O porta-voz do Vaticano confirmou hoje a nomeação de um cardeal como enviado do Papa à Ucrânia, em missão de paz.
“Posso confirmar que o Papa Francisco confiou ao cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, a tarefa de conduzir uma missão, em acordo com a Secretaria de Estado do Vaticano, que contribua para aliviar as tensões no conflito da Ucrânia”, refere uma nota enviada ao jornalistas por Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
A iniciativa, acrescenta o texto, acontece “na esperança, nunca abandonada pelo Santo Padre, de que se possam iniciar caminhos de paz”.
Segundo o Vaticano, “os tempos desta missão e as suas modalidades estão atualmente em estudo”.
O cardeal Zuppi, arcebispo de Bolonha desde 2015, é uma figura ligada à comunidade católica de Santo Egídio – conhecida pela sua intervenção em processos de paz – tendo atuado como mediador em Moçambique, no processo que levou à assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, no ano de 1992.
A 12 de maio, falando aos jornalistas reunidos em Fátima, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano disse que, desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022, “o Papa procurou oferecer o Vaticano como lugar de mediação, como forma de chegar o mais rapidamente possível a um cessar-fogo”, tendo em vista a paz.
“Até agora não houve respostas positivas, nem de uma parte nem da outra”, admitiu então.
Sobre outra iniciativa de paz, adiantada pelo Papa no regresso da Hungria, sem “especificar mais detalhes”, o cardeal Parolin precisou que a mesma “ainda não está em curso, está a ser pensada, a ser organizada”, admitindo que quando estiver em andamento possa ser comunicada publicamente.
Já a 13 de maio, o Papa recebeu no Vaticano, em audiência privada, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no primeiro encontro pessoal dos dois responsáveis desde o início da invasão russa.
A audiência teve uma duração de aproximadamente 40 minutos, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, abordando temas “referentes à situação humanitária e política na Ucrânia causada pela guerra em curso”.
“O Papa tem assegurado sua oração constante, testemunhada pelos seus numerosos apelos públicos e invocação contínua ao Senhor pela paz, desde fevereiro do ano passado. Ambos concordaram sobre a necessidade de continuar os esforços humanitários em apoio à população”, indicou o portal de notícias do Vaticano.
Francisco sublinhou em particular a urgência de “gestos de humanidade” para com as pessoas mais frágeis, vítimas inocentes do conflito”.
Volodymyr Zelensky disse ter apresentado a “Fórmula de Paz” defendida por Kiev como “o único algoritmo eficaz para chegar à paz”, pedindo que a Santa Sé se “una à sua implementação”.
“Estamos muito interessados em envolver o Vaticano na nossa fórmula de paz”, explicou depois o presidente ucraniano, em entrevista ao programa ‘Porta a Porta’, da RAI, citada pela agência ANSA.
“Com todo o respeito por Sua Santidade, não precisamos de mediadores, precisamos de uma paz justa”, acrescentou.
(Com Ecclesia)