“Para fazermos missão não é preciso ir para muito longe; basta assumirmos o compromisso com os que estão próximos”, afirma médica missionária Dina Rocharte

Foto: Do Cartaz da Vigilia em Ponta Delgada

Vigília pelas missões decorreu esta noite na Igreja Matriz de Ponta Delgada. Jovens e menos jovens refletiram e rezaram pelas Missões, cujo o dia se assinala este domingo sob o lema “Corações ardentes, pés ao caminho e olhos abertos”

A “proximidade e a disponibilidade” são hoje marcas da missão dos cristãos que não precisam de se deslocar para comunidades distantes para levar Deus ao outro, afirmou esta noite o padre Marco Sérgio Tavares na Vigília de Oração a que presidiu enquanto ouvidor de Ponta Delgada, e que se realizou na Igreja Matriz de São Sebastião.

“A missão hoje pede proximidade e precisa de ser feita próxima: na nossa família, paróquias, ambientes, empregos, lugares de divertimento, amigos e nos lugares aonde ninguém quer ir. Ser missionário é a nossa condição de batizados” afirmou o sacerdote lembrando que a missão é de Jesus e nós apenas somos seus instrumentos.

“No que toca à Missão Jesus não brinca connosco às escondidas. Está escondido no Mistério, mas está lá e ao pedirmos como os discípulos que Ele fique connosco é porque somo nós os responsáveis por O mostrar, tornar desvendado aos outros que ainda O não conhecem” afirmou o ouvidor de Ponta Delgada na breve reflexão que partilhou com os presentes.  

Percorrendo a história dos Açores, feita por Missionários que há mais de 500 anos chegaram ao arquipélago e que foram responsáveis pela evangelização deste lugar, desde logo os Franciscanos, o sacerdote sublinhou a importância da “simplicidade”, da “proximidade” e da “disponibilidade” como virtudes a desenvolver por todos os batizados que antes da partida para uma missão devem deixar-se “tocar pelo mistério”.

Foto: Igreja Açores/MST

Isso mesmo foi corroborado por uma das pessoas que testemunhou uma missão levada a cabo no Malaui, em África.

A média Dina Rocharte, algarvia, integrou a missão das Irmãs Carmelitas Missionárias no hospital de Nossa Senhora do Carmelo em Piri, em 2016, depois de já ter desenvolvido uma outra missão, em 2010, de dois meses no Perú.

“Para ser missionário não precisamos de ir para os sítios para onde fui; basta o compromisso e comprometermo-nos com o sitio onde estamos e com as pessoas que estão à nossa volta” afirmou Dina Rocharte que no seu testemunho mostrou como a escassez de recursos, as adversidades da natureza ou as dificuldades da pobreza extrema são aspectos que estimulam a criatividade e ao mesmo tempo nos centram no essencial que é Jesus.

“O que vi lá foi uma igreja alegre e dançante, que de tudo fazia uma festa; pessoas alegres e disponíveis para encontrar novas pessoas e novos conhecimentos”, afirmou ainda.

© Direitos Reservados

A Mensagem do Papa

Este domingo celebra-se o Dia Mundial das Missões e o Papa pede uma “Igreja sempre em saída” ao encontro “da humanidade ferida”.

“Hoje, mais do que nunca, a humanidade, ferida por tantas injustiças, divisões e guerras, precisa da Boa Nova da paz e da salvação em Cristo”, escreve Francisco.

A mensagem tem como tema ‘Corações ardentes, pés ao caminho’, inspirado numa passagem do Evangelho de São Lucas (cf. Lc 24, 13-15) que relata o encontro de Jesus, após a ressurreição, com os discípulos de Emaús.

O Papa liga esta celebração ao percurso sinodal que a Igreja Católica está a viver, de 2021 a 2024, com “as palavras-chave comunhão, participação, missão”, pedindo uma “cooperação missionária, cada vez mais estreita, de todos os seus membros a todos os níveis”.

“Seguramente, tal percurso não é um fechar-se da Igreja sobre si mesma; não é um processo de sondagem popular para decidir, como num parlamento, o que é preciso, ou não, acreditar e praticar segundo as preferências humanas”, sustentou.

Francisco manifesta a sua proximidade a todos os missionários e missionárias do mundo, “especialmente àqueles que atravessam um momento difícil”.

“Caríssimos, o Senhor ressuscitado está sempre convosco e vê a vossa generosidade e os vossos sacrifícios em prol da missão evangelizadora em lugares distantes”, refere.

A mensagem destaca a importância de conhecer a Bíblia para a vida do cristão e, “mais ainda, para o anúncio de Cristo e do seu Evangelho”.

“Deixemo-nos sempre acompanhar pelo Senhor ressuscitado que nos explica o sentido das Escrituras. Deixemos que Ele faça arder o nosso coração, nos ilumine e transforme, para podermos anunciar ao mundo o seu mistério de salvação com a força e a sabedoria que vêm do seu Espírito”, recomenda.

A partir do relato do Evangelho segundo São Lucas, Francisco aponta a fração do pão como “elemento decisivo” para o ser discípulo.

“Se o simples repartir o pão material com os famintos em nome de Cristo já é um ato cristão missionário, quanto mais o será o repartir o Pão eucarístico, que é o próprio Cristo? Trata-se da ação missionária por excelência, porque a Eucaristia é fonte e ápice da vida e missão da Igreja”, precisa.

Foto: Igreja Açores

“Está muito em causa a Missão a favor da verdade e da esperança”- bispo de Angra

D. Armando Esteves Domingues, que é o presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização defende em entrevista à Renascença que vivemos um tempo em que “está muito em causa a Missão a favor da verdade e da Esperança”.

“Uma Europa que se vê cercada de guerras, um mundo que vê como nunca desorientado precisa de Jesus Cristo palavra. Precisa de homens e mulheres capazes de refletir, de escutar para que se encontre uma transformação cultural, porque sem uma mudança de mentalidades não há renovação, não há verdade, não há paz”, acrescenta.

D. Armando Esteves manifesta a esperança de que “este dia também traga a toda a Igreja uma consciência de que mudando precisa de encontrar meios para contribuir para a mudança”. “O Sínodo fala deste novo passo missionário que é a internet e chama-lhe até um Continente Missionário a precisar de Missionários da esperança nesses ambientes, onde nós sejamos evangelizados porque é aí dentro que hoje as pessoas se evangelizam”, concretiza.

O bispo de Angra deixa um apelo à oração, e lembra a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões em que “Cristo aparece como aquele que se coloca ao lado dos homens, dos homens desalentados e desorientados”.

D. Armando Esteves Domingues insiste na ideia de que, a Europa “rodeada de guerras está perdida, porque provavelmente perdeu a tal palavra capaz de aquecer os corações”.

 

Scroll to Top