Inventário dos bens móveis da diocese de Angra abrange 8 mil peças e a criação de mais de 10 mil fichas de autores

© Direitos Reservados

Os projectos em curso, as boas práticas de intervenção no património móvel e, sobretudo, as regras basilares de conservação preventiva vão estar em destaque no seminário Index-Prima- desafios do património móvel religioso

A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores, promove nos próximos dias 16 e 17 o Seminário Index-PRIMA – Conhecer o Património Religioso Imaterial, Móvel e Arquivístico de São Miguel, reunindo investigadores e conservadores para, em conjunto, refletirem sobre as boas práticas da inventariação, o estado da arte nos Açores e ainda as boas práticas de conservação do património móvel religioso, especialmente as que dizem respeito a intervenções preventivas de conservação.

A iniciativa, que conta com a participação de várias entidades públicas, tem o apoio do Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja e visa dar a conhecer o resultado do trabalho desenvolvido no âmbito da inventariação de bens móveis feito na diocese entre 2020 e 2023 ao abrigo de um projecto financiado pela Fundação da Ciência e Tecnologia, que teve por base o conhecimento do Património Religioso Imaterial, Móvel e Arquivístico de São Miguel.

Este projecto em concreto termina agora com a apresentação dos resultados e, aproveitando este contexto, a Academia decidiu promover um seminário que se reparte por dois dias, tendo o primeiro dia uma componente mais teórica e o segundo mais prática dirigida sobretudo à Igreja, nomeadamente aos sacerdotes e agentes de pastoral, que integram as comissões fabriqueiras e conselhos pastorais.

“Trata-se de uma reunião final para partilha do que se está a fazer e enunciar o que vamos fazer daqui para a frente. Deste programa, gostaria de destacar o segundo dia que está muito ligado a questões práticas de conservação do património” refere ao Igreja Açores Rute Gregório, investigadora da Academia açoriana e também responsável pelo Serviço Diocesano dos Bens Culturais.

“No sábado vamos falar de boas práticas de conservação quer ao nível dos procedimentos a adoptar quer ao nível do conhecimento de regras basilares de conservação preventiva do património, o que é muito importante”, refere a investigadora.

“São aspectos muito práticos e dirigidos aos senhores padres” esclarece lembrando que atuar preventivamente “é fundamental”.

O programa repartido por dois dias  começa com a a presentação de projetos, bases teóricas e operativas da salvaguarda do património móvel religioso: o que se está a fazer em termos de Igreja, com Sandra Costa Saldanha, Rute Gregório e Susana Goulart Costa que abordarão alguns dos projectos em curso de levantamento e inventariação do património religioso a nível nacional com o projecto Thesaurus, o Projeto Index-PRIMA: um projeto exploratório de inventariação na diocese de Angra e ainda o projecto DIO-500 que envolve o estudo da história religiosa dos Açores.

No sábado, segundo dia do Seminário, serão apresentadas as boas práticas da intervenção no património religioso dos Açores com trabalhos práticos de projectos desenvolvidos na diocese com Mónica Gonçalves, conservadora-restauradora e colaboradora do Atelier de Conservação e Restauro de Obras de Arte S. Jorge; Marta Bretão, conservadora-restauradora e Paulo Brasil, conservador-restaurador.

Ana Fernandes, Filipe Cunha, Hernani Ponte, Hélio Soares dissertarão ainda sobre algumas regras de registo, conservação e restauro que estão a ser implementados na Região.

“Nós não construímos uma história da religiosidade dos Açores se não conseguirmos levantar as fontes de informação e isso não é possível sem a inventariação dos arquivos religiosos, sobretudo aqueles que não estão sob o domínio público” referiu ao Igreja Açores Rute Gregório que salientou a necessidade de prosseguir a inventariação do património móvel.

“Os Arquivos e a documentação que neles está contida, sobretudo nos arquivos paroquiais,  é um  património esquecido, que não é tão visível como o que está exposto, mas tem informação insubstituível” sublinha ainda a investigadora, lembrando que esta “é uma prioridade” no trabalho a desenvolver futuramente.

A maior fatia do património de interesse histórico nos Açores é religioso, seja do ponto de vista arquitetónico seja do ponto vista móvel.

A inventariação dos bens culturais diocesanos teve um impulso grande em 2019  com a criação da plataforma INARTE.

“Algumas paróquias de são Miguel como as de São Pedro e São Miguel Arcanjo em Vila Franca, Nossa senhora da Estrela na Ribeira Grande ou Bom Jesus, em Rabo de Peixe foram alvo dessa inventariação, tal como já foram noutros projectos as paroquias da Lagoa, capelas e São José que agora estão a inserir também nesta plataforma os seus inventários”, referiu ainda a investigadora Rute Gregório.

Há também iniciativas de inventariação no Museu de Arta Sacra da Horta, nas paróquias de São Pedro e Conceição, em Angra do Heroísmo ou na própria Sé de Angra.

“A ideia é que este trabalho seja agora concertado e possa ter continuidade”, referiu ainda.

“Não posso dizer que estejamos adiantados, pois perdemos algum tempo por falta de meios e de apoios, sobretudo em 2010,  mas agora estamos a produzir a um ritmo mais acelerado”, garante ainda.

A iniciativa que decorrerá na Universidade dos Açores pode ser seguida também online.

Mais informações em: https://indexprima.wordpress.com. 

Scroll to Top