Francisco Ferreira, presidente da ‘ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável’, considerou que a COP28, no Dubai, acontece num momento decisivo, recordando que se viveu um “verão na Europa, e à escala mundial, de recordes de temperatura”.
“Todos devemos estar descontentes, aquilo que se tem sido feito é muito pouco em relação aquilo que é necessário. Precisávamos de estar numa trajetória, à escala mundial, em que a temperatura não aumentasse mais do que 1,5 graus celsius, em relação à era pré-industrial, e as Nações Unidas fizeram as contas e estamos numa trajetória de 3 graus até ao final do século”, disse hoje o ambientalista em entrevista à Agência Ecclesia.
A 28.ª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP28) começou hoje e vai decorre até 12 de dezembro.
O presidente da ‘’ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável’ alertou para as ondas de calor e cheias que “nunca tinham ocorrido”, em várias zonas do planeta, consequências do aquecimento global, “principalmente à custa da queima dos combustíveis fósseis, a queima do petróleo, do carvão, do gás natural”.
“Ao serem queimados libertam dióxido de carbono que fica na atmosfera e levam a esta capacidade de reter mais calor e termos aquecimento global que se reflete em alterações climáticas e estão a ocorrer mais depressa do que os cientistas previram”, acrescentou.
Francisco Ferreira, que também participa nesta cimeira do clima das Nações Unidas, assinala que as reuniões anuais da ONU “são o fórum mais adequado” para debater este problema global, porque permitem “fazer um ponto de situação daquilo que foram as decisões tomadas em 2015”, no acordo de Paris.
“Envolve compromissos de todos os países que têm de ser claramente mais ambiciosos para conseguirmos inverter esta tendência permanente de aumento das emissões poluentes que só teve um ligeiro recuo na pandemia”, acrescentou.
Na tarde desta terça-feira, o Vaticano anunciou do cancelamento da viagem do Papa ao Dubai, onde iria participar na COP28, a partir de 1 de dezembro.
Na sua nova exortação ‘Laudate Deum’ (Louvai a Deus), publicada a 4 de outubro, o Papa desafia os participantes da COP28 a fazer desta cimeira do clima uma ocasião “histórica”, promovendo uma transição urgente para “energias limpas” e abandonando os combustíveis fósseis.
“Não podemos renunciar ao sonho de que a COP28 leve a uma decidida aceleração da transição energética, com compromissos eficazes que possam ser monitorizados de forma permanente. Esta Conferência pode ser um ponto de viragem”, escreve.
Francisco apela à assunção de “fórmulas vinculantes de transição energética que tenham três caraterísticas: eficientes, vinculantes e facilmente monitoráveis”.
A nova exortação sobre o tema da ecologia integral visa dar continuidade à reflexão da encíclica ‘Laudato Si’ (2015), publicada antes da COP de Paris.
“A exortação é praticamente só sobre esta conferência que tem lugar no Dubai e é um apelo muito direto do Papa para que as questões sejam levadas muito mais a sério, que seja ouvida a pressão dos jovens, que saibamos proteger as gerações futuras”, salienta Francisco Ferreira, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.
(Com Ecclesia)