Reserva Natural da biosfera, a Fajã do Santo Cristo recebe de novo a festa em honra do Senhor Santo Cristo
A festa do Senhor Santo Cristo da Caldeira arranca esta segunda feira, com recitação do terço todos os dias, às 20h00, a preceder a Missa, às 20h30 e que será presidida pelo padre Dinis Silveira. No dia principal da festa, domingo, junta-se também o ouvidor, padre Manuel António das Matas, que pregará o conhecido “Sermão da Praça”.
Quinta-feira será celebrada Nossa Senhora, e por isso a seguir à Missa haverá uma Procissão das Velas; na sexta-feira, o dia é dedicado à Eucaristia, com exposição do Santíssimo antes da Missa e no sábado, às 12h00, haverá um almoço comunitário de sopas, aberto a todos os que se encontrem na Caldeira.
Sábado de tarde haverá um momento para a celebração do Sacramento da Reconciliação e às 20h30 é celebrada a missa da Vigília da festa. No outro dia, domingo, é o dia principal da festa com missas às 9h00 e as 11h00. Depois da Missa das 11h00, que é campal, haverá as arrematações, seguindo-se a procissão pelas ruas da Caldeira.
“Esta é a festa principal da ilha que atrai muita gente. Os peregrinos muitas vezes transportam as suas ofertas de gado que transportam a pé até á Caldeira a partir de vários locais da ilha”, lembra o padre Dinis Silveira que, nesta festa mas também ao longo do ano, celebra na Caldeira.
A lenda que deu origem ao culto conta que um pastor deixou o seu gado a pastar, descendo a uma lagoa onde apanhou lapas e ameijoas. Ao parar para descansar contemplou um objeto na água a flutuar e viu que era uma imagem em madeira do Senhor Santo Cristo. Surpreendido com o achado, pegou na imagem, molhada e inchada de estar na água, e levou-a para terra seca. Ao fim do dia, quando voltou para casa fora da fajã, levou a imagem e colocou-a em local de destaque numa das melhores salas da sua casa. No outro dia de manhã a imagem tinha desaparecido. Depois de procurarem por toda a casa e de já terem dado as buscas por terminadas, ela foi de novo encontrada, dias depois, na mesma fajã e local onde tinha sido encontrado da primeira vez. Foi levada várias vezes para o povoado fora da rocha, e durante a noite a imagem voltava sempre a desaparecer, até que alguém disse: “O Santo Cristo quer estar lá em baixo na fajã à beira da caldeira, pois que assim seja”.
A Lenda da Caldeira de Santo Cristo é uma tradição da ilha de São Jorge e relaciona-se com as crenças populares numa terra onde a luta do homem com a natureza foi constante e onde, por séculos, as necessidades básicas do dia-a-dia foram prementes.