O Papa presidiu hoje à Missa da solenidade de São Pedro e São Paulo, no Vaticano, perante responsáveis católicos dos cinco continentes, pedindo uma Igreja em diálogo, que ofereça “acompanhamento, proximidade e esperança”.
“Devemos desprender-nos de nossas seguranças terrenas, imediatamente, e seguir Jesus todos os dias: tal é a lição que Pedro nos dá hoje, convidando-nos a ser uma Igreja-em-seguimento. Igreja que deseja ser discípula do Senhor e humilde serva do Evangelho”, referiu, na homilia da celebração, que decorreu na Basílica de São Pedro.
A celebração assinalou a entrega do pálio, insígnia litúrgica de honra e jurisdição, a 32 arcebispos de vários países, entre eles três de arquidioceses do Brasil (Olinda e Recife, Montes Claros, Teresina) e um de Moçambique (Maputo).
Francisco pediu atenção para quem “está mais longe e muitas vezes olha com desconfiança ou indiferença” para a Igreja.
“Só assim será capaz de dialogar com todos e tornar-se lugar de acompanhamento, proximidade e esperança para as mulheres e os homens do nosso tempo”, sustentou.
A homilia partiu de uma “pergunta fundamental” para a vida cristã: “Quem é Jesus para mim?”.
O Papa recordou a resposta de São Pedro, registada pelo Evangelho segundo São Mateus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).
“Só depois de ter vivido a fascinante aventura de seguir o Senhor, só depois de ter caminhado com Ele, seguindo os seus passos durante muito tempo, é que Pedro chegou àquela maturidade espiritual que, por graça, o leva a tão clara profissão de fé”, indicou.
Não basta responder com uma fórmula doutrinal impecável nem mesmo com uma ideia que formamos duma vez por todas. Não. Mas é perseverando todos os dias no seguimento do Senhor que aprendemos a conhecê-lo”.
Francisco observou que ninguém pode “adiar” o seguimento de Jesus, para levar ao “anúncio do Evangelho”, como São Paulo.
“Paulo diz-nos que, à pergunta ‘quem é Jesus para mim?’, não se responde com uma religiosidade intimista, que nos deixa tranquilos sem fomentar em nós a inquietação de levar o Evangelho aos outros”, advertiu.
Francisco considerou que a Igreja “tem necessidade de colocar o anúncio no centro”, de “transmitir o abraço do amor de Deus e a alegria do Evangelho”.
“Com humildade e alegria, a Igreja há de levar o Senhor Jesus a todo o lado: à nossa cidade de Roma, às nossas famílias, às relações e vizinhanças, à sociedade civil, à Igreja, à política, ao mundo inteiro, especialmente onde se verifica pobreza, degradação e marginalização”, concluiu.
Os pálios, “símbolo da comunhão com a Igreja de Roma”, estiveram desde a noite anterior junto do túmulo do apóstolo Pedro, o primeiro Papa da Igreja Católica, e foram transportados durante a celebração para junto de Francisco, que os abençoou e os entrega a cada arcebispo, no final da Missa.
Após a bênção dos pálios, os metropolitas nomeados nos últimos 12 meses proferiram um juramento no qual se comprometem a ser “sempre fiel e obediente” ao “bem-aventurado Pedro apóstolo”, à “santa, apostólica Igreja de Roma”, ao Papa e seus “legítimos sucessores”.
Esta insígnia é feita com a lã de cordeiros brancos e simboliza o Bom Pastor que leva nos ombros o cordeiro até dar a sua própria vida, como recordam as cruzes negras bordadas.
A solenidade de São Pedro e São Paulo foi acompanhada no Vaticano, como é tradição, por uma delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), liderada pelo arcebispo Job, da Pisídia (território na atual Turquia), a quem o Papa deixou uma “afetuosa saudação”.
“Obrigado pela vossa presença! Caminhemos juntos, no seguimento e no anúncio da Palavra, crescendo na fraternidade. Que Pedro e Paulo nos acompanhem e intercedam por nós”, declarou.
(Com Ecclesia)