concreta.

O sacerdote Jesuíta centrou a sua reflexão em sete pontos a partir dos quais se pode refletir e desenvolver a hospitalidade como carisma, o que implica sempre uma “enorme radicalidade” configurada a Jesus: “uma disponibilidade para passar das regras naturais da vida para uma lógica de disponibilidade para dar a vida pelo outro, vendo para além do umbigo, considerando sempre o outro que é amigo, que é estrangeiro até ao acolhimento do inimigo”.

O padre José Frazão, que teve sempre presente a questão dos refugiados, sobretudos dos migrantes que atravessam o mar Mediterrâneo, lembrou que a Igreja Católica tem a “missão de contribuir para que os projectos políticos em Portugal se distingam pela hospitalidade”.

“Não se pode abrir as portas aos estrangeiros sem mais, numa lógica do salve-se quem puder, mas eu gostava que Portugal pudesse acolher bem todos os que querem vir e este acolher bem significa cuidar e integrar. Isto eleva-nos como país e a Igreja católica não pode ficar indiferente a esta realidade”, afirmou o diretor da revista Brotéria.

Para o sacerdote a hospitalidade sendo uma condição própria da relação humana não nos torna intrinsecamente hospitaleiros porque “todos temos medos, todos desconfiamos dos que são diferentes de nós, seja pela religião, pela cor da pele ou até por pensarem diferente de nós”.

Por isso, prosseguiu, “é mais fácil ouvir-se quem exclui do que quem inclui” porque a inclusão “é mais exigente”.

“Isto verifica-se nos partidos políticos e devemos estar atentos pois quem fala de exclusão faz-se ouvir mais facilmente. Nós não somos naturalmente hospitaleiros com aqueles que não frequentam o nosso círculo de amigos e de conhecimentos”, disse ainda.

“A hospitalidade traduz-se em políticas públicas, que têm de ser corajosas” enfatizou recordando que quem atravessa o Mediterrâneo, arrastando consigo a família, crianças, pondo em causa a sua própria vida e a dos seus corre riscos e “se quisermos ser hospitaleiros não podemos ter medo” ainda que “nos apareçam como potenciais terroristas, maltrapilhos ou com outra religião”.

“Excluí-los, não querer saber se morrem ou se vivem é declinar a hospitalidade” e , ao contrário do que se possa pensar, sublinhou, “o risco de acolher estrangeiros e diferentes torna-se fecundo”.

“Uma nação que é capaz de cultivar políticas de acolhimento eleva-se; alguém que abre a porta correndo riscos, com medo, mas ainda assim tem a coragem de dar um passo, eleva-se”, disse ainda falando do carisma hospitaleiro iniciado por São Francisco de Assis e que a fundadora da Congregação das Franciscanas Hospitaleiras da Imaculdada Conceição, Beata Maria Clara do Menino Jesus, seguiu sempre, com a certeza de que “é melhor dar do que receber” e que a hospitalidade “é uma forma de elevação espiritual”.

A CONFHIC está nos Açores há 94 anos. Motivadas pelo lema congregacional de “Fazer o Bem Onde houver o Bem a Fazer” as Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição vieram do continente Português para um espaço, para elas, desconhecido, trazendo na bagagem muito pobre, a riqueza do seu coração simples e disponível para servir os doentes, primeiro e depois, a sua missão foi-se alargando para diversas frentes e Ilhas conforme o Carisma confiado por Deus aos Fundadores Padre Raimundo dos Anjos Beirão e Madre Maria Clara do Menino Jesus, Carisma que impele as Irmãs a tornarem visível, no mundo o rosto da ternura e da misericórdia de Deus.

É na ilha Terceira que está, por assim dizer, a Casa mãe no arquipélago com duas comunidades: uma em São Francisco e outra em santa Clara, onde possui um colégio que integra creche, jardim de infância, primeiro e segundo ciclos.

Atualmente, a Congregação debate-se com o mesmo problema de outras congregações e institutos religiosos e a falta de vocações é um entrave à renovação, com prejuízo das comunidades que estão cada vez mais envelhecidas.

 

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