Movimento laical da Igreja Católica em Portugal alerta para o “ponto de não retorno” que, “em muitas coisas” já se atingiu
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), da Igreja Católica em Portugal, defende que “este é o tempo da ação e do envolvimento de todos”, numa nota divulgada hoje, no contexto da publicação da exortação ‘Laudate Deum’.
“Este é o tempo da ação, que requer o envolvimento de todos, a Comissão Nacional Justiça e Paz apela a todas as mulheres e homens de boa vontade a que se empenhem na promoção de um diálogo sério, acolhendo o contributo e a reflexão das várias sabedorias e racionalidades com que se pode e deve pensar o cuidado da casa comum e a condição humana”, lê-se na nota enviada aos órgãos de comunicação social.
O Vaticano divulgou a exortação ‘Laudate Deum’ (Louvai a Deus), sobre o tema da ecologia integral, do Papa no dia 4 de outubro; este novo documento de Francisco visa dar continuidade à sua reflexão iniciada na encíclica ‘Laudato Si’ (2015).
A Comissão Nacional Justiça e Paz alerta para a aproximação “muito perigosamente dum ponto de não retorno”, que em muitas coisas já foi atingido, porque não há uma reação “do modo necessário e com a rapidez requerida”.
“Porque se trata de um problema global que atinge a dignidade da vida humana e de todas as criaturas, porque não se trata duma questão secundária, ou ideológica, mas dum drama que nos prejudica a todos, as alterações climáticas referidas são claramente apontadas «como exemplo chocante de pecado estrutural»”, desenvolveu, citando a ‘Laudate Deum’.
O organismo da Igreja Católica em Portugal refere que acolhe o convite que é feito pelo Papa Francisco na sua nova exortação para “realizar um percurso de reconciliação com o mundo que nos alberga e a enriquecê-lo com o próprio contributo, pois o nosso empenho tem a ver com a dignidade pessoal e com os grandes valores”.
“Neste tempo de tantas perplexidades, em que as guerras parecem impor a sua lógica e as alterações climáticas fazem igualmente sentir as suas consequências, sobretudo, e como sempre, na vida dos mais pobres e mais frágeis”, observa.
Na nota, intitulada ‘Este é o tempo da ação e do envolvimento de todos’, a CNJP destaca que ao longo dos capítulos da exortação ‘Laudate Deum’, o Papa “destaca os sinais da mudança climática com muita clareza”, afirmando que a “origem humana – ‘antrópica’ – dessa mudança já não pode ser posta em dúvida”.
O texto aponta a fragilidade da política internacional, e lembra, por exemplo, que, apesar dos representantes de mais de 190 países se reunirem periodicamente para refletir sobre a questão climática, “as metas apontadas e os protocolos assinados, ainda que tenham possibilitado alguns avanços e conquistas, não têm conseguido alterar o rumo dos acontecimentos”.
No quinto capítulo o Papa pergunta “o que se espera da COP28 no Dubai?”, a 28ª conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas vai realizar-se de 30 de novembro a 12 de dezembro, na Expo City, nos Emirados Árabes Unidos.
A Comissão Nacional Justiça e Paz indica que Francisco incentiva que se “deva superar definitivamente a lógica” de se apresentarem “sensíveis aos problemas, sem coragem de efetuar mudanças substanciais”.
A CNJP, da Conferência Episcopal Portuguesa, lembra que o Papa “chama a atenção para os desafios que enfrentamos no contexto da crise climática”, na exortação ‘Laudate Deum’, onde se dirige a todas as pessoas de boa vontade, crentes e não crentes.
(Com Ecclesia)