Associação reagiu ao estudo publicado pela Entidade Reguladora da Saúde sobre o “Acesso à Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) no Serviço Nacional de Saúde” e lamenta tentativa de “banalização” do acesso ao aborto
A Associação de Médicos Católicos Portugueses considera que o aborto praticado em centros de saúde “põe em causa a saúde pública” e manifesta “firme oposição à realização de consultas de Interrupção voluntária da gravidez (IVG) nas unidades de cuidados primários”.
A posição vem expressa num comunicado da Associação, emitido este sábado, na resposta ao anúncio por parte do Governo de “descentralização” da IVG , anunciada pelo executivo da República que diz agora que pode passar a ser feita nos Centros de Saúde.
Os médicos católicos lembram que a “incapacidade da especialidade de ginecologia obstétrica de dar resposta aos pedidos de IVG atualmente solicitados em Portugal” se deve ao facto de “87% dos especialistas em Ginecologia-Obstetrícia” serem “objetores de consciência”.
“A possibilidade de ocorrência de complicações na sequência de realização de IVG em centros de saúde de áreas rurais, alguns distando horas do hospital mais próximo, são uma preocupação a ter em conta” dizem os médicos católicos lembrando ainda que “a medicação prescrita pode carecer de administração em contexto de internamento hospitalar”.
“Por tudo isto, a realização de aborto nos Cuidados de Saúde Primários é imprudente e põe em risco a saúde da mulher” concluem os clínicos, que lamentam uma espécie de cedência “à pressão social para a banalização do ato da IVG”.
Segundo o referido estudo o número de abortos em Portugal permanece “lamentavelmente elevado” (15.616 em 2022) e, segundo o comunicado da Associação de Médicos Católicos com tendência para aumentar, registando-se mais 15% de abortos realizados nas 10 primeiras semanas de vida em 2022. De referir que, segundo o estudo há uma duplicação em dois anos da percentagem de abortos no setor privado, 12% em 2020 e 24% em 2022.