“Encontramo-nos diante de 150 poesias sobre realidades concretas que não são passado que importa descodificar, pois o importante é sabermos que é Deus que nos fala”- Padre Francisco Ruivo
A 28ª Semana Bíblica de São Miguel, que convida a rezar com os Salmos, termina esta sexta-feira na Maia. Organizada pelo Secretariado Bíblico de São Miguel, este momento de oração e reflexão, que tem decorrido diariamente desde o dia 21, no salão paroquial da Maia, ouvidoria dos Fenais da Vera Cruz, está a ser orientado pelo padre Francisco Ruivo. O sacerdote é biblista e serve na diocese de Santarém, onde é responsável pela pastoral familiar e diretor da Escola Diocesana de Teologia e Ministérios.
A proposta de “Rezar com os Salmos” visa preparar o ano da oração, que será celebrado em 2024, e que se assume como o pórtico do Jubileu da Esperança, agendado pelo papa Francisco para 2025.
“Os Salmos foram e são a oração por excelência do povo judaico; Jesus rezou-os e a Igreja transpô-los para os dias de hoje, na nossa liturgia diária, sendo a palavra de Deus colocada na boca do homem para chegar a Deus” refere o biblista em declarações ao Sítio Igreja Açores.
Os Salmos nascem da experiência quotidiana de um povo que, com grande simplicidade e paixão, descreve a amizade de Deus com os homens. São orações cantadas, no sentido de que não são ditas simplesmente com os lábios, mas são orações em que todo o homem se envolve na sua emotividade, na sua fantasia e na sua imaginação.
“Por vezes ficamos presos ao refrão que as assembleias cantam mas, na verdade, os Salmos são a verdadeira Palavra de Deus, um texto integrante da Liturgia e não um apêndice, por assim dizer”, o que “nos implica na sua leitura atenta”, porque esta oração “não versa sobre o passado mas sobre a nossa realidade concreta” refere, ainda, o padre Francisco Ruivo.
“Há nos Salmos um filão condutor que nos faz adentrar pela história da salvação” conclui.
“Ainda hoje os recitamos porque, neles, Deus nos fala e nos faz falar, isto é, Deus ensina-nos a falar com Deus; Deus fala a Deus.
Segundo a tradição cristã, nos Salmos “é o próprio Jesus Cristo que fala a Deus, é Jesus Cristo quem põe na boca da Igreja as palavras verdadeiras, quem põe na boca do homem sofredor de todos os tempos as palavras verdadeiras que o próprio Deus explicou e fez brotar na história da salvação” refere o liturgista cardeal Carlo Martini em a Sede de Deus.
Os 150 salmos que compõem os cinco livros dos Salmos vão das lamentações individuais aos hinos pela vitória, às exaltações pelo rei, à proclamação da glória de Deus, às expressões da alegria do tempo. Todos os aspetos culturais, religiosos, civis e sociais de Israel entram nos Salmos.
No itinerário da Semana Bíblica, o primeiro dia centrou-se numa apresentação do Livro dos Salmos, numa sessão “porventura mais teórica” para se perceber a estrutura do livro e as temáticas abordadas. Nos três dias seguintes foram analisadas as diferentes `secções´ procurando interpretar os diferentes de Salmos, desde a oração de súplica pessoal à coletiva, sem esquecer os hinos ou os salmos que descrevem a realeza de jesus. Por isso, foram analisados os dois primeiros Salmos que apresentam: o primeiro os dois caminhos do justo e dos ímpios e o segundo Salmo, que fala do Messias. Este Itinerário de estudo terminará no último dia, esta sexta-feira, dia 24, com uma reflexão sobre os cinco últimos Salmos.
A entrada nesta Semana de Oração com os Salmos é livre. Todos os dias, um grupo tem sido responsável pela animação deste momento orante e formativo.