Por António Pedro Costa
O mês de outubro, é conhecido como o mês do rosário na tradição católica, em que se dedica um tempo especial para rezar o terço, que é uma forma de devoção mariana que envolve a repetição de orações e meditação sobre os mistérios da vida de Jesus Cristo e é considerado como uma ferramenta poderosa para aprofundar a fé.
Os católicos geralmente rezam o rosário para pedir intercessão e proteção da Virgem Maria, bem como para meditar sobre os ensinamentos e a vida de Jesus. O mês de outubro é, assim, considerado um momento especial para os católicos renovarem essa devoção, possibilitando que por Maria se aproximem do seu filho, de maneira mais profunda e significativa, buscando inspiração e a sua mediação eficaz junto de Jesus.
A religiosidade e as práticas religiosas são influenciadas por diversos fatores, designadamente as mudanças culturais, em que as novas gerações, muitas vezes, se afastam das tradições religiosas dos seus antepassados e em que a crescente secularização das sociedades modernas contribuem para os jovens relegarem para um plano marginal a religião dos seus pais.
Reli, há dias, uma das obras de Scott Hahn, um renomado teólogo protestante que descreve como se converteu ao catolicismo e onde relata que do terço constitui uma arma que os protestantes vociferam. Tanta era, assim, a sua relutância relativamente ao terço que, quando a avó lhe ofereceu um terço de plástico, o atirou para longe de si. Diz ele: “ao ver aquelas contas senti que me enfrentava com o obstáculo católico mais forte de todos – Maria (os católicos não fazem a menor ideia de como é duro para os protestantes aceitarem as doutrinas e devoções marianas)”.
Contudo, para ele, eram já tantas as doutrinas da Igreja Católica que se lhe tinham mostrado solidamente baseadas na Bíblia, que Scott Hahn decidiu dar mais um passo na sua fé nesse ponto, fechando-se no escritório e rezando silenciosamente: “Senhor, a Igreja Católica demonstrou estar na verdade em noventa e nove por cento dos casos. O único grande obstáculo que ainda subsiste é Maria. Peço-te perdão de antemão se o que vou fazer Te ofende… Maria, se és apenas metade do que a Igreja Católica diz que és, por favor, apresenta a minha petição – que parece impossível – ao Senhor mediante esta oração”. Rezou então pela primeira vez o terço…
De acordo com este teólogo, a reza do terço é uma oração poderosa, uma arma incrível, que ilumina o escândalo da Encarnação: o Senhor elegeu uma humilde virgem camponesa e elevou-a para ser aquela que daria a natureza humana sem pecado à segunda Pessoa da Santíssima Trindade, para que pudesse tornar-se nosso Salvador.
O Papa Leão XIII, na encíclica “Supremi Apostolatus Officio”, exortou os católicos a recitarem o Rosário durante o mês de outubro, introduzindo a oração “São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate”. Igualmente o Papa Pio XII, durante seu pontificado, encorajou os fiéis a recitarem o Rosário, como uma forma de pedir pela paz, especialmente durante os difíceis anos da Segunda Guerra Mundial. O Papa João Paulo II, por sua vez, tinha uma devoção especial ao Rosário e escreveu a carta apostólica “Rosarium Virginis Mariae”, na qual enfatizou a importância da oração do Rosário e acrescentou os Mistérios Luminosos.
O Papa Bento XVI também incentivou os fiéis a rezarem o Rosário, como meio de fortalecimento da fé e devoção mariana, enquanto o atual Santo Padre, o Papa Francisco, disse que Rosário é a oração que o acompanha sempre na sua vida e é também a oração dos simples e dos santos, ou seja é a oração do seu coração.
Como se vê, a Igreja tem feito esforços para promover e preservar a prática da oração do terço, a fim de mantê-la importante para as gerações mais jovens e preservar viva esta devoção mariana. Embora a reza do terço em família ou individualmente possa ter declinado nesta sociedade seculariza, ainda é uma prática valorizada e a sua popularidade pode variar amplamente de acordo com a região e o contexto cultural.
A prática religiosa é uma escolha pessoal e a intensidade e o comprometimento com a oração do terço podem variar significativamente de pessoa para pessoa. Infelizmente, alguns sacerdotes ou não sabem rezá-lo ou nem incentivam esta oração comum e acessível. Mesmo para aqueles que não têm um conhecimento profundo de teologia, o terço pode ser uma maneira simples e significativa de alimentar a fé.