O Dicastério para a Doutrina da Fé publicou uma resposta às perguntas colocados pelo cardeal Dominik Duka sobre o acesso aos sacramentos de divorciados em nova união, pedindo que se mostre o “rosto materno” da Igreja.
O texto destaca que a exortação apostólica ‘Amoris laetitia’ do Papa Francisco, publicada após o Sínodo sobre a Família (2014 e 2015) abre a possibilidade de acesso aos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia quando, num caso particular, “há limitações que atenuam a responsabilidade e a culpabilidade”.
As perguntas foram apresentadas no dia 13 de julho pelo arcebispo emérito de Praga.
Segundo o Dicastério para a Doutrina da Fé, o processo de acompanhamento dos recasados não termina necessariamente com os sacramentos, mas pode ser orientado para outras formas de integração na vida da Igreja: uma maior presença na comunidade, participação em grupos de oração ou reflexão ou envolvimento em diversos serviços eclesiais”.
O Papa Francisco, pode ler-se, mantém “a proposta de continência plena para os divorciados recasados em nova união, mas admite que pode haver dificuldades na sua prática” pelo que permite, “em certos casos, após discernimento adequado, a administração do sacramento da Reconciliação”.
O documento sublinha que cabe aos sacerdotes acompanhar as pessoas “no caminho do discernimento, segundo o ensinamento da Igreja e as orientações do bispo” local.
Cada pessoa é “chamada a colocar-se diante de Deus e a expor-lhe a sua consciência, com as suas possibilidades e os seus limites”, para se chegar a “um juízo suficiente para discernir a possibilidade de acesso aos sacramentos”.
A Doutrina da Fé salienta que nas situações em que seja possível estabelecer a declaração de nulidade do matrimónio, o recurso ao tribunal eclesiástico fará parte do discernimento.
O Papa publicou a 8 de abril de 2016 a sua exortação apostólica sobre a Família, ‘Amoris Laetitia’, uma reflexão que recolhe as propostas de duas assembleias sinodais e dos inquéritos aos católicos de todo o mundo.
Ao longo de nove capítulos, em mais de 300 pontos, Francisco dedica a sua atenção à situação atual das famílias e os seus numerosos desafios, desde o fenómeno migratório à “ideologia de género”; da cultura do “provisório” à mentalidade “antinatalidade”, passando pelos dramas do abuso de menores.
O Papa observa que a apresentação de “um ideal teológico do matrimónio” não pode estar distante da “situação concreta e das possibilidades efetivas” das famílias “tais como são”, desejando que o discurso católicos supere a “simples insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais”.
Nesse sentido, propõe uma pastoral “positiva, acolhedora” e defende um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, sublinhando que não existe uma solução única para estas situações.
(Com Ecclesia)