Bispo de Angra presidiu ao último dia da novena de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, e pregou especialmente aos jovens, naquela que foi a primeira grande celebração diocesana com a juventude depois da Jornada Mundial que se realizou em agosto na capital portuguesa
O bispo de Angra desafiou os jovens açorianos a fazerem dos Açores o berço de um novo “estaleiro da esperança”, prolongando o “entusiasmo” e o “testemunho” de “fé e compromisso” revelados pelos jovens na Jornada Mundial da Juventude, que decorreu em Lisboa de 1 a 6 de agosto.
“A JMJ, aquela extraordinária experiência de fé protagonizada pela juventude do mundo inteiro abraçada ao Papa, é um grande `estaleiro para a construção da esperança´ que precisamos repetir, não perdendo o entusiasmo. Fazemos parte desta geração que alguém já chamou de “geração 2023”… Será que acreditamos que há um destino aqui escrito que terá repercussão em toda a humanidade? Quereis começar pelos Açores?” interpelou D. Armando Esteves Domingues, este sábado, dirigindo-se aos jovens que participaram especialmente no último dia da novena em honra de Nossa Senhora dos Milagres, no Santuário diocesano da Serreta, na ilha Terceira.
O prelado, retomando as três grandes ambições anunciadas no momento da chegada à diocese- proximidade, sinodalidade e juventude- lembrou que há um itinerário que deve ecoar na ação e nas atividades dos jovens, que deverá estar centrado na defesa das causas ambientais, cuidando da Casa Comum e na construção de um futuro mais justo e pacificado- que tenha por horizonte a fraternidade.
“A Terra está ferida: guerras; fome; migrações forçadas, populações desamparadas; incêndios; tempestades de toda a ordem e tudo o que tem a ver com as chamadas mudanças climáticas. Fazem-se cimeiras, fala-se de estratégias, mas precisa-se de muito mais” afirmou D. Armando Esteves Domingues.
“Caros amigos, isto não se consegue de repente, nem sozinhos, envolve a vida e todas as vidas! Montar um estaleiro destes não é tarefa fácil se nos amedrontarmos. Juntos e unidos em Cristo, não há impossíveis. Como não os houve para Jesus e para Maria”, exortou o prelado diocesano que se assumiu como “peregrino da mãe do Céu aqui neste lugar”.
“Caminhamos e de vez em quando paramos, confiantes de que Maria nos levará até ao seu filho Jesus. Deixemo-nos olhar por Ele” desafiou ainda, lembrando que diante dos problemas da vida há que manter a esperança e a confiança.
“Podemos ter esperança na juventude quando se reúne em nome de Jesus: vivem a fé de forma autêntica e podem ser construtores de estaleiros de esperança nos escuteiros, nos movimentos, na catequese, na diocese, na escola e no mundo”, como demonstraram na JMJ.
O bispo de Angra desafiou, por outro lado, os jovens a seguirem o exemplo de Maria, que acolhe e, depois, aponta para o filho Jesus.
“Oxalá possamos montar esses lugares onde Jesus seja a pedra angular, indispensável à construção de um mundo melhor, e que Maria, a mãe da escuta e das famílias esteja sempre presente” disse D. Armando Esteves Domingues referindo-se à pressa de Maria.
“Não é tarefa fácil partilhar a pressa de Nossa Senhora, mas sabeis, todos os que estão habituados a caminhar, que é no caminho, na natureza e em grupo que superamos as dificuldades”, frisou ainda explicitando as dificuldades que é preciso vencer: “o egoísmo, os pecados e os vícios, a injustiça, a doença, o desemprego”.
“Todos sabemos que as montanhas que temos todos os dias são mais dificieis de subir: a montanha do egoísmo, que é contrária à solicitude de Nossa Senhora; a montanha dos pecados e dos vícios, que queremos combater; a montanha do mal que fazemos e que está a nossa volta na injustiça e na indiferença diante dos jovens, dos mais frágeis, dos idosos e daqueles que agora querem que ajudemos a morrer, a montanha relacionada com o ambiente, da doença, dos desempregados… tantas montanhas, e aí nessas dificuldades podemos surfar a onda do amor.”, afirmou.
“Cada montanha é um desafio, compete-nos vencer esse desafio: treinarmos a fazer juntos o bem, a agir no concreto, a estar próximos dos que sofrem. Quem dera possamos surfar essas montanhas por um mundo mais justo e melhor”, concluiu o prelado que este domingo presidirá à Missa solene da festa da Serreta, a última grande festa de verão dos Açores.
A festa de Nossa senhora dos Milagres teve origem no século XVII e está ligada a vários momentos difíceis da história do arquipélago e de Portugal, com as comunidades a virarem a sua esperança para Maria.