Bispo de Angra preside a eucaristia de ação de graças pela Cáritas, no seu dia diocesano, depois de ter visitado o centro da Cáritas de São Miguel
D. Armando Esteves alertou esta tarde para o agravamento das condições de vida dos açorianos, sobretudo das famílias mais frágeis e falou de uma sociedade “perigosamente sem coração” retomando o lema da Semana Nacional da Cáritas, “O amor que transforma”, desafiando as comunidades cristãs a serem agentes da caridade.
“A vós presentes em cada lugar a onde as pessoas vão, perto delas, eu vejo e gostaria que todos vissem, um sinal de Deus que caminha no meio de nós, uma mão amiga; uma mão capaz de transformar a escassez de meios em abundância de amor” porque “o amor é sempre o primeiro cuidado” disse aos vários voluntários dos diferentes núcleos da Cáritas da ilha de São Miguel e da Cáritas diocesana presentes na Eucaristia, celebrada na Igreja de São José, que assinalou o Dia da Cáritas Diocesana.
“Estamos empenhados em dar esperança, promover a proximidade para que todos se sintam vivos e unidos…Esta é uma nova missão e é a nossa identidade, que não nos deixa desistir mesmo quando há dificuldades” disse o bispo de Angra.
Na homilia, a partir da liturgia deste domingo, D. Armando Esteves interpelou os fiéis a refletirem sobre o empenho dos cristãos na caridade, sobretudo num mundo que precisa deste compromisso.
“Temos belas liturgias, gente empenhada na formação de jovens, temos gente determinada e extraordinária na catequese para que as nossas crianças cresçam na fé, alegramo-nos e fazemos festa com muitos desses momentos, e na caridade?” interrogou o bispo diocesano.
“O aumento custo de vida e a sucessiva sobreposição de crises sociais, e de guerras, desafiam a nossa capacidade de resposta mas confiamos no nosso trabalho esforçado” afirmou D. Armando Esteves agradecendo “a generosidade de tantas mãos caridosas que se estendem”.
“No presente, os principais desafios que se colocam são novos e estão sempre a evoluir: o aumento do custo de vida, o aumento das prestações bancárias, os baixos salários, são desafios que ainda não têm tradução nas estatísticas mas já são vividos por muito que procuram a Cáritas” sublinhou D. Armando Esteves.
“Muitas pessoas que vêm ao encontro da Cáritas fazem-no em situações muito desesperadas” enfatizou alertando para a necessidade “da solidariedade de todos” porque “o apoio coletivo para a erradicação da pobreza é um desígnio que estamos longe de alcançar” sobretudo nos Açores onde os níveis de pobreza são superiores aos nacionais e aos europeus.
“Sem os bens essenciais à vida tudo parece perder sentido” disse ainda recordando que “o amor tem de nos levar a tudo o que é preciso, mesmo que os caminhos sejam sinuosos”.
O prelado “levou” os fieis até ao poço de Jacob, onde Jesus e a Samaritana se encontram, para dizer que “estamos todos com sede e precisamos de água fresca”, para reforçar que “temos sede de uma igreja renovada também na expressão da sua caridade”, o que exige “colaboração de todos” para evitar “situações catastróficas nas dioceses”.
“Nos desertos à nossa volta há muita sede porque falta muita água; muitas vezes olhamos para Jesus como um poço inesgotável de pão, de água e na verdade não é assim: Deus precisa de colaboradores”.
“Tornemo-nos próximos uns dos outros, sejamos fortes nas adversidades e que haja corações que sejam capazes de dar a de beber a quem tem sede”, transformando “a caridade num gesto exterior”.
Terminou este domingo Semana Nacional Cáritas com o mote “O Amor que Transforma”. Esta é uma iniciativa que junta toda a rede Cáritas em Portugal dando visibilidade à ação da Cáritas no apoio direto a todas as pessoas que por alguma razão precisam de ajuda. Em todo o país, multiplicaram-se atividades de reflexão sobre a ação social e atividades de animação pastoral. A nível nacional o destaque foi para o Peditório Público Nacional.