Esta semana regressou às bancas “A leitura Infinita- Bíblia e a sua interpretação”, uma reedição do livro do padre José Tolentino de Mendonça, com a chancela das Paulinas.
É uma edição revista e aumentada, onde o autor se empenha em fazer dialogar a experiência cristã com os desafios de um mundo que se afigura novo, fazendo com que o próprio leitor se sinta protagonista da história, onde, historicamente, todos nós nos inscrevemos.
A Bíblia vai estar, em particular destaque em dois momentos precisos da Diocese de Angra nesta semana e na próxima. Primeiro, na ilha Terceira com uma formação para leitores instituídos ou ocasionais, promovida pela zona pastoral leste da Ouvidoria da Terceira e orientada pelo padre Ângelo Valadão que falará da Palavra de Deus na vida da Igreja e o seu lugar privilegiado na liturgia. O segundo momento decorrerá em São Miguel, na próxima semana, com a realização de mais uma Semana Biblíca Diocesana, sobre a família de hoje à luz do Evangelho.
Conversando acerca da importância da compreensão de uma leitura para a podermos assimilar e transmitir cabalmente, o Pe Ângelo Valadão afirmou que “uma leitura improvisada é sempre uma leitura falhada”, o que me fez logo soar campainhas.
Oscar Wilde, em De Profundis, confessando a sua verdadeira paixão pelo Novo Testamento, do qual lia todas as manhãs uma passagem em grego , dizia que nós perdíamos a frescura do Evangelho porque o “ouvíamos ler demasiadas vezes e mal demais”.
Wilde encontrava no Evangelho tudo o que era importante para a vida: o mistério, a estranheza, o êxtase ou o amor.
Sophia de Mello Breyner, também ela regressava sempre à Bíblia, uma “escola de escrita e de leitura”, longe de ser circunscrita ao domínio do religioso ou apenas aqueles que têm fé.
Quanta razão. É muito mais do que isso! Nela lemos histórias, personagens e linguagens que nos remetem para o nosso dia a dia e para o nosso imaginário, o que faz deste livro um parceiro imprescindível para nos compreendermos.
Na Bíblia somos colocados perante o que somos, não como realidade idílica, mas como realidade complexa, onde Deus e o Diabo coexistem, num curso de acontecimentos em que a ironia se junta à tragédia ou o mundo de pernas para o ar se torna mais próximo da humanidade.
Na Bíblia é o próprio Deus que se revela a nós através de sua Palavra. Por isso, é tão importante fazer uma leitura lenta, atenta e amorosa. De cada frase, de cada parágrafo…como se fosse uma mensagem especifica para cada um.
Mas saberemos todos fazer isso?
Somos convidados a anunciar a alegria do evangelho… eu juntava-lhe mais dois desafios: comunicarmos a beleza e a atualidade do evangelho. Afinal nem é pedir muito; apenas que regressemos a uma leitura fiel da palavra de Deus.
Carmo Rodeia