A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pode eleger para a função de secretário um leigo ou uma leiga a partir da próxima Assembleia Plenária, após a revisão dos estatutos aprovados pela Santa Sé no dia 30 de março último.
“É a primeira vez que isso acontece, que há essa possibilidade de eleição. Este é um aspeto relevante também para a vida da Conferência Episcopal”, disse hoje o padre Manuel Barbosa, o atual secretário da CEP, à Agência ECCLESIA.
Em entrevista emitida no programa Ecclesia, na RTP2, o padre Manuel Barbosa afirma que, com a alteração dos estatutos, o secretário da CEP “pode ser um bispo, um padre, um consagrado, uma consagrada ou pode ser um leigo”.
O episcopado português vai reunir em Assembleia Plenária, o seu “órgão máximo”, entre os 17 e 20 de abril, na Casa Nossa Senhora das Dores do Santuário de Fátima, e, nesta primeira Assembleia Plenária de 2023, vão realizar-se várias eleições “para os órgãos da CEP”, que são trienais.
“Eleições naturalmente democráticas, com voto secreto, para a presidência, para o Conselho Permanente, que é um grupo de sete bispos e um secretário, que também pode ser bispo, que depois concretizam e preparam as iniciativas da Assembleia Plenária”, indicou o padre Manuel Barbosa.
O secretário da CEP refere que vão também ser eleitos os presidentes de sete Comissões Episcopais de “vários setores de atividade na vida da Igreja”, para além dos delegados dos bispos portugueses, nomeadamente na Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE), organismo que tem D. Nuno Brás, bispo do Funchal, como vice-presidente, e no Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).
O padre Manel Barbosa destacou ainda alguns temas que fazem parte da agenda de trabalhos da Assembleia Plenária, como o atual processo sinodal, a reflexão sobre o CNE, o escutismo católico que vai celebrar 100 anos de existência em maio próximo, e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a “sua efetivação” com a realização dos ‘Dias nas Dioceses’, de 26 a 31 de julho, e a semana do encontro “com o Papa Francisco”, de 1 a 6 de agosto, para além de pensarem “no pós-jornada, todo este movimento, celebrações, realizações, o que é que isso traz depois”.
Esta reunião dos bispos portugueses vai terminar com uma Jornada Nacional de Oração pelas vítimas de abusos sexuais, de poder e de consciência na Igreja Católica, no dia 20 de abril, às 11h00, no Santuário de Fátima.
“Uma celebração da Eucaristia, na Basílica da Santíssima Trindade, com todos os bispos presentes, convidando todas as dioceses a promover esta iniciativa e esta oração nas paróquias, nas celebrações nesse dia”, explicou o padre Manuel Barbosa, sobre a celebração aberta à comunidade e com transmissão online.
O secretário da CEP salienta que é “um gesto de oração”, referiu-se ao memorial para “significar este pedido de perdão” e também “um esforço de erradicar este mal”, um caminho que estão a fazer para que “não haja vítimas”.
Neste contexto, lembrou “todo o processo” que a Igreja Católica em Portugal tem feito, ao constituir uma Comissão Independente, que apresentou um “relatório final, muito positivo pelas indicações para futuro”, o trabalho das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, e a sua coordenação nacional, e futura “constituição de um grupo de acolhimento, acompanhamento, com carácter mais autónomo”, porque “nem todos se podem rever nesta identificação das comissões diocesanas”.
A Conferência Episcopal Portuguesa convida os órgãos de comunicação social para a sessão de abertura desta assembleia, no primeiro dia, a 16, às 16h00, na Casa Nossa Senhora das Dores; no fim dos trabalhos, dia 20 de abril, às 15h00, decorre uma conferência de imprensa no Centro Pastoral Paulo VI.
(Com Ecclesia)