Ecos do Conselho Presbiteral(2)- Nos Açores: uma Igreja popular, sinodal e ministerial?

Por Monsenhor José Medeiros Constância

Quem participou na Assembleia do Conselho Presbiteral no passado mês de abril, e quem lê, atentamente, o comunicado final não pode deixar de perceber que na linha do Concílio Vaticano II, desejamos e queremos caminhar cada vez mais na nossa Diocese numa Igreja popular, sinodal e ministerial.

Uma Igreja popular? Sim, no sentido do que comuniquei no meu primeiro artigo. Uma Igreja povo de Deus, formada por batizados conscientes, por assembleias litúrgicas e encontros pastorais em que todos possam pensar e decidir a pastoral.

Uma Igreja diocesana com uma teologia pastoral popular que reflita nestas ilhas o cerne da Boa Nova ou notícia de Jesus; o que é construir o seu reino e como foi o final de Jesus e como será o nosso futuro. Uma pastoral prática, isto é, construída nas famílias, nos grupos de base, nas paróquias, desde a religiosidade popular à pastoral reconfigurada das comunidades. O povo dos Açores é povo de Deus, mas como Igreja que é, necessita de uma consciencialização a nível do povo em geral, dos agentes de pastoral e da presença dos cristãos nas profissões e nos ambientes.

Perguntemos: o que nos falta para que a nossa Igreja seja um grande movimento cristão de base popular e evangélico em todas as instâncias?

Uma Igreja sinodal? Sim, a Igreja é constitutivamente sinodal como comunhão e como assembleia organizada. O caminho sinodal diocesano é agora redimensionado com a orientação e acompanhamento do nosso novo Bispo. De resto, ajudará muito aquilo que forem as concretizações do sínodo de Roma(2023/2024); bem como as orientações concretas sobre o Ano Santo de 2025 (“Peregrinos da Esperança”) que nos elementos formativos falam sobre o Concílio hoje e insistem nas quatro constituições conciliares fundamentais e nas ilações pastorais das mesmas.

Para muita gente tudo é sinodal e sinodalidade, ou então nada é sinodal, nem sinodalidade. Como alguém afirma se eu, se nós, não formos sínodo, se as nossas paróquias não forem organizadas por um trabalho em comum por todos, se a Diocese no seu organograma pastoral não for sinodal e funcional ficaremos com uma sinodalidade teórica.

Uma Igreja ministerial?   Sim, porque a Igreja toda está inserida e continua a ministerialidade de Cristo no sentido do serviço comunitário ao próximo e de louvor ao Pai do Céu.

A Igreja toda ministerial e sacerdotal tem no Sacerdócio apostólico a sua base e garante de toda a eclesialidade (ministérios ordenados), mas toda ela é vivida através do batismo na ministerialidade de todo o povo, na vocação e ministério de base que é o batismal. Depois apareceu os outros ministérios laicais e batismais mais organizados para os serviços eclesiais e tudo para o percurso (não curso), itinerário ou caminho de inspiração e realização catecumenal, a partir do Ritual da Iniciação cristã de adultos, (Liturgia) do itinerário de iniciação á vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias (CEP 2022), dos itinerários catecumenais para a vida matrimonial (Roma 2022) e da orientação para os ministérios em Portugal (CEP 2023). O nosso Bispo apresentou um trabalho de fundo teórico, mas sobretudo de pastoral aplicada na reunião do Conselho Diocesano de Pastoral Familiar, a 17 do corrente mês de maio que sintetiza a ministerialidade nas comunidades e na Diocese que pressupõe uma ministerialidade em exercício prático e com uma prioridade dada à pastoral familiar numa linha abrangente. Em quadros de caminhos práticos vê a ministerialidade num itinerário ou caminho que toca a preparação para o batismo dos adultos e das crianças envolvendo a família, a catequese da infância e adolescência e a família, os jovens e a preparação para o matrimónio e as futuras famílias (CPM), os jovens casais e casais em geral na pastoral familiar nas paróquias, nas ouvidorias e nos movimentos e serviços familiares.

Queremos uma Igreja popular façamo-la nascer e crescer das bases; queremos uma Igreja sinodal percorramos as indicações que na esteira do passado forem referenciadas para o hoje diocesano; queremos renovar a ministerialidade (vencendo o clericalismo) sigamos o itinerário catecumenal que for apresentado na nossa Igreja Local.

*Este artigo é o segundo de uma série de cinco, com  Ecos do Conselho Presbiteral – 2023 (2) 

 

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