O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) disse à Agência ECCLESIA que a crise em setores como “a saúde, a habitação, a educação” tem gerado situações a que ninguém deve ser “indiferente”.
“São sofrimentos muito grandes, que não podemos ignorar e a que não podemos ser indiferentes”, refere Pedro Vaz Patto, comentando a mensagem quaresmal do organismo católico, divulgada esta semana.
A reflexão de Quaresma da CNJP tem como título ‘Caminhar juntos na escuta a Jesus’, convidando os católicos a “descer à realidade”.
“É preciso descer à nossa realidade quotidiana, que é feita de muitos sofrimentos, muitas dificuldades”, indica o presidente do organismo, acrescentando que o tempo quaresmal inclui uma “perspetiva de mudança, de esperança”.
Pedro Vaz Patto fala numa reflexão sobre o “sentido do sofrimento” que aborda também a questão dos abusos sexuais, “no seio da Igreja e não só”.
A este respeito, o entrevistado recorda outra nota da CNJP, intitulada ‘Pedir perdão não basta’, que cita o Papa, sublinhando a necessidade de associar esse pedido tudo o que “for possível fazer” em prol das vítimas e para “minorar o seu sofrimento”.
“Há um dever moral de solidariedade com estas pessoas”, sustenta o jurista, sem excluir a “possibilidade de indemnizações”.
Para o presidente da CNJP, no passado houve erros de responsáveis católicos, que procuraram sobrepor a “reputação da Igreja” à defesa das vítimas.
“Esta tragédia deve servir-nos de lição para que, daqui para a frente, não sejamos indiferentes ao sofrimento das vítimas”, acrescenta.
A Igreja Católica está a viver a preparação para a Páscoa, este ano, em ligação ao processo sinodal lançado por Francisco, que pede abertura à “novidade”, na sua mensagem para a Quaresma 2023, com o tema ‘Ascese quaresmal, itinerário sinodal’.
Pedro Vaz Patto recorda o caminho do Sínodo 2021-2024, num convite a definir “toda uma forma de viver, no âmbito da Igreja, que assenta na escuta recíproca”.
“O Papa diz que o caminho sinodal não é um parlamento, no sentido de que cada um levar avante as suas ideias e se cria uma divisão, um clima de tensão entre várias fações. Este caminho sinodal é mais do que isso”, precisa, em entrevista que é emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).
A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que teve início com a celebração de Cinzas (22 de fevereiro), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 9 de abril).
(Com Ecclesia)