Novena até dia 4 de agosto será pregada pelo padre Rui Silva, ouvidor eclesiástico de Santa Maria
A festa do Senhor Bom Jesus Milagroso arrancou esta quinta-feira, no Pico, com um desafio aos cristãos, peregrinos deste Santuário, para serem construtores da unidade na família e na Igreja.
“Hoje são precisos cristãos humildes que promovam unidade na família e na comunidade, na Igreja” disse o pregador, padre Rui Silva que deixou uma interpelação direta aos peregrinos que participaram neste primeiro dia da festa, iniciada com a habitual procissão de transladação da Imagem para o seu trono.
“Na minha paróquia instigo intrigas, ciúmes e inveja ou procuro diálogo; uso a Igreja para ganhar prestigio, satisfazer os meus desejos ou porque quero servir o irmãos? Façamos com que não seja precisa nem ativada a bomba atómica dos mexericos, uma espécie de lepra que tudo contamina, que corrói o bem que se faz e desperta o mal estar na família e na paróquia” interpelou o sacerdote, natural da Ribeirinha em São Miguel e que serve em Santa Maria, deixando um pedido: “como seria belo ver os cristãos a consolar os tristes e abatidos, a encorajar os tristes, a serem construtores de um mundo novo e com alegria, onde todos se respeitem e ninguém fique para trás”.
A partir do lema da festa deste ano, tirado do Evangelho de Lucas- inspirado no Evangelho de São Lucas- “Jovem, eu te ordeno: levanta-te!”- e sintonizado com a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, o sacerdote exortou os peregrinos do Senhor Bom Jesus, que por estes dias se farão à estrada, percorrendo a ilha montanha para se juntarem no Santuário, a serem construtores da unidade em vez da divisão, percorrendo “o caminho da esperança”, sendo “servidores da alegria do evangelho”.
Assumindo-se como “amante desta ilha montanha, como irmão romeiro e como peregrino do Bom Jesus Milagroso”, o padre Rui Silva, fez uma reflexão em jeito de oração, colocando-se também ele como um peregrino que diante da Imagem do Senhor Bom Jesus, “quer despir a sua alma” para permitir que “Deus repouse no seu coração”.
“Este deve ser o sentido desta novena” e “não apenas um mero cumprimento de calendário”, disse ainda.
“Ensina-nos as razões da esperança para caminhar, a alegria da fé para rezar e a arte da caridade para ajudar” disse ainda.
“Queremos sentir a alegria de sermos amados, de sermos salvos, de sermos comunidade, de caminharmos juntos, sentindo a alegria do evangelho e o evangelho da alegria. Querer evangelizar é querer dar aos outros as razões da nossa esperança, a força da nossa fé; promover o encontro transformador com o Senhor Bom Jesus” que ” cure a fé paralisada, moribunda e mal esclarecida, preconceituosa, assente em desculpas esfarrapadas, a fé triste com cara de funeral. e a transforme em alegria, num mundo que clama por sorrisos, paz e amor, um mundo que precisa de caridade”, concluiu.
“Falta percorrermos o caminho da esperança e sermos servidores da alegria do evangelho”, disse.
No dia 4 de agosto, a seguir à Missa de encerramento do novenário, às 19h30, realiza-se o desfile das filarmónicas.
No dia 5, às 18h00, será celebrada a Missa da Vigília, que já será presidida pelo novo vigário-geral, cónego Gregório Rocha e no dia 6 de Agosto, dia em que a Igreja festeja a festa da transfiguração, e que em Lisboa o Papa preside à Missa do envio, que encerra a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa e é anunciado o nome do país e da cidade onde decorrerá a próxima jornada daqui a dois anos, a alvorada às 8h00 dará o sinal de arranque para o dia maior da festa. Às 9h00 e às 11h00 haverá Missa e às 16h00, a Missa solene, seguida da procissão.
O encerramento da festa decorre no dia 7, com Missa às 19h30 e às 21h30, a Procissão de Transladação da Imagem do Senhor Bom jesus Milagroso para a sua capela.
A partir do dia 30, na expetativa de um aumento considerável do número de peregrinos nas estradas do Pico, até ao santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus, os bombeiros da Madalena terão equipas de socorro em várias zonas do concelho para auxiliar os peregrinos.
Nesta altura do ano, entre locais e forasteiros, sobretudo emigrantes e peregrinos das ilhas vizinhas, há um aumento significativo do movimento em redor do Santuário, obrigando a que o horário de abertura da Igreja seja mais dilatado.
O santuário do Senhor Bom Jesus do Pico foi criado por decreto Episcopal de D. Manuel Afonso Carvalho de 1 de julho de 1962.
As festas do Senhor Bom Jesus Milagroso são uma das mais emblemáticas manifestações religiosas desta Igreja local e do Arquipélago dos Açores.
A festa remonta a 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus, que desencadeou logo uma invulgar atração e “uma forte piedade que contagiava as almas”.
A Festa do Senhor Bom Jesus decorre entre 27 de julho e 7 de agosto, tendo como pontos altos sempre os dias 5 e 6 de agosto, quando se celebram as missas e procissão solenes.