D. Manuel Clemente elogia jovens que superaram “um caminho difícil pela distância, as ligações e os custos”
O cardeal-patriarca de Lisboa inaugurou hoje a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na Colina do Encontro (Parque Eduardo VII), dando as boas-vindas a dezenas de milhares de peregrinos dos cinco continentes, que acorreram a Lisboa.
“Que bom estarmos aqui, nesta cidade que é vossa, nestes dias da nossa Jornada Mundial da Juventude. Sede bem-vindos, todos!”, disse D. Manuel Clemente, no início da Missa de Aberturas, sorrindo e repetindo a mensagem em italiano, inglês, espanhol e francês.
O responsável insistiria nesta mensagem, durante a sua homilia, acompanhada por uma multidão que se fazia acompanhar por bandeiras dos seus países, regiões e movimentos.
“Caríssimos amigos, aqui chegados do mundo interior para a Jornada Mundial da Juventude 2023. Bem-vindos, todos! Bem-vindos, também na amplitude ecuménica, inter-religiosa e de boa vontade que estes dias têm e congregam. Bem-vindos, todos”, declarou, ao inaugurar a primeira edição da JMJ em território português.
“Desejo que vos sintais em casa, nesta casa comum em que viveremos a Jornada Mundial. Bem-vindos!”, acrescentou.
Depois de várias horas de animação musical, no altar-palco especialmente preparado para esta Jornada, o anfitrião do encontro mundial refletiu sobre o tema escolhido pelo Papa para a JMJ 2023, ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, uma passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 1, 39) relativa à visita da Virgem Maria à sua prima, Santa Isabel, mãe de São João Batista.
“Também vós vos pusestes a caminho. Foi para muitos um caminho difícil pela distância, as ligações e os custos que a viagem envolveu. Foi preciso juntar recursos, desenvolver atividades para os obter e contar com solidariedades que graças a Deus não faltaram”, referiu D. Manuel Clemente.
“Valeu a pena o caminho que percorrestes para chegar aqui e vos encontrardes nestes dias, na variedade do que sois e na qualidade que trazeis, cada um e cada uma, de cada terra, língua e cultura. Nada pode substituir este caminho pessoal e de grupo, ao encontro do caminho de todos”.
O cardeal português alertou os jovens para os perigos da dependência digital, com “a aparência virtual dum mundo à escolha”.
“Vivemos mediaticamente e já não saberíamos viver doutro modo. Contamos com o seu apoio, mas não nos dispensamos de caminhar por nós mesmos, de contactar e verificar diretamente a realidade que nos toca, a nós e a todos”, observou.
D. Manuel Clemente disse que Lisboa acolhe estes peregrinos “de coração inteiro”, recordando a passagem de milhares de participantes por dioceses portuguesas, na semana anterior à JMJ.
“Acolhem-vos as famílias e as instituições que disponibilizaram os seus espaços e o seu serviço. Agradecendo a todas elas, entrevejo em cada uma a casa de Isabel, que acolheu Maria e o Jesus que lhe trazia”, acrescentou.
A intervenção sublinhou a importância do encontro entre pessoas, convidando os presentes a “saudar todos e cada um”, gesto que apresentou como semente de um “mundo novo”.
“Para que sejamos pessoas entre pessoas, em mútua e constante visitação, desejo-vos a todos uma feliz e estimulante Jornada Mundial da Juventude”, concluiu o patriarca de Lisboa.
A celebração, com cânticos em português, latim e espanhol, teve orações e leituras proclamadas em francês, italiano, esloveno, indonésio, hindi e africânder.
Na apresentação dos dons participaram uma das famílias de acolhimento que acolhe jovens, esta semana, voluntários e peregrinos.
A Eucaristia contou com a participação, entre outras autoridades, do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas
“Não me lembro de uma maré jovem assim em Lisboa”, afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas.
Portugal é o 13.º país a acolher este encontro internacional de jovens promovido pela Igreja Católica, que reúne centenas de milhares de participantes durante cerca de uma semana, em iniciativas religiosas e culturais.
Em Lisboa estão 688 bispos, dos quais 30 são cardeais, além de centenas de sacerdotes que acompanham os grupos de peregrinos.
(Com Ecclesia)