Bispo de Angra desafia marienses a combater a cultura da indiferença e a não descansar diante do sofrimento
O bispo de Angra preside este domingo à Missão e Procissão solenes da festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres em Santa Maria, uma organização que se repete há 53 anos, uma semana depois das grandes festas do Santo Cristo, em Ponta Delgada.
A Missa e a Procissão é celebrada este domingo à tarde na Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, para onde foi este sábado a imagem do Ecce Homo, desde a Igreja Matriz de Vila do Porto.
“Cristo é vida, nunca morre. Ele carrega nas suas costas todas as dores que ainda hoje se repetem” afirmou D. Armando Esteves Domingues na Missa que precedeu a procissão da mudança da Imagem e da entrega à Irmandade, este sábado.
“É este profeta que vem até ao nosso cortejo, de homens e mulheres de hoje, para nos dizer que não quer zonas cinzentas na nossa vida mas apenas sinais de amor e ressurreição” afirmou sublinhando que diante do sofrimento e “daquilo que o homem é capaz de fazer quando não considera o outro um irmão”, o prelado diocesano, que visita Santa maria pela Primeira vez, desafiou os marienses a serem “reis pelo amor e não pelo poder”.
“Olhar para o rosto da imagem do Ecce Homo cala-nos todas as palavras mas não nos pode calar o coração”, disse.
“Jesus está em agonia até ao fim do mundo em todos os homens e mulheres, que sofrem, dos doentes e de nós, sempre que sofremos. Não se pode dormir enquanto alguém estiver em agonia ao nosso lado, senão corremos o risco, nós e as instituições, de sermos como os soldados no tempo de Jesus”, acrescentou.
“Quando nos confrontamos com a fragilidade não podemos ficar indiferentes”, concluiu deixando um apelo à oração pelos jovens e por todos os que precisam de ver devolvida a sua dignidade, “nem que que seja com um simples abraço”.
“Convido-vos a rezarem pelos jovens. De Santa Maria vai um grupo à Jornada Mundial da Juventude, são pouquinhos mas são todos os que podem e que querem e sempre que o coração de um jovem se enche de amor o mundo avança”.
“Uma Igreja sem juventude é uma Igreja velha; precisamos de um amor fiel e jovem capaz de construir laços entre nós todos”, concluiu.
Esta tradição nasceu em 1971, quando um grupo de funcionários do Aeroporto de Santa Maria não podendo deslocar-se a Ponta Delgada decidiu organizar uma festa semelhante, “onde os marienses pudessem pagar as suas promessas como fazem em São Miguel”.
“Os marienses vivem esta festa com fé, com alegria e esperança” disse ao Igreja Açores o padre Rui Silva, ouvidor eclesiástico da ilha.
Esta festa religiosa é celebrada noutras ilhas do Arquipélago dos Açores – Graciosa, São Jorge, na caldeira, Flores -, no continente e nas comunidades na diáspora, “em vários locais do Canadá, por ser um culto muito próprio dos açorianos.