A igreja enquanto lugar favorece a comunhão e a contemplação, afirma Pedro Almeida Maia

Foto: Igreja Açores/ISJ

Escritor e psicólogo foi o orador da 3ª Conversa na Sacristia, uma iniciativa da Pastoral da Cultura da Paróquia de São José

A religião em geral e a igreja, enquanto espaço, em particular, continuam a ser instrumentos de comunhão mitigando as diferenças que a sociedade impõe, afirmou ontem à noite o escritor, poeta e psicólogo Pedro Almeida Maia que orientou a 3ª Conversa na Sacristia, uma iniciativa da equipa das Pastoral da Cultura da Igreja de São José, em Ponta Delgada.

“Quaisquer que sejam as religiões ou os rituais, os templos físicos são importantes, sim, e adianto-vos o motivo que considero fundamental: os templos físicos possibilitam a comunhão da fé com outros membros da Igreja — os templos juntam pessoas. Unem-nos. Os templos congregam”, afirmou.

Até a “incoerência de uma sociedade, como a nossa, parece-nos menor aqui, simplesmente por estarmos reunidos e em proximidade, mesmo que discordemos, mesmo que não acreditemos nos mesmos pressupostos, no mesmo clube de futebol” enfatizou.

“Em proximidade, o género e a orientação sexual, vocacional, política e religiosa têm menos importância, os títulos académicos e a estratificação social pesam menos”, esclareceu.

“Os templos são importantes porque aproximam. Precisamos de um novo tempo dos templos. Para quê? Para contemplar” disse ainda a terminar uma reflexão construída a partir da ligação de quatro textos bíblicos à escrita, à criatividade e à contemplação, intitulada o “Tempo dos Templos”, que pode ser ouvida em podcast.

A reflexão começou com a citação de um verso de Ana Luísa Amaral- “Porque era este lugar que eu precisava agora”- para falar dos lugares “mais íntimos da escrita” e “dos templos que se escolhem para professar a fé”.

O escritor lembrou episódios da sua infância, a ligação à Igreja e o tempo da catequese, para se centrar, depois, nalguns dos desafios que devem interpelar a atenção e a critica da sociedade desde a Inteligência Artificial, à Ideologia do Género, passando por outras questões como a falta de capacidade critica ou a intolerância ao que é diferente.

“Não se pode ficar de braços cruzados à espera de um melhor amanhã. É preciso agir, mas isso apenas será possível se percebermos o que efetivamente temos” afirmou desafiando a sociedade a ser mais “contemplativa” procurando “ler no silêncio” estratégias para “perceber os dilemas que assolam a atualidade”.

Pedro Almeida Maia nasceu na cidade de Ponta Delgada em 1979. É psicólogo organizacional e começou o seu percurso literário a escrever para música. Escreveu crónica para alguns jornais, publicou literatura infantil, conto e poesia. Estreou-se no romance em 2012, no género policial. Tem seis romances editados.

As “Conversas na Sacristia”, abertas ao público, organizadas pela Igreja de São José, em Ponta Delgada, são um convite mensal a uma paleta de olhares sobre o mundo, na descoberta de novos territórios para a manifestação da fé ou para a expressão das dúvidas sobre a fé.

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